A Feira de Artesanato da Praça da Alfândega é um dos símbolos de Porto Alegre. As bancas surgiram de um incentivo fiscal do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e os vendedores e artistas, desde 2016, são permissionários das estruturas. No entanto, há quem esteja há 30 anos armazenando histórias de empreendedorismo no local.
Antonio Edgar da Costa Ferreira, o Kashowpa, artista plástico, trabalha na praça desde antes da feira ter o formato atual.
"Estou há 41 anos por aqui, fui presidente dessa feira por 23 anos. Tornei ela vitalícia, consegui um espaço permanente", conta.
Sentado à frente de sua banca enquanto produz algumas peças, o jeito tranquilo na fala de Kashowpa contrasta com sua constância em produzir. Com tanto material, é difícil montar e desmontar tudo diariamente.
"Meu sonho era poder ficar aberto 24 horas. Mas não é só pela montagem. Seria lindo ter um entorno revitalizado para ser opção para quem perde o sono. Imagina uma cervejinha aqui durante a madrugada?", provoca.
Além disso, o artesão, que se considera parte do folclore da cidade, já realizou outras feiras e exposições. Ele lembra com carinho de uma no Mercado Público. "Todos gostaram muito, tem registros na internet das pessoas comentando."
Outro personagem da feira é Beto Borgoni. O empreendedor aposta em camisetas estampadas, que vão de Cartola à Pink Floyd, para atrair o público.
"Gosto de trabalhar na rua. É onde as paredes não nos limitam, onde vejo o sol se mexendo. As camisetas são o passaporte para isso e o que posso fazer é trabalhar com humildade, com respeito ao cliente e criando muito material", disserta.
Beto entende que "a feira é organizada, disciplinada, sendo a relação de uma banca com a outra razoavelmente civilizada". Dali, inclusive, ele garante ter vindo as melhores coisas de sua vida. "Aprendi a ser leão nessa selva e não quero que meu negócio morra", afirma, citando também as dificuldades.