Após sete meses da visita dos representantes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para avaliação dos Geoparques Quarta Colônia e Caçapava, foi anunciada nesta quarta-feira (24) a certificação mundial dos territórios do Rio Grande do Sul. O anúncio aconteceu após o 216º Conselho Executivo da Unesco, realizado em Paris, na França.
Geoparque é um selo de qualidade obtido por territórios que atuam na perspectiva do desenvolvimento local sustentável. Além disso, para ser reconhecido como geoparque, os territórios devem possuir importância científica, cultural, paisagística, geológica, arqueológica, paleontológica e histórica. Os geoparques gaúchos foram os únicos candidatos brasileiros deste ano e agora eles se juntam aos outros três territórios do país que já possuíam a certificação - o Geoparque Araripe, no Ceará, o Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, localizado entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul e o Geoparque Seridó, no Rio Grande do Norte.
O Geoparque Quarta Colônia, cujo projeto foi enviado em 2020, é uma iniciativa da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em parceria com o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia (Condesus Quarta Colônia). No local, foram encontrados dezenas de fósseis de répteis pré-históricos, alguns datados de 230 milhões de anos atráis.
O projeto Geoparque Caçapava é realizado em cooperação entre a UFSM, a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e a prefeitura de Caçapava do Sul. A região apresenta sucessões de rochas sedimentares marinhas e continentais de mais de 500 milhões de anos, como as Pedras das Guaritas e a Serra do Segredo. Aliada a isso, está a presença, nos sedimentos de seus arroios, de fósseis de animais extintos da megafauna, em especial as preguiças-gigantes.
Os locais também possuem espécies vegetais raras e endêmicas do bioma pampa, além de comunidades humanas tradicionais, como indígenas, quilombolas e pecuaristas familiares, completam esse cenário singular na América do Sul. A coordenadora institucional do Projeto Geoparques na UFSM, Jaciele Sell, destaca que agora os territórios passam a compor uma rede mundial de geoparques e são considerados patrimônios da humanidade.
Segundo ela, a certificação contribui para o desenvolvimento sustentável das regiões, a partir da conservação do patrimônio, da educação ambiental e da geração de renda. "Desde 2018 a universidade vem trabalhando em prol dessa certificação em parceria com os municípios. Isso traz uma grande visibilidade para o território e atrai muito mais turismo. É muito importante receber esse reconhecimento para fazermos mais políticas públicas de fomento à pesquisa e extensão", comenta Jaciele.
A partir de agora, os próximos passos são manter a certificação. A diretora explica que cada geoparque passa por uma reavaliação a cada quatro anos e para continuar com o certificado é preciso manter a qualidade. "Precisamos continuar com os trabalhos desenvolvidos até agora, mantendo o padrão de qualidade e cumprindo todos os requisitos que a Unesco exige. Além disso, precisamos atender, neste período, todas as recomendações que os avaliadores fizeram quando visitaram os territórios para que a certificação seja renovada", relata.