Mauro Belo Schneider

Advogada Lanzi de Camargo considera que fala-se pouco sobre o assunto

Seguros de vida ganham adeptos na pandemia

Mauro Belo Schneider

Advogada Lanzi de Camargo considera que fala-se pouco sobre o assunto

A advogada Lanzi de Camargo, professora da Escola Nacional de Seguros (ENS) e diretora da Via Absolutta, corretora de seguros gaúcha que completa 10 anos de atuação, percebeu crescimento no segmento em relação ao mesmo período de anos anteriores. Em sua empresa, houve acréscimo de 23% na emissão de apólices. "Isso se deve muito à pandemia do coronavírus", diz. Nesta entrevista, a profissional explica a relação entre a crise e a busca por seus serviços. Recente pesquisa do Ibope encomendada pela Prudential do Brasil revelou que cerca de 20% da população brasileira pretende adquirir um seguro de vida em 2021, seja ele individual ou em grupo.
A advogada Lanzi de Camargo, professora da Escola Nacional de Seguros (ENS) e diretora da Via Absolutta, corretora de seguros gaúcha que completa 10 anos de atuação, percebeu crescimento no segmento em relação ao mesmo período de anos anteriores. Em sua empresa, houve acréscimo de 23% na emissão de apólices. "Isso se deve muito à pandemia do coronavírus", diz. Nesta entrevista, a profissional explica a relação entre a crise e a busca por seus serviços. Recente pesquisa do Ibope encomendada pela Prudential do Brasil revelou que cerca de 20% da população brasileira pretende adquirir um seguro de vida em 2021, seja ele individual ou em grupo.
GeraçãoE - Quando começou teu interesse pelo mercado de seguros?
Lanzi de Camargo - Sempre acreditei na importância da proteção por meio do seguro de vida. Meu primeiro contato com seguros foi em 2005, quando trabalhei no jurídico de uma empresa de transportes de pessoas e tinha contato direto com diversos setores: de seguradoras, peças processuais, negativas de seguro, entre outros. Em 2008, abri um escritório onde atuava com Direito do Consumidor, advogando a favor destes e no Direito Securitário. Em 2010, entendi que, além de conhecer o lado jurídico do seguro, gostaria de atuar na linha de frente, protegendo as pessoas de forma a reduzir consideravelmente seus problemas futuros, sejam eles através de negativas de seguradoras ou por terem produtos mal contratados.
GE - Por que cresceu a busca por seguro de vida na pandemia?
Lanzi - Dois motivos me levam a acreditar que isso aconteceu. Primeiro: a consciência das pessoas por estarem com muito medo. Segundo: por terem perdido pessoas próximas. É uma demanda inédita no nosso País.
GE - Por que não é tão comum o brasileiro buscar seguro de vida?
Lanzi - Atribuo isso a diversos fatores. Primeiro, pela falta total de cultura, pois não nascemos pensando no futuro, como os norte-americanos, por exemplo. Apesar do mercado estar crescendo bastante, ainda há poucos profissionais tratando o assunto com a importância devida. Sempre digo que precisamos falar sobre isso. Muitas vezes, os segurados me relatam que nunca fizeram seguro de vida porque não sabem como funciona. Além disso, o brasileiro não se imagina morto ou velho, achamos que não morreremos tão cedo e, muitas vezes, não nos damos conta da falta que faremos à nossa família, com nossa ausência física e financeira. Já ouvi justificativas de todos os tipos, mas a maior parte delas é: "valho mais vivo do que morto", "se eu morrer, o pessoal vai ter que se virar", "não vou morrer tão cedo", "por que preciso pensar em quem fica?", "tenho renda suficiente e bens, não preciso de seguro de vida", "se eu morrer, meus pais cuidarão dos meus filhos". Essas clássicas justificativas são comuns até mesmo de pais de família que são a única renda. Todas as pessoas, com alta ou baixa renda, precisam do seguro de vida, pois é ele quem dá o fôlego imediato à família, até mesmo para abrir o inventário e conseguir um alvará para ter acesso a contas bancárias. Muitas vezes, a família possui muitos bens, mas pouco dinheiro vivo para se manter por curto período ou para pagar as custas e advogado no inventário. Lembrando que seguro de vida não possui Imposto de Renda e não é herança, é um valor rápido que está à disposição das pessoas, sem necessidade de inventário.
GE - Quanto do orçamento representa ter um seguro de vida?
Lanzi - Estatisticamente, consideramos que 5% do orçamento deve ser destinado ao seguro e previdência, começando entre 20 e 30 anos. Se fôssemos pensar somente em seguro de vida, isso representaria menos de 1%, dependendo do produto escolhido. Este percentual vai aumentando conforme nossa idade, em torno de 2% a cada cinco anos. Porém, cada caso deve ser analisado de forma personalizada, de acordo com o perfil e necessidade do segurado.
GE - Quais os benefícios de quem adquire?
Lanzi - Temos diversos produtos no mercado nacional e internacional e cada seguradora atende a necessidade do segurado, conforme seu perfil. As coberturas mais utilizadas para segurado pessoa física são indenização por morte qualquer causa, e mais o dobro do valor contratado se for acidental, indenização por invalidez parcial ou permanente, doenças graves, doença terminal, diária por incapacidade, isenção de pagamento de prêmio e retorno dos pagamentos, através do seguro com reserva. Nas apólices de seguro de vida, há muitas coberturas para proteção pessoal e utilização em vida, e não apenas para a família em caso de morte. No seguro empresarial, além da indenização por morte e invalidez, há cobertura para pagamento das verbas rescisórias à família, auxílio funeral e até mesmo auxílio cesta básica. Tudo isso dá fôlego à família do empregado falecido, sem mexer no caixa da empresa.
GE - Como esse mercado vem mudando?
Lanzi - Existe um dado do Sincor SP, debatido num congresso, em 2018, em que estive presente, que a entrada de mulheres no mercado de seguro de vida aumentou significativamente, pois somos mais sensíveis e pensamos mais nos filhos e no futuro. Mas ainda estamos a passos lentos, se compararmos aos mercados internacionais. Precisamos avaliar junto aos órgãos reguladores, seguradoras e profissionais da área como ajudar a sociedade na conscientização da importância deste tema. Quantas vezes você já viu um outdoor falando sobre o seguro de vida? E quantos já viu de automóvel? As pessoas possuem seguro de bens materiais, mas não lembram do ativo mais importante: elas mesmas.
GE - Quais as oportunidades para quem quer trabalhar neste mercado?
Lanzi - É um mercado que está em amplo crescimento. Se tivermos profissionais focados na importância da proteção, e não no resultado de uma venda, teremos muitas famílias protegidas. Acredito muito na função social do seguro de vida, do quanto isso representa. Não significa apenas fôlego a uma família que está sofrendo por uma perda, mas também renda para o município. Se as pessoas estiverem seguras, estarão protegendo quem amam, garantindo o padrão de vida, evitando, em muitos casos, a sobrecarga dos sistemas de saúde e escolas públicas. Seguro de vida é um ato de amor e responsabilidade.
Mauro Belo Schneider

Mauro Belo Schneider - editor do GeraçãoE

Mauro Belo Schneider

Mauro Belo Schneider - editor do GeraçãoE

Leia também

Deixe um comentário