Porto Alegre,

Publicada em 14 de Outubro de 2025 às 14:28

Com clima melhor e manejo técnico, safra 2026 pode avolumar colheita de oliva

Floração, que ocorre entre setembro e outubro, é um momento sensível do processo

Floração, que ocorre entre setembro e outubro, é um momento sensível do processo

/Lívia Araújo/Especial/Cidades
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Lívia Araújo
Lívia Araújo Repórter
A safra de 2026 promete ser uma das maiores da Estância das Oliveiras, em Viamão. Ao menos é essa a expectativa da agroindústria, após duas temporadas afetadas pelas chuvas intensas na primavera.
A safra de 2026 promete ser uma das maiores da Estância das Oliveiras, em Viamão. Ao menos é essa a expectativa da agroindústria, após duas temporadas afetadas pelas chuvas intensas na primavera.
O cenário mais favorável tem base nas condições climáticas registradas neste inverno. Segundo o sócio Rafael Goelzer, a expectativa se apoia em dois fatores principais: “Tivemos um inverno longo, intenso e com frio bem distribuído, além de uma quantidade de flores nos pomares nunca antes vista. Embora apenas de 1,5% a 3% dessas flores se convertam em azeitonas, o potencial inicial indica uma safra de grande volume”, estima.
A propriedade, que ocupa cerca de 29 hectares de olivais, com um total de 6.500 oliveiras de diferentes variedades, tem investido em manejo técnico para garantir eficiência produtiva e qualidade do azeite. A floração, que ocorre entre o fim de setembro e o início de outubro, é considerada o momento mais sensível do ciclo. A polinização acontece, em sua maioria, pelo vento, e chuvas intensas nesse período costumam afetar diretamente o rendimento. As precipitações de 2023 e 2024 reduziram a produção estadual, resultando em quebras expressivas.
Com a normalização das condições climáticas, a empresa projeta superação do volume produzido em 2023, de 8,6 mil litros engarrafados em 30 mil unidades. Se, em 2024 o volume foi de 12 mil unidades, e em 2025, a produção subiu para 7 mil litros em 25 mil garrafas, para 2026, a expectativa da agroindústria é de produzir 12 mil litros, cerca de 40 mil garrafas.
Na propriedade, o azeite é produzido  a partir de variedades gregas, italianas e espanholas, como koroneiki, arbequina, arbosana, coratina, leccino e picual, entre outras, com variações conforme a intensidade das chuvas e o frio acumulado. “A oliveira precisa das chamadas horas de frio para entrar em dormência. É um mecanismo biológico de sobrevivência: quando volta a primavera, ela se enche de flores para garantir a reprodução. Esse comportamento é decisivo para definir a safra”, explica Goelzer.
Propriedade tem oliveiras plantadas em cerca de 90 hectares de área | Lívia Araújo/Especial/Cidades
Propriedade tem oliveiras plantadas em cerca de 90 hectares de área Lívia Araújo/Especial/Cidades
 
O processo produtivo segue um fluxo técnico padronizado, coordenado pelo mestre-lagareiro André Sittoni Goelzer, também sócio na empresa familiar. Após a colheita manual, as azeitonas são encaminhadas ao lagar e processadas em até quatro horas para preservar suas propriedades. A extração envolve moagem, centrifugação e filtragem, além do armazenamento em tanques de aço inox sob atmosfera inerte de argônio. “Nosso controle é permanente. O inimigo do azeite é a luz, o calor e o oxigênio. Todo o sistema é pensado para evitar esses fatores e manter a qualidade sensorial e química”, detalha André.

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