Os mesmos caminhos percorridos por viajantes, imigrantes e mascates no século XIX podem hoje ser trilhados por moradores e visitantes na Rua Buarque de Macedo, em Garibaldi. A via, que ligava Montenegro, no Vale do Caí, a Lagoa Vermelha, no Nordeste gaúcho, mantém trechos originais e um conjunto arquitetônico com mais de 100 anos, preservado e integrado à vida cultural e econômica do município.
Segundo o diretor do Museu Municipal e Arquivo Histórico de Garibaldi, Jones De Paoli, a Buarque de Macedo foi aberta por volta de 1875 como uma relevante estrada estadual. “O trajeto é original, e foi totalmente mantido, com esquinas chanfradas e pequenas curvas que seguem o traçado da época. As casas precisaram acompanhar esse alinhamento”, explica.
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O casario apresenta características arquitetônicas influenciadas pelos estilos francês, português e italiano, com fachadas decoradas e elementos que, na época, indicavam status e poder econômico. “Muitos prédios têm figuras em alto-relevo nas fachadas, conhecidas como ‘arquitetura do olhar’, pois parecem observar quem passa. Essas peças vinham de Porto Alegre, fornecidas pelo senhor Brambelli, e se espalharam por outras cidades da Serra”, detalha Jones. São 36 edificações que fazem parte da rota turística "Passadas - a arquitetura do olhar".
A história das construções é marcada pela ocupação mista, com comércio no térreo e moradia no andar superior, além de episódios curiosos, como disputas entre famílias sobre quem erguia a casa mais imponente, caso dos prédios pertencentes à família Koff, ascendentes do ex-presidente do Grêmio, Fábio Koff (1931-2018). Entre os imóveis de destaque estão a Casa do Pasto, de 1897, tradicional em festas de casamento; o prédio da antiga fábrica de sinos Bellini; e a residência do primeiro imigrante italiano de Garibaldi, Cirilo Zamboni.
Secretária de Turismo e Cultura de Garibaldi, Lina Berto Furlanetto
Lívia Araújo/Especial/Cidades
A preservação do conjunto arquitetônico é, para a secretária municipal de Turismo e Cultura, Lina Berto Furlanetto, um diferencial que ajuda a movimentar o turismo local. “Temos um centro histórico que funciona como um palco a céu aberto. Realizamos eventos de rua com grande público e segurança, como o Garibaldi Vintage, que leva gastronomia e música para os casarões antigos, e o Festival do Grostoli, que este ano recebeu cerca de 80 mil pessoas circulando pelo centro”, relata.
Além de valorizar a identidade visual da via, o calçamento em paralelepípedo foi mantido como referência histórica e funcional. “Antigamente, era a rua por onde passavam os cavalos. Hoje, o calçamento ajuda a reduzir a velocidade dos carros, tornando o espaço mais convidativo para quem caminha”, afirma Lina.
Conjunto arquitetônico da Rua Buarque de Macedo, em Garibaldi
Lívia Araújo/Especial/Cidades
Outro cuidado adotado foi o enterramento da fiação elétrica, para evitar interferências visuais. “Se queremos propor a imagem de uma cidade antiga, precisamos preservar todos os aspectos, inclusive a iluminação. Isso agregou muito à beleza da Buarque de Macedo”, diz a secretária.
O trabalho de preservação conta com a colaboração dos proprietários dos imóveis, que mantêm as características originais e dialogam com o poder público em casos de reformas. “Eles entenderam a nossa proposta e mantêm os prédios da melhor forma possível. Há retorno, porque esses imóveis são muito procurados para instalação de bares, restaurantes e lojas, o que valoriza também pelo marketing que o turismo gera”, destaca Lina.
Conjunto arquitetônico da Rua Buarque de Macedo, em Garibaldi
Lívia Araújo/Especial/Cidades
O centro histórico, com a rota Passadas, está integrado a outros atrativos turísticos de Garibaldi, como roteiros de vinícolas, a Estrada do Sabor — que reúne propriedades rurais com refeições típicas e piqueniques —, e percursos de turismo religioso, incluindo a Rota dos Capitéis.
No último trimestre de 2024, o município registrou mais de 80 mil visitantes, segundo a Secretaria de Turismo. A expectativa é ultrapassar 100 mil no fechamento de 2025, impulsionada por eventos de rua e ampliação da rede hoteleira e gastronômica. “Estamos trabalhando para transformar visitantes em turistas que permaneçam mais tempo na cidade”, afirma Lina.
Entre os desafios, está a conscientização do setor privado sobre a importância de manter seus estabelecimentos abertos nos fins de semana. “Uma cidade turística precisa ter movimento o tempo todo. Alguns comerciantes já entenderam isso e estão recebendo mais visitantes, mas ainda precisamos avançar”, observa a secretária.
Conjunto arquitetônico da Rua Buarque de Macedo, em Garibaldi
Lívia Araújo/Especial/Cidades
Para Jones, o patrimônio material e imaterial da Buarque de Macedo é um ativo que conecta passado e presente. “Preservar não é só manter prédios em pé. É manter viva a história das pessoas que os construíram, das atividades econômicas que ali existiam e de como a cidade se formou”, afirma.
Embora apenas alguns prédios sejam tombados oficialmente, como a Mansão Mazini, a Igreja Matriz e o Museu Municipal, o conjunto arquitetônico segue como referência regional em preservação.
Confira a história das casas da rota Passadas, em Garibaldi
Prédio do Museu Museu já abrigou hospital e passou por um incêndio em 1939
Lívia Araújo/Especial/Cidades1. Casa Bellini - 1956
O oficio de ourivesaria foi trazido da Itália pela família Bellini, que além da joalheria, instalou nos fundos da atual construção a “Fundição de Sino João Bellini”, de 1885 a 1954. A atual edificação foi a primeira no estilo modernista em Garibaldi.
2. Família Carlotto - 1900
O sobrado de alvenaria foi construído em 1900 por Antônio Carlotto, vindo de Udine, Itália. O prédio serviu para comércio de tecidos, secos e molhados e produtos coloniais, que também eram revendidos em Porto Alegre. A partir de 1938 passou a sediar o Banco da Província.
3. Ambrósio Toniazzi – início do séc. XX
Prédio mandado construir por Ambrósio Toniazzi. Na parte dos fundos residia com a família e na frente funcionava uma barbearia e uma alfaiataria, comandada pelo Sr. João Pizzoli. O porão, em pedra basalto e arcos, abriga acervo de antigas sapatarias.
4. Casa Deconto - 1920
Construído pela família de Ângelo Paganelli para residência e comércio. Situado em três esquinas, a parte térrea sediou inicialmente um armazém de secos e molhados, loja de tecidos e o Café Paganelli. Em 1930 os irmãos Deconto adquiriram o prédio e seguiram com o ponto de comércio e residência. Parte do prédio, na Rua Borges de Medeiros, foi ampliada em 1937.
5. Casa Vicente Branchi - 1920
Construída por Vicente Branchi para residência da família. Com o passar do tempo, a parte da frente passou a servir para comércio e serviços. Foi loja de calçados, agência do Banco da Província e Cartório de Notas e Registros.
6. Casa Ponzoni - 1927
Construída para residência e trabalho da Família Ponzoni. Nos fundos funcionava a
marcenaria, que era especializada em móveis e esquadrias, e onde foram feitas, entre tantas outras, as portas e janelas da Mansão Mazzini. Possui porão em pedra e sótão.
7. Casa Comunello - início do séc. XX
O primeiro proprietário foi Antônio Carlotto. O prédio foi vendido para a família Wolf que abriu no piso inferior um café com bar e jogos de bilhar. A parte superior, que apresenta sacada com gradil de ferro, servia como moradia. Mais tarde, Antônio Comunello instalou o Café Comunello, ponto de encontro da sociedade da época.
8. Café Luna Park - 1936
Idealizado por Antônio Comunello, que teve vários outros cafés na cidade. Foi sempre um importante ponto de encontro da sociedade local. Era bastante frequentado por mulheres, em uma época em que este não era um hábito comum na maioria das pequenas cidades brasileiras.
