Isadora Jacoby

O item típico do país, feito à base de milho, conta com a versão à brasileira e com opções veganas

Venezuelano lança algo inédito em Porto Alegre: arepa de coração

Isadora Jacoby

O item típico do país, feito à base de milho, conta com a versão à brasileira e com opções veganas

"A pessoa, quando imigra e deixa tudo para trás, fica só com a lembrança. Então, ter a sua comida de origem chega a bater no coração", diz o venezuelano Carlos Blanco Rodriguez, 28 anos, que há três reside no Brasil. Há pouco mais de um mês, ele abriu o bar e restaurante La Arepa, no bairro Petrópolis, em Porto Alegre. Dando nome ao estabelecimento, a arepa, item típico da Venezuela feito à base de farinha de milho, é o carro-chefe da operação. 
"A pessoa, quando imigra e deixa tudo para trás, fica só com a lembrança. Então, ter a sua comida de origem chega a bater no coração", diz o venezuelano Carlos Blanco Rodriguez, 28 anos, que há três reside no Brasil. Há pouco mais de um mês, ele abriu o bar e restaurante La Arepa, no bairro Petrópolis, em Porto Alegre. Dando nome ao estabelecimento, a arepa, item típico da Venezuela feito à base de farinha de milho, é o carro-chefe da operação. 
Quando saiu da Venezuela, Porto Alegre não foi o primeiro destino de Carlos e de sua família, que se mudaram em busca de mais qualidade de vida, segundo ele. Após passarem três meses em Roraima, escolheram a capital gaúcha como nova morada. "Um amigo que estava em Porto Alegre disse que aqui tinha mais oportunidade de trabalho", conta. Na chegada, a primeira atividade foi em uma lavagem de carros, mas o sonho era trabalhar com gastronomia. "Fiz curso na Venezuela e queria trabalhar em restaurante. Trabalhei um tempo no Coco Bambu, mas depois comecei a trabalhar como motorista de aplicativo. Queríamos colocar um negócio diferente para não depender só do aplicativo", afirma Carlos. 
Assim, surgiu a ideia de abrir um restaurante com foco no prato típico de seu país de origem, a arepa. A escolha foi pela familiaridade com o item, que é consumido no café da manhã e no jantar, conta Carlos. "Nós sabemos fazer muito bem e, como não tinha, era algo inovador. Começamos a trabalhar para arrumar dinheiro para investir e achamos um ponto interessante no bairro Petrópolis. Fomos, aos poucos, arrumando para inaugurar no ano passado. Mas chegou a pandemia e não deu para abrir", lembra Carlos, que conta com a parceria do irmão Carle Manuel Rodriguez no projeto.
A decisão de não abrir em razão do início da pandemia fez Carlos buscar outros rumos. Naquele momento, já tinha importado grande parte da farinha venezuelana usada para o preparo. Então, decidiu vender este estoque em supermercados para não perder o investimento. No entanto, o que, a princípio, era somente uma alternativa, acabou se tornando também um negócio. "Tinha um amigo dono de mercado e ele disse que eu podia colocar lá para ver como seria a saída. Deu certo, fui para outro mercado, e assim comecei. Vi oportunidade de mercado também em Santa Catarina, e até no Paraná, porque não tem essa farinha e, ao mesmo tempo, tem muito venezuelano chegando. Os donos de mercado me perguntam o que tem na farinha, que tem gente que chega a chorar quando vê. Explico que é a nossa cultura. Não é só comida, é uma coisa que entra no coração da pessoa", garante. 
Vinny Oliveira/La Arepa/Divulgação/JC
Em setembro, quando a situação da pandemia começou a ficar mais controlada, Carlos viu que era o momento de abrir as portas. Para isso, contou com a entrada de um terceiro sócio, Oscar Delgado, para tocar a operação, já que seu irmão não mora em Porto Alegre. Além de uma sobrinha que trabalha no local, a cozinha é comandada por uma venezuelana. Tudo para garantir a autenticidade dos pratos. Apesar de prezar por oferecer um item típico, Carlos conta que fez adaptações para agradar o paladar dos gaúchos. "A nossa gastronomia é diferente da brasileira. Já vi uma arepeira fechar as portas aqui, e percebi que eles colocavam só os nossos temperos. Então, fiz testes com meus amigos brasileiros. Como é um negócio, temos que ver o que o cliente vai aceitar. Criei uma arepa de coração, que eu acho que posso dizer que a é a primeira no mundo, porque na Venezuela ninguém come coração. É um dos pratos que mais sai", revela. 
O espaço, que fica na avenida Ijuí, n° 136, funciona de terça a sexta-feira, das 18h às 23h, e aos sábados das 17h às 23h. Os quitutes também são vendidos pelo iFood. A média de preço de cada arepa é de R$ 30,00 e varia de acordo com o sabor. O cardápio conta, ainda, com opções veganas e vegetarianas. Fazendo um balanço do início da operação, Carlos se diz otimista por enxergar Porto Alegre como um lugar pujante para a gastronomia. "Sempre tive uma expectativa grande, mas com os pés no chão. Como todo negócio, sei que o início é um pouco difícil, e ainda tem as questões da pandemia. Ainda assim, nesse mês, foi ótima a reação das pessoas, a frequência. É um desafio, mas eu percebo que o mercado da gastronomia de Porto Alegre é agitado, então eu acredito que vai dar certo", projeta. 
Vinny Oliveira/La Arepa/Divulgação/JC
Isadora Jacoby

Isadora Jacoby - editora do GeraçãoE

Isadora Jacoby

Isadora Jacoby - editora do GeraçãoE

Leia também

Deixe um comentário