O Porto Meridional de Arroio do Sal, cujo Contrato de Adesão foi assinado pelo governo federal em outubro e deve entrar em operação até 2028, já está impactando o setor de construção civil no município do litoral Norte do RS.
É o que constata o escritório local do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon-RS), que estima um crescimento de 50% no Valor Geral de Vendas (VGV) no segundo semestre de 2024 em comparação aos primeiros seis meses do ano, que registrou um VGV de R$ 100 milhões. O ano deve fechar com um VGV total de R$ 250 milhões, prevê o presidente regional Renan Martinello Marques.
"Os imóveis, em geral, valorizaram, mas o grande destaque em percentuais é para as glebas - grandes áreas - que hoje são rurais, em função da especulação imobiliária eram de R$ 30 mil a R$ 45 mil o hectare e hoje está aproximadamente em R$ 100 mil", constata. Na Zona Urbana, Marques salienta que todos os locais da cidade terão aumento na procura por imóveis. Ele destaca o centro, as áreas à beira da lagoa e o Balneário Rondinha, onde será instalado o Porto Meridional.
A estimativa é de que o novo complexo portuário de Arroio do Sal tenha uma infraestrutura capaz de atender às demandas crescentes do comércio internacional. Além de facilitar o transporte de cargas, o porto tem o potencial de impulsionar o desenvolvimento econômico e social da região. Na quinta-feira passada (31), o governador Eduardo Leite (PSDB) reafirmou o apoio à iniciativa.
O aquecimento no setor de construção civil por causa do projeto tenderá a permanecer em 2025, acredita Marques. A estimativa é de acréscimo de 15% a 20% no VGV. De acordo com o dirigente, a previsão se mantém conservadora devido ao principal obstáculo do município, o saneamento básico. "Temos um grande potencial econômico querendo investir no município. O gatilho realmente será dado com as viabilidades do saneamento do município", analisa.
O futuro prefeito, Luciano Pinto (Republicanos) também elenca o saneamento como o principal gargalo ao crescimento do município. Em julho deste ano, a prefeitura assinou um acordo com a Corsan/Aegea, o Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul e o Ministério Público Federal (MPF) para destravar os investimentos necessários
As obras serão divididas em duas etapas - a primeira até 2028 e outra até 2033 - e implicam no investimento, por parte das empresas concessionárias, de um montante suficiente para o aperfeiçoamento do sistema de esgotamento sanitário do Litoral Norte do Estado. A estimativa que, em 2028, o município já tenha uma cobertura de 35% do saneamento.
"A Corsan/Aegea tem feito um grande trabalho no litoral. Está previsto pela concessionária o investimento de R$ 70 milhões até 2033. Iremos destravar os embargos que impediam o crescimento do município pela falta de esgoto", crê Marques.