9. Pharmacia Providência – c. 1900
Foi mandado construir por Arduíno D´Arrigo para instalação de farmácia e residência da família. A sacada, com gradil de ferro, serviu de palanque para discursos de autoridades, destacando-se os de Getúlio Vargas e Borges de Medeiros.
10. Bar da Sabedoria - 1930
O tradicional estabelecimento sempre funcionou como bar e armazém. Em outras épocas a conversa seguia noite adentro embalada por bandoneon e violão. O nome - sugestão de clientes - homenageia os grandes “pensadores” do bar e a função de “saber de tudo e de todos”.
11. Casa Koff Nehme - 1923
Projetada pelo Eng. Valentim Maffaziolli a pedido do primeiro proprietário, André Pedro Koff. O detalhe ornamental faz alusão a Mercúrio, Deus do Comércio na mitologia greco/romana. Em 1955, foi adquirido por João Nehme, também comerciante.
12. Casa Luigi Toniazzi – 1893
Idealizado pelo Sr. Luigi – alfaiate - como uma cópia ampliada do prédio da família em Maróstica/Itália. No térreo ficava a alfaiataria, no primeiro andar a residência e no terceiro, um alojamento para aprendizes de alfaiate, vindos de outras cidades. O prédio sediou também a agência do Banco Pelotense.
13. Casa Sfoggia – 1925
Construído pela família Pianezzola, funcionou como açougue por muitos anos. A família Sfoggia adquiriu a propriedade e continuou com o comércio de carnes. No alto do prédio havia uma cabeça de boi, simbolizando a atividade.
14. Casa Zamboni - 1899
Cirilo Zamboni era fotógrafo e chegou com o primeiro grupo de imigrantes italianos em
Conde D’Eu. Ao construir este prédio instalou uma tipografia e uma papelaria, além da residência.
15. Casa Paulo Chesini – 1924/27
Construída inicialmente para uso residencial. Com o passar do tempo, o Sr. Paulo Chesini instalou serviços de bar e restaurante e, para o lazer, uma cancha de bocha em um barracão de madeira construído junto à casa.
16. Casa Antônio Koff – 1923
Antônio, com o irmão André Pedro e o amigo Moisés Mereb vieram da Síria para Garibaldi no início do século XX. Comerciavam tecidos e confecções por toda a região e, após alcançarem um considerável capital, fixaram seus estabelecimentos em amplas construções no centro da cidade.
17. Casa de Pasto -1897
Inicialmente o prédio foi hotel para descanso de tropeiros e mascates. Também foi o lugar das grandes festas e banquetes da cidade. No pátio com fonte d’água, ficavam os cavalos. Os proprietários - família Zorzi - abriram depois um café com jogos de bilhar e armazém de secos e molhados.
18. Casa Giuseppe Sciessere - 1922
A parte superior do prédio era a residência da família Sciessere e no piso inferior funcionava a ourivesaria de Ademir, filho de Giuseppe.
19. Casa Mottin - 1921
O Armazém “Baratilho de Lourenço Mottin” vendia de hortaliças até louças e produtos importados. Lourenço era negociante experiente, sabia comprar para poder vender barato. O “Baratilho” fechou no final da década de 1970. Ao lado da parte principal do prédio, próxima a bica d’água que abastecia parte do centro, funcionou uma sala dos Correios.
20. Casa Fortunato Chesini - 1932
Nesta casa foi fundada a Cooperativa Vinícola Garibaldi, e o início da elaboração e engarrafamento de vinhos. Conserva ainda o porão usado para a atividade vinícola.
21. Capela dos Capuchinhos - 1931
Projetada por Agostinho Mazzini, foi inspirada em um templo francês, país sede dos Capuchinhos, que fundaram em Garibaldi a primeira Província Capuchinha do Rio Grande do Sul. Apresenta nave central com rosácea e duas naves laterais.
22. União de Moços Católicos – 1936
Foi fundada sob o lema “Deus e Pátria” e com o propósito de “reunir moços católicos; propagar a religião; defender a Igreja; trabalhar em auxílio das obras católicas e sociais; desenvolver a cultura, o esporte e o recreio”. É a mais antiga sociedade do gênero fundada em Garibaldi.
