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Setembro marca o início da liberação dos saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) no valor máximo de R$ 500,00. Será que é possível começar um negócio com esse investimento? Há gente que prova que sim.
Carolina Vence, maquiadora de 20 anos, diz que “dá para fazer chover” com a quantia. Popular no Instagram, com quase 40 mil seguidores, Carol, como gosta de ser chamada, começou a maquiar aos 13 anos. A paixão, no entanto, vem desde muito antes. “Tem foto minha com batom vermelho aos três. Maquiagem representava o que brinquedos normalmente representam”, conta.
Para muitos, empreender pode parecer um bicho de sete cabeças. Para Carol, foi uma questão natural. “Sempre fui muito teimosa e muito de me meter. