Para especialista, sistema financeiro sofrerá mudanças significativas

Fintechs: solução ou problema na crise?


Para especialista, sistema financeiro sofrerá mudanças significativas

As fintechs vinham crescendo e se destacando num ritmo exponencial ao longo dos últimos anos.
As fintechs vinham crescendo e se destacando num ritmo exponencial ao longo dos últimos anos.
Surgiram soluções e plataformas de variados segmentos, como crédito, investimento, educação financeira, seguro, entre outros.
Nesse período, receberam aporte de capital de fundos, onde muitas delas atingiram o valuation de mercado acima de US$ 1 bilhão, tornando-se assim as tão sonhadas unicórnios.
A ordem econômica, até então, era de desafiar o status quo dos grandes bancos ao redor do mundo, oferecendo serviços ágeis, desburocratizados, de baixo custo, submetidos a pouca regulação, em alguns casos até dispensados pelos órgãos reguladores.
Esse é um mundo que não veremos mais.
O que estamos presenciando agora é uma mudança de comportamento por parte dos clientes, sejam eles tomadores de crédito ou investidores, redirecionando seus olhares para grandes bancos, por simples segurança.
Além disso, pelo lado dos bancos, presenciamos uma forte atuação junto aos bancos centrais, que ajudaram na estruturação de boa parte da solução.
Eles serão os protagonistas e os principais canais de distribuição do capital que será injetado na economia.
Nessa primeira onda do choque econômico, as fintechs ainda estão buscando seu lugar ao sol, atordoadas e sem rumo certo.
Estamos diante de um cenário desafiador para as fintechs. Se por um lado elas trazem soluções simples, flexíveis e de baixo custo, por outro, os bancos trazem uma sólida estrutura de capital que o momento exige.
Se as estratégias se mantiverem assim, haverá uma safra de fintechs que ficará pelo caminho, principalmente as que atuam à margem dos órgãos reguladores. Os bancos sairão muito fortalecidos. E o principal ponto: o dinheiro não chegará nas micro e pequenas empresas.
Mas podemos mudar isso, colocando as coisas no lugar certo e com o engajamento de todos os atores do sistema financeiro.
O raciocínio é simples. Se somarmos a força do capital e capilaridade dos bancos, com a leveza e ótima experiência de usuário das fintechs, teremos a estrutura ideal de mercado, mas para isso, essas entidades devem se alinhar, impedir a tática de eliminação de concorrência e somarem competências.
Mundo ideal jamais sonhado, mas dadas as circunstâncias do momento, é a melhor saída para todos.
Os montantes liberados pelos bancos centrais seriam segmentados e distribuídos de acordo com seu nicho, dando oportunidades às fintechs de entrarem nesse jogo de distribuição às micro e pequenas empresas.
Aos bancos, caberia lidar com médias e grandes.
Se repetirmos o passado, após a crise, teremos bancos e médias e grandes empresas com mais solidez e fortalecidas, e fintechs, micro e pequenas empresas encerrando suas atividades, agravando ainda mais o problema de acesso à capital entre empresas.
O momento é único na história. Portanto, as soluções devem ser compatíveis com a urgência e gravidade da situação.
Se conseguirmos essa convergência de interesses, de bancos centrais, bancos públicos, bancos privados e fintechs, conseguiremos sair dessa crise com um sistema financeiro mais robusto, mais justo e com alcance social de proporções jamais vistas até o momento.
E se existe algo de positivo nessa crise que vivemos, é a possibilidade real de nascer uma nova ordem econômica e financeira mundial, mais justa e inclusiva.

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