23. Casa Dal Bó – c. 1895
Foi o segundo prédio em alvenaria da cidade. Construído por Miguel Nejar, abrigou as irmãs de São José de Chambéry, vindas da França e que aqui começaram a lecionar em 1899. Funcionou também como farmácia e hospital. Após, foi comprado por Vicente Dal Bó – prefeito de 1935 a 1949 - e abrigou a prefeitura, delegacia e cadeia, até 1939.
24. Casa Zoppaz - 1930
Antiga residência de José Zoppaz, um dos primeiros fotógrafos do município. Aqui funcionava seu ateliê fotográfico e também uma joalheria.
25. Igreja Matriz São Pedro - 1924
A construção do templo se deu por iniciativa do Frei Bruno de Guillonay. Inspirado em projeto encomendado na França, o Eng. Agostinho Mazzini foi o responsável pela execução. Além da arquitetura com linhas góticas, destacam-se os vitrais coloridos, as pinturas murais, o altar artístico, a estatuária e seu imponente órgão de tubos. A Matriz de São Pedro é o mais importante símbolo de religiosidade de Garibaldi.
26. Antiga Delegacia de Polícia - 1923
O prédio sediou durante muitos anos a Delegacia de Polícia e o Presídio Municipal, situado no porão. Possui varanda frontal com colunas toscanas e o escudo da República aplicado em seu frontão.
27. Mansão Mazzini - 1921
Idealizada pelo engenheiro e proprietário Agostinho Mazzini com traços do Renascentismo Italiano. Em uma profusão de elementos decorativos, no alto da fachada foi colocado o brasão da família Mazzini. A única filha, Adelina, deixou testamento em que manifesta desejo de manter a propriedade por seis gerações ou transformá-la em museu.
28. Prefeitura Municipal - 1903
Em estilo eclético, com destaque para os vários elementos ornamentais, foi construída pelos engenheiros Heitor e Agostinho Mazzini. Foi construída para substituir o antigo prédio, que já não comportava a estrutura da administração municipal.
29. Casa das Gaiutas – 1897
Construídas por Caetano Grossi para moradia para seus dois filhos. As casas geminadas apresentam pestanas e friso de volutas unindo as vergas das aberturas. Tem como particularidade as gaiútas, também conhecidas como mansardas ou águas-furtadas que são pequenas construções de madeira para iluminar e ventilar o sótão.
30. Casa Grossi – 1889
Prédio da família Grossi. Os tijolos utilizados - olaria própria - eram feitos com argila retirada das imediações e moldados nas formas. Em uma sala funcionou a Coletoria Estadual. O Sr. Henrique Grossi foi Intendente e o primeiro coletor estadual do município. O piso superior, após 1935, funcionou como extensão dos leitos do hospital do Dr. Júlio Motti, situado ao lado.
31. Casa Dr. Júlio Motti – c. 1930
Médico de destaque por suas iniciativas humanitárias. Atendeu até o inicio da I Guerra Mundial na Sociedade Stella d’Itália. Era metodista e sofreu perseguições dos poderes locais em boa parte de sua vida. Construiu este prédio e montou consultório, farmácia e hospital. No porão eram conservados os remédios fitoterápicos, que manipulava com o auxilio do sogro Abramo Canini.
32. Casa Californiana – Déc. 1950
Residência típica dos anos 1950 construída no chamado estilo californiano, popularizado no sul do Brasil devido à influência dos países do Prata. Uma das características do estilo é a varanda em arco com prolongamento inclinado da parede e as pedras rústicas utilizadas como elementos decorativos.
33. Prédio Museu e Arquivo Histórico – 1884
O prédio original – de madeira - abrigava a “Societá Italiana de Mútuo Socorso D’Itália”. Foi substituído pelo de alvenaria, feito em duas etapas – 1884 e 1892. Em 1913 abrigava um hospital, e em 1914 – início da I Guerra Mundial - foi entregue ao Governo Italiano. Em 1939 teve seu acervo e parte do prédio incendiado. O Museu foi inaugurado em 1985.
34. Casa de Veraneio Mazzini
Edificação de apoio à Mansão Mazzini. Térrea de madeira com telhado em duas águas de telhas cerâmicas. Possui lambrequins na fachada lateral e sótão sustentado por mãosfrancesas se projetando sobre o passeio.
