Devido à pandemia, o BS Festival foi transferido para setembro. Um dos idealizadores do evento explica os motivos e estratégias futuras

'Nunca tivemos um cenário de calmaria na economia'


Devido à pandemia, o BS Festival foi transferido para setembro. Um dos idealizadores do evento explica os motivos e estratégias futuras

Na sua quarta edição, o Black Sheep (BS) Festival, evento de inovação e empreendedorismo que chegou ao Rio Grande do Sul em 2017, também sofreu os impactos da pandemia do coronavírus, assim como o mercado de eventos nacional e internacional. Considerado um dos grandes momentos do ano na área, a data do festival em 2020 ainda não tinha sido lançada quando as orientações de isolamento social foram anunciadas pelos órgãos de saúde.
Na sua quarta edição, o Black Sheep (BS) Festival, evento de inovação e empreendedorismo que chegou ao Rio Grande do Sul em 2017, também sofreu os impactos da pandemia do coronavírus, assim como o mercado de eventos nacional e internacional. Considerado um dos grandes momentos do ano na área, a data do festival em 2020 ainda não tinha sido lançada quando as orientações de isolamento social foram anunciadas pelos órgãos de saúde.
Nesta entrevista, um dos idealizadores e fundadores da iniciativa, Wayner Bechelli, explica como está sendo o atual momento para o BS Festival e dá dicas de como superar a crise.
GeraçãoE - Que mudanças serão feitas no BS Festival por causa do coronavírus? Houve troca de data, cancelamento de palestrantes?
Wayner Bechelli - O mercado de eventos, de experiência, de conexão entre pessoas no mesmo ambiente, é o que mais está sofrendo com esse tipo de cenário. É óbvio que a calamidade é geral, mas nós que trabalhamos com isso dependemos de público. Estamos tendo que nos reinventar com outros tipos de produto, outros tipos de conexões, utilizando muito o digital. Falando sobre o evento em si, que está chegando na quarta edição, a situação é algo inusitado e totalmente atípico, pegou muita gente de surpresa. Estamos, de certa forma, mais calejados. Nunca tivemos um cenário de constância e de calmaria em termos de economia. O Brasil vem sofrendo, nos últimos anos, com muitas calamidades e pandemias acontecendo em diversos setores. Sempre tivemos anos atípicos em algum tipo de cenário que impactava a economia de alguma forma. Tivemos greve dos caminhoneiros, impeachment, cenário político instável. Todo ano temos surpresas na economia e nas estruturas que impactam diretamente os nossos projetos. Esse ano, estávamos esperando que algo pudesse acontecer, apesar de sermos otimistas. É óbvio que, talvez, a proporção seja muito maior, mas constantemente prevemos cenários diferentes e atacamos de maneiras diferentes. Estávamos planejando de maneira diferenciada esse ano, trazendo o ambiente Brasil para o festival, nacionalizando, trazendo a brasilidade como o vetor de inovação do evento. E acho que tem tudo a ver com o cenário que estamos passando. O Brasil vai ter que se reiventar de novo, e o festival também. Tínhamos a data padrão de agosto, embora não tivesse sido lançada ainda. Se não houvesse a pandemia, o público já estaria comprando ingresso, sabendo dos palestrantes convidados, das marcas envolvidas, e ninguém está sabendo de nada. Estamos confirmados para 25 a 27 de setembro. Assim, acabamos não tendo impacto efetivo de cancelamento de palestrantes e as marcas que estão negociando conosco estão acertadas, continuam dentro do projeto.
GE - Como vê os impactos do coronavírus no segmento de eventos?
Wayner - Acredito que as empresas menores, com novos projetos, estão sentindo muito mais, apesar de todos serem atingidos. Os impactos do coronavírus são devastadores para o mercado, não só o de eventos. Acredito que essa reinvenção é grande para todo mundo. Temos que ver o copo meio vazio e meio cheio também. Dentro da nossa equipe, já vínhamos estudando novas formas de se desenvolver no mercado de eventos e não só na necessidade de ter pessoas ao vivo em um único local, mas de expandir isso a nível mundial com portais, projetos diferenciados no digital. Acho que o impacto é negativo por um lado porque não se estava planejando, mas também é positivo de certa forma para, de fato, desenvolver. Sabemos que foram as grandes crises que desenvolveram o mercado, e eu acho que é uma grande oportunidade para as empresas olharem para dentro e começarem a criar novos produtos e enxergarem parcerias dentro do mercado. Tem muitas empresas se conectando para tentar se desenvolver e transformar o mercado de eventos em algo diferente.
GE - Qual a solução para minimizar os impactos?
Wayner - Uma das soluções e necessidades para diminuir os impactos nesse momento, além de se reinventar, é estar aliado a grandes marcas, que, de certa forma, conseguem passar por esse tipo de momento com menos impacto. Marcas que entendam que precisam ajudar, que precisam cobrir e cuidar dos seus fornecedores, dos seus parceiros. Então, se tu tens marcas que já são parceiras de projetos, acho que elas acabam minimizando esse tipo de impacto. Parcerias qualificadas e fortes, desenvolvimento de novos produtos, entendimento financeiro interno são pilares importantes. O governo precisa olhar pra esse tipo de mercado, fazer incentivo e ajudar a minimizar o impacto porque, de certa forma, também impôs algumas regras para que o vírus se desenvolvesse de maneira menor e impactasse menos pessoas em termos de saúde. Existe uma responsabilidade do setor público, que precisa olhar para essas empresas que estão sendo muito impactadas por não poderem desenvolver seus negócios.
GE - Quais as vantagens de atuar no ramo de eventos?
Wayner - As empresas de eventos e o segmento em si são muito voláteis. Acho que todos os players que trabalham nesse mercado precisam se falar mais e estar sempre preparados para uma crise. A gestão de crise é necessária constantemente nesse tipo de mercado, porque ele é muito impactado por qualquer tipo de momento instável que o País possa sofrer. É um mercado que depende muito do marketing, do público. Tem que estar sempre gerindo crise e estar preparado para esse tipo de momento porque não é único. Isso pode acontecer todo ano, e é o que a gente vem trabalhando internamente no BS.

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