Quantos talentos se escondem atrás dos imigrantes e refugiados que trabalham no Rio Grande do Sul? Em Novo Hamburgo, desde o final do ano passado, um destacou-se. Masse Mbengue, 26 anos, é um confeiteiro e pizzaiolo senegalês que adotou o Brasil como lar. Ele é dono da
Al Burah Confeitaria e da
Al Burah Pizzaria.
Masse veio à América do Sul no início de 2013 e passou por países como o Peru, Bolívia, Equador e Argentina. No mesmo ano, chegou ao Brasil e não foi mais embora. Ele conseguiu empregos na Serra Gaúcha e no Vale dos Sinos, precisou passar um tempo vendendo mercadorias nas ruas, mas voltou a trabalhar no comércio.
"Assim que consegui meu primeiro emprego, fui à Polícia Federal para regularizar tudo. Consegui trabalhos por aqui, mas acabei indo para as ruas, vender. Certa vez, a polícia apreendeu tudo e eu acabei voltando a trabalhar. Importante deixar as portas abertas", rememora o empreendedor.
Trabalhando na
CauCakes, padaria da cidade de Novo Hamburgo, Masse sentiu necessidade de unir a gastronomia com o empreendedorismo. "Quando eu saí de lá, queria ir para a capital do Mato Grosso do Sul, Campo Grande. Muitos amigos foram. Mas eu queria empreender, ser dono do meu negócio, e sabia que se eu fosse para lá, não teria dinheiro para começar", explica.
No último mês de novembro surgiu a Al Burah Confeitaria. "Comprei forno, batedeira, outros equipamentos e fui fazer panetones trufados. Levava na Feevale os meus produtos, vendia bastante", conta Masse, antes de explicar sobre a Al Burah Pizzaria. "Estava tudo dando certo e aí veio a pandemia. Decidi, então, iniciar uma nova operação", complementa.
Sobre vender em tempos de quarentena, Masse salienta a força de ter uma boa rede de contatos. "Continuo vendendo aos amigos e recebendo apoio na divulgação. Fico feliz com isso. Pude fazer bastante receita na Páscoa, também. Ajudou bastante."