35. Casa Decó
A Casa Decó forma um conjunto no mesmo estilo com o Café Luna Park. Apresenta acesso marcado por paredes curvas, quatro janelas agrupadas em dois conjuntos com friso, que se prolonga na platibanda. Possui frisos na horizontal e, na platibanda, adornos geométricos característicos do estilo que surgiu na década de 1920 e se disseminou no Brasil principalmente nos anos 1930 e 1940.
36. Casa Pagliarini - 1899
Prédio que serviu de moradia e comércio de Silvestre Pagliarini. O armazém de "Secos e Molhados", situado no piso térreo, foi referência e ponto de encontro na década de 1950.
O oficio de ourivesaria foi trazido da Itália pela família Bellini, que além da joalheria, instalou nos fundos da atual construção a “Fundição de Sino João Bellini”, de 1885 a 1954. A atual edificação foi a primeira no estilo modernista em Garibaldi.
2. Família Carlotto - 1900
O sobrado de alvenaria foi construído em 1900 por Antônio Carlotto, vindo de Udine, Itália. O prédio serviu para comércio de tecidos, secos e molhados e produtos coloniais, que também eram revendidos em Porto Alegre. A partir de 1938 passou a sediar o Banco da Província.
3. Ambrósio Toniazzi – início do séc. XX
Prédio mandado construir por Ambrósio Toniazzi. Na parte dos fundos residia com a família e na frente funcionava uma barbearia e uma alfaiataria, comandada pelo Sr. João Pizzoli. O porão, em pedra basalto e arcos, abriga acervo de antigas sapatarias.
4. Casa Deconto - 1920
Construído pela família de Ângelo Paganelli para residência e comércio. Situado em três esquinas, a parte térrea sediou inicialmente um armazém de secos e molhados, loja de tecidos e o Café Paganelli. Em 1930 os irmãos Deconto adquiriram o prédio e seguiram com o ponto de comércio e residência. Parte do prédio, na Rua Borges de Medeiros, foi ampliada em 1937.
5. Casa Vicente Branchi - 1920
Construída por Vicente Branchi para residência da família. Com o passar do tempo, a parte da frente passou a servir para comércio e serviços. Foi loja de calçados, agência do Banco da Província e Cartório de Notas e Registros.
6. Casa Ponzoni - 1927
Construída para residência e trabalho da Família Ponzoni. Nos fundos funcionava a
marcenaria, que era especializada em móveis e esquadrias, e onde foram feitas, entre tantas outras, as portas e janelas da Mansão Mazzini. Possui porão em pedra e sótão.
7. Casa Comunello - início do séc. XX
O primeiro proprietário foi Antônio Carlotto. O prédio foi vendido para a família Wolf que abriu no piso inferior um café com bar e jogos de bilhar. A parte superior, que apresenta sacada com gradil de ferro, servia como moradia. Mais tarde, Antônio Comunello instalou o Café Comunello, ponto de encontro da sociedade da época.
8. Café Luna Park - 1936
Idealizado por Antônio Comunello, que teve vários outros cafés na cidade. Foi sempre um importante ponto de encontro da sociedade local. Era bastante frequentado por mulheres, em uma época em que este não era um hábito comum na maioria das pequenas cidades brasileiras.
9. Pharmacia Providência – c. 1900
Foi mandado construir por Arduíno D´Arrigo para instalação de farmácia e residência da família. A sacada, com gradil de ferro, serviu de palanque para discursos de autoridades, destacando-se os de Getúlio Vargas e Borges de Medeiros.
10. Bar da Sabedoria - 1930
O tradicional estabelecimento sempre funcionou como bar e armazém. Em outras épocas a conversa seguia noite adentro embalada por bandoneon e violão. O nome - sugestão de clientes - homenageia os grandes “pensadores” do bar e a função de “saber de tudo e de todos”.
11. Casa Koff Nehme - 1923
Projetada pelo Eng. Valentim Maffaziolli a pedido do primeiro proprietário, André Pedro Koff. O detalhe ornamental faz alusão a Mercúrio, Deus do Comércio na mitologia greco/romana. Em 1955, foi adquirido por João Nehme, também comerciante.
