Uma das principais criptomoedas utilizadas no mundo, o Bitcoin passou a figurar no contexto de pagamentos e recebimentos em locais de comércio da cidade de Rolante, no Vale do Paranhana. Atualmente, cerca de 10% de todas as transações realizadas no comércio do município por mês são desta forma, de acordo com a secretária executiva da Associação do Comércio, Industria, Serviços e Agropecuária de Rolante e Riozinho, Sônia Dulcineia Kraemer. Mais de 200 estabelecimentos comerciais já aceitam essa forma como pagamento.
As criptomoedas são moedas digitais, ou seja, existem no ambiente online. Apesar do Bitcoin ser a mais famosa, existem diversos tipos, com valores e cotações diferentes. Todas as transações são realizadas pelos próprios usuários, de qualquer parte do mundo, a partir de frações dessa moeda. O que ajudou a impulsionar o consumo a partir do chamado dinheiro digital é a utilização da criptografia para garantir transações seguras, além da rentabilidade como forma de investimento. Atualmente, o Bitcoin é uma das criptomoedas mais populares no mundo, sendo que 1 BTC (sigla da moeda) equivale, em cotação na sexta-feira (26), a R$ 327 mil.
Recentemente, Rolante se tornou referência neste quesito no Rio Grande do Sul e, também, a nível nacional como município que tem uma das maiores taxas de transações por habitante. A ideia de popularizar essa forma de pagamento na cidade começou quando um grupo de empresários, no ano passado, criou o "Bitcoin é Aqui", projeto local fundado com o propósito de fomentar o uso do pagamento digital.
Eles procuraram a associação para conversar sobre a possibilidade de abordar a ideia com os empresários locais. Além da ponte feita pela entidade, a divulgação entre os próprios donos de negócio do ramo de comércio e serviços da cidade do Vale do Paranhana também ajudou a propagar a ideia.
O bitcoin pode ser enviado através de carteiras digitais, que podem ser baixadas no celular ou usadas no próprio navegador de internet. Em todas as operações - inclusive em Rolante - são utilizados os Satoshis, que são frações da criptomoeda. "Seriam, a grosso modo, os nossos centavos", explica Sonia Dulcineia Kraemer. O pagamento é feito usando um aplicativo, que permite a transferência de bitcoins a partir da leitura de um QR Code para um endereço de recebimento, onde é efetuda a transferência, através do sistema chamado Lightining, conforme explica Israel Buzaym, diretor de Comunicação do Bitybank, banco que é voltado para negociações envolvendo o Bitcoin.
O barbeiro Lucas Iaronka, proprietário de uma barbearia, conta que começou a aceitar o pagamento de clientes por Bitcoin em 2018. Ele afirma ter sido um dos primeiros empresários da cidade a receber pelos serviços via moeda digital. "Eu tive que abrir uma carteira específica para isso em uma corretora. Não era tão fácil, nem tão comum quanto hoje, que já está mais popularizado", diz. Atualmente, conforme Lucas, as vendas dessa forma representam cerca de 3% de todo o montante do mês.
No ano passado, o município realizou, em setembro, o Bitcoin Spring Festival, evento que para reunir investidores e usuários da criptomoeda. Entre as atividades estavam algumas apresentações musicais, painéis com especialistas sobre o assunto e uma apresentação dos produtos e serviços dos comerciantes locais que aceitam essa forma de transação. A estimativa é que tenha circulado no dia do festival, aproximadamente R$ 300 mil.
Conforme os idealizadores do projeto e da associação, o objetivo é que a pequena cidade, com pouco mais de 21 mil habitantes, consolide-se como um município que tenha o Bitcoin dentre as formas tradicionais de pagamento por alimentos, bebidas, serviços e itens em geral, a fim de atrair mais turistas, impulsionar o comércio local e criar uma economia circular na cidade.