"O que a gente vai ver, nas próximas semanas, é uma necessidade muito grande de comunidade, de todo mundo fazendo o que for possível pelo outro." É assim que a professora de inglês Lorena Monnerat, 39 anos, descreve o futuro próximo do isolamento social. Pensando nessa realidade, ela, que já dá aulas a distância há 10 anos, decidiu ajudar outros professores a lidarem com a quarentena da melhor forma. Com a sua expertise na modalidade, ela criou uma rede de apoio entre profissionais para compartilhar dicas e conselhos.

Lorena decidiu dar aulas a distância quando saiu do interior do Rio de Janeiro para São Paulo, onde mora atualmente. "Eu disse para os alunos que estava me mudando e os deixei livres para pedirem indicações de outros professores ou continuarem as aulas pelo Skype. Para minha surpresa, quase todos foram comigo", lembra. Atualmente, ela atende cerca de 30 alunos virtualmente. Para se organizar, Lorena explica que começa às 7h e vai até as 21h com intervalos entre três a quatro aulas. "Separo, pelo menos, uma hora para que eu consiga levantar, caminhar pela casa, tomar um banho, comer", descreve.

A professora lembra que, quando iniciou, os recursos disponíveis eram chamadas de vídeo e texto, basicamente. "Hoje, consigo compartilhar a tela, quadro branco virtual, colocar todo tipo de recurso, trabalhar com música de modo mais interativo", descreve. Para ela, ter tantas ferramentas à disposição facilita na adaptação à nova realidade imposta pela pandemia de coronavírus. "Temos plataformas que permitem ao professor falar para um grupo muito grande e as que atendem a grupos menores. Está todo mundo aprendendo junto. Os professores têm que lembrar que está todo mundo no mesmo barco."

Dispor do conhecimento adquirido na carreira não foi um gesto de filantropia, opina. "Nesses dias, eu estava bastante ansiosa e me dei conta que precisava sentar e planejar o que ia falar com esses professores na primeira reunião. No momento que planejei, o meu nível de estresse baixou muito. Por isso, acredito que quem ajuda, ajuda a si mesmo", afirma. Foram realizadas duas reuniões virtuais com os profissionais, que também mantêm o contato via grupo no WhatsApp para conversar e trocar ideias. "Estou me mantendo ocupada de um modo produtivo e positivo, e isso me ajuda a lidar com a tensão da quarentena", diz.