12. Casa Luigi Toniazzi – 1893
Idealizado pelo Sr. Luigi – alfaiate - como uma cópia ampliada do prédio da família em Maróstica/Itália. No térreo ficava a alfaiataria, no primeiro andar a residência e no terceiro, um alojamento para aprendizes de alfaiate, vindos de outras cidades. O prédio sediou também a agência do Banco Pelotense.
13. Casa Sfoggia – 1925
Construído pela família Pianezzola, funcionou como açougue por muitos anos. A família Sfoggia adquiriu a propriedade e continuou com o comércio de carnes. No alto do prédio havia uma cabeça de boi, simbolizando a atividade.
14. Casa Zamboni - 1899
Cirilo Zamboni era fotógrafo e chegou com o primeiro grupo de imigrantes italianos em
Conde D’Eu. Ao construir este prédio instalou uma tipografia e uma papelaria, além da residência.
15. Casa Paulo Chesini – 1924/27
Construída inicialmente para uso residencial. Com o passar do tempo, o Sr. Paulo Chesini instalou serviços de bar e restaurante e, para o lazer, uma cancha de bocha em um barracão de madeira construído junto à casa.
16. Casa Antônio Koff – 1923
Antônio, com o irmão André Pedro e o amigo Moisés Mereb vieram da Síria para Garibaldi no início do século XX. Comerciavam tecidos e confecções por toda a região e, após alcançarem um considerável capital, fixaram seus estabelecimentos em amplas construções no centro da cidade.
17. Casa de Pasto -1897
Inicialmente o prédio foi hotel para descanso de tropeiros e mascates. Também foi o lugar das grandes festas e banquetes da cidade. No pátio com fonte d’água, ficavam os cavalos. Os proprietários - família Zorzi - abriram depois um café com jogos de bilhar e armazém de secos e molhados.
18. Casa Giuseppe Sciessere - 1922
A parte superior do prédio era a residência da família Sciessere e no piso inferior funcionava a ourivesaria de Ademir, filho de Giuseppe.
19. Casa Mottin - 1921
O Armazém “Baratilho de Lourenço Mottin” vendia de hortaliças até louças e produtos importados. Lourenço era negociante experiente, sabia comprar para poder vender barato. O “Baratilho” fechou no final da década de 1970. Ao lado da parte principal do prédio, próxima a bica d’água que abastecia parte do centro, funcionou uma sala dos Correios.
20. Casa Fortunato Chesini - 1932
Nesta casa foi fundada a Cooperativa Vinícola Garibaldi, e o início da elaboração e engarrafamento de vinhos. Conserva ainda o porão usado para a atividade vinícola.
21. Capela dos Capuchinhos - 1931
Projetada por Agostinho Mazzini, foi inspirada em um templo francês, país sede dos Capuchinhos, que fundaram em Garibaldi a primeira Província Capuchinha do Rio Grande do Sul. Apresenta nave central com rosácea e duas naves laterais.
22. União de Moços Católicos – 1936
Foi fundada sob o lema “Deus e Pátria” e com o propósito de “reunir moços católicos; propagar a religião; defender a Igreja; trabalhar em auxílio das obras católicas e sociais; desenvolver a cultura, o esporte e o recreio”. É a mais antiga sociedade do gênero fundada em Garibaldi.
23. Casa Dal Bó – c. 1895
Foi o segundo prédio em alvenaria da cidade. Construído por Miguel Nejar, abrigou as irmãs de São José de Chambéry, vindas da França e que aqui começaram a lecionar em 1899. Funcionou também como farmácia e hospital. Após, foi comprado por Vicente Dal Bó – prefeito de 1935 a 1949 - e abrigou a prefeitura, delegacia e cadeia, até 1939.
24. Casa Zoppaz - 1930
Antiga residência de José Zoppaz, um dos primeiros fotógrafos do município. Aqui funcionava seu ateliê fotográfico e também uma joalheria.
