Vitorya Paulo

Com a entrada de turistas à fábrica suspensa, a empresa está se adequando às medidas sanitárias

Vinícola de Vacaria prevê ações pós-pandemia

Vitorya Paulo

Com a entrada de turistas à fábrica suspensa, a empresa está se adequando às medidas sanitárias

O enoturismo, atividade para quem quer conhecer e desfrutar o sabor e aroma dos vinhos em regiões produtoras, é uma das categorias que está sofrendo com as paralisações provocadas pela pandemia do coronavírus. Ajustando-se à nova realidade e se adequando para o futuro, o gerente geral e enólogo responsável pela Vinícola Campestre, de Vacaria, André Donatti, afirma que a empresa, fundada em 1968, está tomando cuidados para manter tanto os turistas quanto os funcionários protegidos. Com fabricação de 30 rótulos de vinhos finos, espumantes e sucos, com volume de produção que chega a 30 milhões de litros ao ano, a vinícola havia iniciado as visitas na propriedade no início de fevereiro. Nesta entrevista, André explica as ações que foram tomadas para que o futuro do enoturismo nos Campos de Cima da Serra se intensifique após a pandemia.
O enoturismo, atividade para quem quer conhecer e desfrutar o sabor e aroma dos vinhos em regiões produtoras, é uma das categorias que está sofrendo com as paralisações provocadas pela pandemia do coronavírus. Ajustando-se à nova realidade e se adequando para o futuro, o gerente geral e enólogo responsável pela Vinícola Campestre, de Vacaria, André Donatti, afirma que a empresa, fundada em 1968, está tomando cuidados para manter tanto os turistas quanto os funcionários protegidos. Com fabricação de 30 rótulos de vinhos finos, espumantes e sucos, com volume de produção que chega a 30 milhões de litros ao ano, a vinícola havia iniciado as visitas na propriedade no início de fevereiro. Nesta entrevista, André explica as ações que foram tomadas para que o futuro do enoturismo nos Campos de Cima da Serra se intensifique após a pandemia.
Ele ressalta, ainda, as iniciativas que estão sendo feitas entre os empreendedores locais para que todos se fortaleçam juntos. Embora o momento seja de cautela, André é otimista sobre o futuro.
GeraçãoE - Antes da pandemia do coronavírus, como eram realizadas as visitas?
André Donatti - Iniciamos no final de janeiro, início de fevereiro. Em nem um mês, chegamos a receber mais de 200 visitantes para conhecer a vinícola. O horário da abertura da loja, antes da pandemia, era das 8h30min às 20h, todos os dias, e o horário das visitas ficavam entre 9h30min e 14h30min, sendo conduzida por uma atendente. A partir daí, na degustação final, sempre tinha um enólogo para conversar sobre o lado mais técnico. Em relação à pandemia, acabamos encerrando por tempo indeterminado a visitação, até porque o contato é muito próximo. A loja, por um momento, ficou fechada por quase duas semanas. Voltamos, recentemente, com cuidados, usando álcool em gel, luvas e máscaras. Estamos mantendo a distância e reduzindo o horário de trabalho também. Atualmente, atendemos das 9h às 18h e fechamos ao meio-dia. Apresentamos os produtos, mas dentro do conceito de cuidado. Todos os nossos colaboradores estão instruídos para isso. Anteriormente, oferecíamos happy hour, para degustar com vinhos, espumantes e sucos, e agora não oferecemos. Se o cliente quiser pedir na área externa, não tem problema, desde que não ocorra aglomeração.
GE - Além das visitas, como está sendo a adaptação na produção?
André - Quando iniciou a pandemia, no início de março, tomamos a decisão de reduzirmos a questão do trabalho. Não da jornada em si, mas do número de pessoas. Acabamos afastando as grávidas e quem tem acima de 60 anos. Não recebemos fornecedores e pessoas externas. Antecipamos as férias para quem já tinha para tirar. No refeitório, dividimos os horários de refeição em quatro, distanciamos as mesas e cuidamos os talheres. Com a dificuldade de encontrar álcool em gel no mercado, acabamos fazendo aqui na fábrica um álcool 75%, porque tínhamos os componentes, então diluímos corretamente. Estamos sempre avaliando, dia a dia, o que a gente pode prevenir e melhorar nesse processo.
GE - Quais os impactos que a vinícola e o setor estão sentindo com essa crise?
André - O que já percebemos, dentro do primeiro mês de março na vinícola, é que tivemos uma queda de vendas de 30%. Nossa expectativa, lamentavelmente ruim, é que chegue no mês de abril uma queda de 60%, em virtude da pandemia. No setor vitivinícola, o impacto é maior, porque é um setor difícil, não tem incentivos fiscais, ajuda de quem poderia para diminuir as tributações e impostos. Então, acho que o problema vai ser muito maior daqui em diante. O setor não aguenta mais de um mês parado. Estamos com a redução da produção e, automaticamente, da venda. Temos essa preocupação e a vinícola é sólida, sim, mas o setor é mais preocupante, porque tem empresas menores, familiares, então, teria que ter um subsídio que, atualmente, não existe.
GE - Quais as lições que o turismo gaúcho pode aprender com essa situação?
André - O que a gente pode perceber é que o Brasil, na questão do turismo, tem muito para agregar. O que podemos aprender nisso é que, se a gente já faz bem, há espaço para melhorar. Aproximar mais as pessoas, valorizar mais a convivência. Sempre dizemos que o vinho faz amigos, e acho que só temos a melhorar isso. Não só como clientes, mas como amigos. É isso que nos faz crer no enoturismo.
GE - Como vê o futuro das vinícolas após o coronavírus?
André - Será uma retomada após essa situação. Queremos tornar Vacaria um dos polos de turismo do Brasil e do Rio Grande do Sul. Em relação a isso, o que pretendemos é criar mais atrações, não só no âmbito vinícola Campestre, mas ter o nosso restaurante e o nosso hotel. Tornar os Campos de Cima da Serra conhecidos. É o que a gente almeja além da vinícola. Hoje, já temos a Associação dos Vinicultores dos Campos de Cima da Serra, pela qual estamos tentando trazer mais coisas para Vacaria. Atualmente, temos a Vinícola Campestre, a Vinícola Família Lemos de Almeida, Aracuri, Rasip, uma cidade antiga, histórica e uma obra de Oscar Niemeyer. Temos um futuro brilhante para explorar na questão do turismo. Esse é o futuro, não só da vinícola, como dos Campos. Queremos mostrar para o mundo que os vinhos do Brasil todo têm reconhecimento internacional.
 
Vitorya Paulo

Vitorya Paulo - repórter do GeraçãoE

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Vitorya Paulo - repórter do GeraçãoE

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