Mauro Belo Schneider

Peças de mobiliário e decoração são vendidas pela metade do preço na Zona Sul

Armazém que operou por 40 anos liquida últimas relíquias em Porto Alegre

Mauro Belo Schneider

Peças de mobiliário e decoração são vendidas pela metade do preço na Zona Sul

Ao visitar o Armazém Marinei, ponto que funciona há 70 anos na avenida Nonoai, nº 506, na zona sul de Porto Alegre, a sensação é de estar entrando na série Caçador de Relíquias. A comparação é feita por Luiz Carlos Massochini, com a mesma idade do estabelecimento e que há quatro décadas comanda o local ao lado da família. Atualmente, ele opera de portas abertas somente aos sábados, das 10h às 17h, ou sob agendamento nos dias de semana para liquidar as peças que ocupam os 400m² da loja e os 200m² do galpão anexo. Sua intenção é, aos poucos, ir se despedindo da clientela que cultivou em Porto Alegre, no Brasil e no exterior.
Ao visitar o Armazém Marinei, ponto que funciona há 70 anos na avenida Nonoai, nº 506, na zona sul de Porto Alegre, a sensação é de estar entrando na série Caçador de Relíquias. A comparação é feita por Luiz Carlos Massochini, com a mesma idade do estabelecimento e que há quatro décadas comanda o local ao lado da família. Atualmente, ele opera de portas abertas somente aos sábados, das 10h às 17h, ou sob agendamento nos dias de semana para liquidar as peças que ocupam os 400m² da loja e os 200m² do galpão anexo. Sua intenção é, aos poucos, ir se despedindo da clientela que cultivou em Porto Alegre, no Brasil e no exterior.
“Não estou com pressa de eliminar o estoque. Está sendo uma despedida gradativa, cercada de muitas emoções”, diz ele. “Para mim, hoje, parece que a loja está vazia, mas ainda tem muita coisa. Eram mais de 2 mil itens, difícil até para as pessoas andarem, tinha que ser de lado”, diverte-se. Há produtos de todos os segmentos: móveis, objetos de decoração, artigos vintage, retrô e reciclados. Tudo pela metade do preço. Revendedores já descobriram o momento que a operação vive e chegam para abocanhar as barganhas.
ANDRESSA PUFAL/JC
Luiz Carlos trabalhava na Brahma antes de herdar o ponto da sogra, Brandina, que administrou, inicialmente, um armazém de secos e molhados com o marido e depois transformou a operação em um bar, ao ficar viúva. Ele acredita, inclusive, que se tivesse continuado como funcionário na cervejaria não estaria mais aqui. “Tinha que beber todos os dias”, lembra.
Pouco mais de uma semana do casamento, foi demitido. Quase desistiu de casar com a esposa que dá nome ao negócio, Marinei. Não achava certo iniciar uma família sem emprego. O futuro deu um jeito de organizar as coisas. A união culminou com a vontade da sogra de desacelerar e de se aposentar. Por mais seis anos, Luiz Carlos manteve o bar. Até juntar dinheiro para construir a casa onde moram. A partir dali, decidiu seguir uma nova linha no negócio criado pelos sogros, para ter uma rotina mais regrada. 
ANTONIO PAZ/ARQUIVO/JC
Transformou o espaço em um brique. Para isso, publicou uma nota no jornal dizendo que comprava móveis usados. Um japonês que estava de mudança para São Paulo leu e entrou em contato. Um caminhão cheio de bugigangas estacionou na Nonoai e Luiz Carlos deu início no ramo que mantém até hoje. Foi se especializando no setor, frequentando feiras e desbravando o País atrás das relíquias.
“Eu viajava muito às mais distantes regiões. Quando chegava numa cidadezinha, perguntava onde havia alguém que fizesse alguma coisa diferente. Sempre vendi o meu olhar, o meu gosto. E isso foi muito marcante”, interpreta. Seu Marinei, como conta ser conhecido pelo público, se preocupava, por exemplo, em ir a Minas Gerais buscar a rosa artificial mais parecida com a verdadeira. As filhas, Lisiane e Graziela, ajudavam os pais nas vendas e entregas, até optarem pelo Direito e Medicina, respectivamente.
“O objetivo não era só vender. Era chegar em casa sem vender nada e ter a sensação de ter ganhado o dia”, afirma Luiz Carlos, sobre a relação emocional que cultivou com a loja. Ele destaca que o fechamento do Armazém não é consequência da pandemia, mas sim do contexto geral. Recentemente, a sogra faleceu e o terreno onde fica a empresa e a residência da família ficou grande demais. Luiz Carlos planeja, agora, uma reorganização.
“Vamos morar um pouco na praia, um pouco aqui. A saúde está boa ainda. Se tiver que viver com menos não tem problema”, avisa ele, que passou a vida colecionando artigos e memórias. Dessas, aliás, ele não abre mão. 
ANDRESSA PUFAL/JC
Mauro Belo Schneider

Mauro Belo Schneider - editor do GeraçãoE

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