“Bah!”, expressão tipicamente gaúcha usada para manifestar espanto ou admiração (entre outras situações), tem um significado adicional para o Grupo de Astrofísica da Universidade Federal de Santa Maria (Ufsm). O projeto “BAH” tirou as três letras que compõem o seu nome da frase em inglês Blowing Star Formation Away in Active Galactic Nuclei Hosts (“Suprimindo a formação estelar em galáxias com núcleos ativos”), usada como título em uma série de artigos que o grupo publicou em periódicos internacionais de prestígio nessa área.
Após ter um projeto aprovado, em 2021, para o primeiro ciclo de observações do Telescópio Espacial James Webb (o qual foi lançado ao espaço no Natal daquele ano), o grupo atingiu recentemente mais um feito. Teve um projeto aprovado para o 12º ciclo de observações de um dos maiores telescópios do mundo: o observatório Alma.
Encravado na Cordilheira dos Andes, mais precisamente no platô Chajnantor, a uma altura de aproximadamente 5 mil metros, e em meio ao deserto mais árido do mundo (o Atacama) no Chile, o observatório Alma está registrado no Guinnes Book como o mais caro telescópio terrestre já construído. O projeto da Ufsm vai estudar cinco galáxias. O Grupo de Astrofísica também já havia observado algumas dessas galáxias em projetos anteriores, através dos telescópios Gemini (localizados no Chile e no Havaí) e do Telescópio Espacial James Webb.
O projeto aprovado pelo Alma dará continuidade à pesquisa realizada por meio do Telescópio James Webb, na qual o grupo buscava mapear a cinemática da ejeção de gases moleculares mornos e quentes produzidos na região interna de galáxias ativas. Agora, estará em foco a radiação emitida por nuvens de gases frios produzidas pelos outflows.
Mais especificamente, serão observadas através do Alma transições de energia do monóxido de carbono (CO) e do monossulfeto de carbono (CS). Ambos os elementos se encontram na faixa de comprimento de onda entre 1,2 e 1,3 milímetro. Ao todo, o projeto da UFSM terá 7,5 horas de observação pelo observatório Alma, cujo 12º ciclo começa em 1º de outubro e tem encerramento previsto para 30 de setembro de 2026.