25. Igreja Matriz São Pedro - 1924
A construção do templo se deu por iniciativa do Frei Bruno de Guillonay. Inspirado em projeto encomendado na França, o Eng. Agostinho Mazzini foi o responsável pela execução. Além da arquitetura com linhas góticas, destacam-se os vitrais coloridos, as pinturas murais, o altar artístico, a estatuária e seu imponente órgão de tubos. A Matriz de São Pedro é o mais importante símbolo de religiosidade de Garibaldi.
26. Antiga Delegacia de Polícia - 1923
O prédio sediou durante muitos anos a Delegacia de Polícia e o Presídio Municipal, situado no porão. Possui varanda frontal com colunas toscanas e o escudo da República aplicado em seu frontão.
27. Mansão Mazzini - 1921
Idealizada pelo engenheiro e proprietário Agostinho Mazzini com traços do Renascentismo Italiano. Em uma profusão de elementos decorativos, no alto da fachada foi colocado o brasão da família Mazzini. A única filha, Adelina, deixou testamento em que manifesta desejo de manter a propriedade por seis gerações ou transformá-la em museu.
28. Prefeitura Municipal - 1903
Em estilo eclético, com destaque para os vários elementos ornamentais, foi construída pelos engenheiros Heitor e Agostinho Mazzini. Foi construída para substituir o antigo prédio, que já não comportava a estrutura da administração municipal.
29. Casa das Gaiutas – 1897
Construídas por Caetano Grossi para moradia para seus dois filhos. As casas geminadas apresentam pestanas e friso de volutas unindo as vergas das aberturas. Tem como particularidade as gaiútas, também conhecidas como mansardas ou águas-furtadas que são pequenas construções de madeira para iluminar e ventilar o sótão.
30. Casa Grossi – 1889
Prédio da família Grossi. Os tijolos utilizados - olaria própria - eram feitos com argila retirada das imediações e moldados nas formas. Em uma sala funcionou a Coletoria Estadual. O Sr. Henrique Grossi foi Intendente e o primeiro coletor estadual do município. O piso superior, após 1935, funcionou como extensão dos leitos do hospital do Dr. Júlio Motti, situado ao lado.
31. Casa Dr. Júlio Motti – c. 1930
Médico de destaque por suas iniciativas humanitárias. Atendeu até o inicio da I Guerra Mundial na Sociedade Stella d’Itália. Era metodista e sofreu perseguições dos poderes locais em boa parte de sua vida. Construiu este prédio e montou consultório, farmácia e hospital. No porão eram conservados os remédios fitoterápicos, que manipulava com o auxilio do sogro Abramo Canini.
32. Casa Californiana – Déc. 1950
Residência típica dos anos 1950 construída no chamado estilo californiano, popularizado no sul do Brasil devido à influência dos países do Prata. Uma das características do estilo é a varanda em arco com prolongamento inclinado da parede e as pedras rústicas utilizadas como elementos decorativos.
33. Prédio Museu e Arquivo Histórico – 1884
O prédio original – de madeira - abrigava a “Societá Italiana de Mútuo Socorso D’Itália”. Foi substituído pelo de alvenaria, feito em duas etapas – 1884 e 1892. Em 1913 abrigava um hospital, e em 1914 – início da I Guerra Mundial - foi entregue ao Governo Italiano. Em 1939 teve seu acervo e parte do prédio incendiado. O Museu foi inaugurado em 1985.
34. Casa de Veraneio Mazzini
Edificação de apoio à Mansão Mazzini. Térrea de madeira com telhado em duas águas de telhas cerâmicas. Possui lambrequins na fachada lateral e sótão sustentado por mãosfrancesas se projetando sobre o passeio.
35. Casa Decó
A Casa Decó forma um conjunto no mesmo estilo com o Café Luna Park. Apresenta acesso marcado por paredes curvas, quatro janelas agrupadas em dois conjuntos com friso, que se prolonga na platibanda. Possui frisos na horizontal e, na platibanda, adornos geométricos característicos do estilo que surgiu na década de 1920 e se disseminou no Brasil principalmente nos anos 1930 e 1940.
36. Casa Pagliarini - 1899
Prédio que serviu de moradia e comércio de Silvestre Pagliarini. O armazém de "Secos e Molhados", situado no piso térreo, foi referência e ponto de encontro na década de 1950.
Fonte: Prefeitura de Garibaldi