Mauro Belo Schneider

O empreendedor promete, ainda, empregar 700 novas pessoas até o fim do ano

Dono do Madero diz que saiu do vermelho e que recontratará funcionários

Mauro Belo Schneider

O empreendedor promete, ainda, empregar 700 novas pessoas até o fim do ano

Um dos empreendedores brasileiros que mais viu seu nome e o de seu negócio sendo comentados nas redes sociais durante a pandemia do coronavírus foi Junior Durski, fundador do Grupo Madero. De família de políticos do Paraná e com mandato de vereador em seu histórico, acha importante que os empresários se posicionem. “Basta o silêncio dos bons para os maus triunfarem”, repete ele.
Um dos empreendedores brasileiros que mais viu seu nome e o de seu negócio sendo comentados nas redes sociais durante a pandemia do coronavírus foi Junior Durski, fundador do Grupo Madero. De família de políticos do Paraná e com mandato de vereador em seu histórico, acha importante que os empresários se posicionem. “Basta o silêncio dos bons para os maus triunfarem”, repete ele.
Junior sempre foi contra o lockdown. Tanto que postou um vídeo nas redes sociais defendendo a continuidade da atividade econômica no País, apesar das mortes que poderiam surgir.
Com cerca de 8 mil funcionários, o grupo que comanda – que inclui 199 unidades de restaurantes e conteiners com as marcas Madero e Jerônimo – demitiu 600 pessoas no início do surto da Covid-19. A estratégia serviu para cortar custos e desacelerar o processo de expansão. Agora, no entanto, Junior avisa: “desses 600, já trouxemos 315 de volta”. Além disso, promete contratar outros 700 novos empregados até o fim do ano. E depois dos prejuízos dos últimos meses, revela que saiu do vermelho e começou a lucrar novamente. Veja trechos da conversa e assista a entrevista na íntegra pelo IGTV do GeraçãoE.
GeraçãoE – Como entrou no ramo gastronômico após ter se formado em Direito e ter sido vereador e madeireiro?
Junior Durski – Eu chamava os amigos para irem na minha casa à noite, mas gosto muito da rotina. Sou extremamente ansioso. Sempre vou dormir às 21h30min e acordo às 4h30min. Meus amigos ficavam lá e não iam embora. Pensei: vou abrir um restaurante porque, quando eu quiser, vou embora e meus amigos continuam lá. No final de 1999, abri o restaurante Durski com receitas da família. O restaurante não deu muito certo, mas temos até hoje.
GE – Nos conte sobre a expansão do Madero?
Junior Durski – Já tinha cinco unidades e não ia ninguém, mas eu tinha certeza que o produto, a carne, o serviço e o ambiente eram bons. O problema estava no preço. Em meados de 2010, cobrava R$ 29,00 para 260g do hambúrguer. Diminuí o preço para ver se o negócio virava. Antes de diminuir o preço, diminuí o hambúrguer, fiz dois de 130g, e coloquei um em cima do outro. A vantagem era que, em vez de levar 20 minutos para grelhar um hambúrguer grosso, grelhava os dois paralelamente em seis minutos. Com isso, deu velocidade maior e atendia mais pessoas. Mudei também o nome de Madero Prime Steak House para Madero Express, porque é rápido e barato. O nosso movimento aumentou sete vezes no primeiro mês em número de pessoas, e em 400% em dinheiro, mesmo reduzindo o preço em 40%.
Nilo Biazzetto/Divulgação/JC
GE – O que você aprendeu sobre precificação com essa experiência?
Junior – Entendi, claramente, que primeiro de tudo você tem que conquistar o direito de cobrar. Ninguém pode sair cobrando caro por alguma coisa sem ter conquistado o direito. Isso vale para um restaurante, um salão de beleza, para um profissional liberal, um médico que sai da faculdade ou um advogado.
GE – Hoje, tudo que você fala repercute. É importante o empreendedor ter posicionamento político?
