Sócia-fundadora da PALAS, Marília Cardoso, fala sobre o novo segmento que está surgindo

Depois dos unicórnios, as zebras


Sócia-fundadora da PALAS, Marília Cardoso, fala sobre o novo segmento que está surgindo

O mundo está mudando tão rápido que a gente mal se acostumou a entender o que são unicórnios - empresas com valor estimado em mais US$ 1 bilhão - e já tem outro bicho entrando no mercado: as zebras. E, ao que tudo indica, elas serão as grandes protagonistas da próxima década.
O mundo está mudando tão rápido que a gente mal se acostumou a entender o que são unicórnios - empresas com valor estimado em mais US$ 1 bilhão - e já tem outro bicho entrando no mercado: as zebras. E, ao que tudo indica, elas serão as grandes protagonistas da próxima década.
Depois de muito palco e holofote, inovadores e suas startups que arrebataram milhões em rodadas de investimentos começam a mostrar que, muitas vezes, há mais mídia que resultado. Esse sentimento ficou ainda mais evidente após o fraco IPO (Oferta Pública Inicial) do Uber e o colapso financeiro da WeWork. Uma prova irrefutável de que uma boa ideia não é suficiente para garantir o sucesso de uma empresa.
Tanto é que o professor de marketing da Universidade de Nova Iorque, Scott Galloway, prevê um declínio de 50% no valor de "empresas unicórnio" de capital fechado em 2020. Ele apelidou essas empresas de incineradoras, já que queimam dinheiro para comprar crescimento, muitas vezes sem nenhuma perspectiva de obter margens operacionais positivas.
Embora tentador, o discurso de bolha não tem fundamentos em dados. Para especialistas, há um excesso de capital em busca de boas oportunidades, mas já existem vários setores trabalhando para que o fenômeno dos unicórnios acabe. Os investidores devem se tornar mais cautelosos, evitando acumular prejuízos advindos de pura empolgação.
O movimento, como sempre observo, lembra o de um pêndulo. Depois do otimismo e entusiasmo exacerbado, investidores que foram tomados pela onda de disrupção e de promessas de lucros fartos e rápidos, caem em si. Os números os fazem lembrar que o capitalismo é implacável e que de nada adianta um belo discurso se a última linha - a do resultado financeiro - não for satisfatória.
É justamente nesse contexto que surgem as zebras, com o propósito de consertar o que os unicórnios quebraram. A comunidade Zebras Unite nasceu em 2017, com a publicação de um manifesto elaborado pelas empreendedoras norte-americanas Mara Zepeda, Aniyia Williams, Astrid Scholz e Jennifer Brandel. Hoje, estima-se adeptos na Alemanha, Austrália e México, somando alguns milhares de empreendedores e investidores. Além de mais conscientes da questão financeira, elas se baseiam em valores que vão muito além do "crescer rápido e sair de cena". Para elas, os unicórnios priorizam o crescimento exponencial em detrimento da sustentabilidade econômica, social e ambiental. Ou seja, um modelo que só atende às necessidades de seus próprios fundadores.
Mas por que zebras? Segundo elas, porque são "preto e branco", ou seja, está nítido, transparente, sem mistérios. Além disso, as zebras são reais, ao contrário dos unicórnios. E, o mais importante, as zebras vivem e prosperam juntas, colaborando, e não competindo.
Se os reis da selva da inovação serão os unicórnios ou as zebras, ainda não conseguimos saber. Mas, o fato é que a próxima década não será para amadores. Com o advento e a ampliação ao acesso a tecnologias cada vez mais sofisticadas, ficar parado não é uma opção. É possível que existam vários caminhos para o sucesso, contudo, todos eles devem chegar a um único destino: a união entre lucro e propósito. Sejam eles formados por zebras ou unicórnios.

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