Mauro Belo Schneider

O livro segue promissor

Mauro Belo Schneider

A evolução da tecnologia modificou a dinâmica de mercados tradicionais. A saída, para muitos, foi encontrar nisso uma adequação aos novos tempos. Com os livros, não foi diferente. Neste ano, a editora caxiense Belas Letras venceu o Prêmio Nacional de Inovação Sebrae/CNI 2018/2019. O setor de marketing da empresa foi observado durante dois anos até a premiação, com visitas presenciais do comitê julgador. O CEO da marca, Gustavo Guertler, fala, nesta entrevista, das estratégias da empresa. Confira, a seguir, trechos da conversa:
A evolução da tecnologia modificou a dinâmica de mercados tradicionais. A saída, para muitos, foi encontrar nisso uma adequação aos novos tempos. Com os livros, não foi diferente. Neste ano, a editora caxiense Belas Letras venceu o Prêmio Nacional de Inovação Sebrae/CNI 2018/2019. O setor de marketing da empresa foi observado durante dois anos até a premiação, com visitas presenciais do comitê julgador. O CEO da marca, Gustavo Guertler, fala, nesta entrevista, das estratégias da empresa. Confira, a seguir, trechos da conversa:
GeraçãoE - Como a inovação é tratada na Belas Letras?
Gustavo Guertler - A gente trabalha no sentido de que a inovação são pessoas. Não adianta ter toda tecnologia se não houverem pessoas.
GE - O setor livreiro passa por um momento simbólico e desafiador, certo?
Gustavo - No ano passado, toda a cadeia do livro, no Brasil inteiro, teve uma série de problemas com a recuperação judicial de duas grandes redes, a Cultura e a Saraiva. Mas a gente não pode encontrar aí um limitador. O reconhecimento do Sebrae e da Confederação Nacional da Indústria (CNI) é muito simbólico. Coloca as inovações desse mercado, que é nichado, para o centro das atenções. Ao mesmo tempo que tivemos os problemas no mercado do livro, dá pra entender que a inovação pode resolver, que ela encontra caminhos para novos oceanos.
GE - Como está esse cenário da economia criativa?
Gustavo - A Belas Letras é de Caxias do Sul. Estamos numa região que é um polo industrial e, aos poucos, desbravamos um terreno de economia criativa. Acredito que esse prêmio possa ser um grande incentivo para que a gente amplie esse conceito na nossa região.
GE - E quais os diferenciais da Belas Letras?
Gustavo - A gente encara o produto de outra forma. O que eu quero dizer com isso? Não vemos somente como literatura, e sim como ferramenta de transformação. Nosso propósito é transformar a vida das pessoas através de histórias. Tudo que a gente publica tem uma curadoria muito forte. A gente se pergunta: "isso vai inspirar as pessoas a gerar transformação?". Só publicamos histórias reais, de não-ficção, compartilhamento de experiências. Temos O Papai é Pop, do Marcos Piangers, e o Vai lá e faz, do Tiago Mattos, que são livros transformadores. O mercado estava muito direcionado para o técnico. Então, a percepção de valor é o diferencial. O segundo, um projeto que criamos há pouco mais de dois anos, chamado Compre 1 Doe 1. Funciona assim: a cada livro vendido no nosso e-commerce, doa-se outro.
GE - De onde veio essa ideia?
Gustavo - Essa é uma estratégia mundial, muitas empresas já fizeram, mas a gente não conhece nenhuma no ramo do livro. Implantamos esse processo em relação ao livro com um diferencial. Em vez de doar para uma biblioteca, fazemos com que o nosso cliente escolha para quem doar. O cliente entra no site da Belas Letras, faz o pedido e, quando recebe, vai junto a segunda obra. É uma edição especial, altamente transformadora, feita só para isso. Vai, ainda, uma carta que explica que o livro não é para ele e sim para passar adiante. Estimulamos pequenas atitudes. Apenas esse gesto não vai fazer a diferença na comunidade, mas sair da zona de conforto, conhecer outra realidade e presentear uma pessoa têm nos rendido depoimentos incríveis de retorno e de vendas. Fizemos dos nossos clientes transformadores sociais.
Mauro Belo Schneider

Mauro Belo Schneider - editor do GeraçãoE

Mauro Belo Schneider

Mauro Belo Schneider - editor do GeraçãoE

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