A Colina do Sol, comunidade naturista localizada em Taquara, no Vale do Paranhana, completou 30 anos em 2025 e está na mira do poder público como parte da estratégia de desenvolvimento turístico do município. A celebração da data coincide com a inserção do espaço no Conselho Municipal de Turismo (Comtur) e com o anúncio de que o empreendimento será sede do Fórum de Turismo do Vale do Paranhana, programado para setembro.
Fundada em 1995 pelos naturistas Celso Rossi e Paula Andreazza, a Colina do Sol foi a primeira vila naturista da América Latina. O espaço surgiu como um projeto comunitário em uma área de 60 hectares, escolhida por sua topografia, isolamento e preservação ambiental. Ao longo dos anos, transformou-se em associação civil sem fins lucrativos, administrada pelos próprios associados patrimoniais, que hoje somam cerca de 150.
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Apesar de ter construído, ao longo das últimas três décadas, uma trajetória reconhecida no naturismo e no turismo especializado, a Colina do Sol mantinha até recentemente uma relação mais discreta com o poder público local. Isso começou a mudar com as celebrações do trigésimo aniversário, quando a administração municipal de Taquara incluiu o espaço nas políticas oficiais de turismo.
A Colina do Sol conta com estrutura de hospedagem em cabanas, camping, albergue e hotel, além de áreas de lazer como piscinas, lagos e quadras esportivas
Colina do Sol/Divulgação/Cidades
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Mineração de Taquara, Pedro Almeida, ressaltou a singularidade do empreendimento. “Talvez seja o empreendimento turístico mais singular do Vale do Paranhana, se não do Rio Grande do Sul. A Colina atrai público de todo o país e de outros lugares da América Latina, movimentando a economia da cidade de forma orgânica”, afirmou. Segundo ele, a realização do Fórum de Turismo no local é um passo para integrar a Colina ao calendário turístico regional.
A presidente do Clube Naturista Colina do Sol (CNCS), Verônica Rodrigues Domingos, avalia a aproximação como um reconhecimento do papel da comunidade no município. “Estamos muito satisfeitos de, após 30 anos, sermos incorporados às políticas de turismo de Taquara. Queremos mostrar que o naturismo vai além da nudez: é uma filosofia de vida ligada à preservação ambiental e ao respeito entre as pessoas”, afirmou.
Atualmente, cerca de 56 moradores vivem de forma permanente na Colina, enquanto outros associados utilizam as 112 cabanas e as áreas comuns em finais de semana, férias e feriados. O espaço também recebe visitantes estrangeiros, especialmente da Argentina e da Europa, além de brasileiros de diversas regiões. Durante o verão, o fluxo de turistas aumenta e, em eventos sazonais como festas de Carnaval, já chegaram a ser registradas até 700 pessoas em um único fim de semana.
tualmente, cerca de 56 moradores vivem de forma permanente na Colina, enquanto outros associados utilizam as 112 cabanas e as áreas comuns em finais de semana, férias e feriados
Colina do Sol/Divulgação/Cidades
A Colina do Sol conta com estrutura de hospedagem em cabanas, camping, albergue e hotel, além de áreas de lazer como piscinas, lagos e quadras esportivas. A manutenção é garantida por taxas pagas pelos associados e visitantes, com diárias em torno de R$ 35 por pessoa. Para todos os frequentadores, há normas de conduta e convivência estabelecidas em regulamento e apresentadas em vídeo explicativo, o que, segundo a administração, garante a preservação de um ambiente de respeito e convivência familiar.
O espaço também manteve, desde sua fundação, uma relação considerada positiva com a comunidade de Taquara. Prestadores de serviço, comerciantes e escolas do município têm contato frequente com os moradores e associados da Colina. “Sempre fomos muito bem aceitos pela comunidade local, e agora temos a chance de ampliar esse diálogo por meio do turismo”, destacou Verônica.
Para a administração, a inclusão no Comtur e a realização do Fórum de Turismo representam um marco. Além de consolidar o espaço como atrativo turístico, a aproximação pode abrir portas para investimentos em infraestrutura e preservação ambiental. Entre os projetos futuros estão melhorias em hospedagem, trilhas ecológicas e ações de educação ambiental, voltadas tanto para visitantes quanto para a comunidade.
A celebração dos 30 anos também serviu para reforçar a identidade da Colina como referência no naturismo. O clube se apresenta como a maior vila naturista da América Latina, conciliando turismo, preservação ambiental e convivência comunitária. Agora, com o olhar do poder público voltado para o espaço, a expectativa é que a Colina do Sol assuma papel mais visível no desenvolvimento turístico de Taquara e da região.