Junior – Sem dúvidas. Tem uma frase famosa e que eu concordo: “basta o silêncio dos bons para os maus triunfarem”. Eu tenho essa obrigação comigo, com a minha empresa, com os meus colaboradores, com os meus sócios e com o meu País. Sou brasileiro e quero o bem do meu Brasil.
GE – Como está superando a crise?
Junior – A crise é um momento de oportunidade. Porém, quando eu fiz um vídeo no início da pandemia, dizendo que achava exagero parar o Brasil todo, nunca me preocupei com a nossa empresa. O Madero estava muito bem e continua. Para mim, é muito claro que, no momento de crise, as empresas que estão mal correm um risco muito grande de fechar. Uma empresa que estava mais ou menos, pode ser que feche, pode ser que aguente. E as empresas que estavam bem, que é o caso do Madero, vão ficar melhor ainda. Mas eu sempre fui contra um lockdown duro no Brasil por conta dessas empresas que não estavam bem. Minha grande preocupação era com as pessoas que tinham uma empresa e que lutaram por ela por 15, 20, 30 anos. Pessoas que não viram os filhos crescer, como eu não vi os meus. Sei o que é lutar. Quebrei três vezes. Tenho o direito de lutar pelo meu negócio. Ninguém pode chegar e dizer: ‘você vai fechar e vai quebrar, mas para o teu bem’. O Madero ia passar bem, mas não adianta nada a gente crescer e eu comemorar pisando em cima de cadáveres. Esse nunca foi o meu objetivo. Quero crescer com o meu País e com os meus pares.
GE – E as demissões?
Junior - Na primeira semana da pandemia, demitimos 600 empregados, que estavam vinculados à expansão, que paramos. Numa hora de crise, você tem que pensar que a empresa é a rainha e o caixa, o rei. Fazendo uma analogia com o jogo de xadrez, não perca a rainha nem o rei, se não você perde o jogo. Tínhamos, naquele momento, 8 mil empregados, e demiti 600. Isso é muito mais uma medida de responsabilidade com os 7,4 mil que ficam do que com esses 600. Mas, mesmo assim, quando a gente demitiu essas pessoas, fizemos um programa chamado Tamo Junto e doamos R$ 500,00 para cada um até que os trouxéssemos de volta - pelo menos até o final do ano. Desses 600, já trouxemos 315, pois já retomamos a expansão. Os outros estão em vias de serem recontratados neste mês, no máximo no começo do mês que vem. Temos uma projeção para trazer mais 700 empregados novos até o final do ano. Defendemos o caixa, fizemos os ajustes e reduzimos o salário da diretoria em 50%. O meu salário e de dois vice-presidentes reduzimos em 75%, pois o exemplo tem de vir de cima.
GE – Como foi o avanço do delivery para vocês?
Junior – Em fevereiro, 3% da nossa venda vinha do delivery. Hoje, 42%. Aumentamos em 13 vezes. Não tínhamos delivery no Madero, só no Jerônimo.
GE – Tiveram prejuízos?
Junior - No mês de abril, perdemos dinheiro. Março, empatamos, pois teve 15 dias bons antes de fechar. Maio e Junho fizemos break even (equilíbrio). Agora em julho, tivemos resultado positivo, já saímos do vermelho e estamos bem. Com muito ajuste e muito trabalho.
GE – Você acha que foi mal interpretado no vídeo em que defendia a continuidade da economia?
Junior – Acho que fui. E a questão não é só ser mal interpretado, mas da dificuldade de se comunicar, hoje, nas redes sociais. Há nervosismo demais e isso pode chegar à maldade. Todo mundo sabe que eu apoio o governo do Bolsonaro, então o outro lado acaba atacando. Paciência. Sinto-me bem tendo feito isso, pois eu estava defendendo as pessoas que iriam perder empregos e que iam fechar as empresas.
Mauro Belo Schneider

Mauro Belo Schneider - editor do GeraçãoE

Mauro Belo Schneider

Mauro Belo Schneider - editor do GeraçãoE

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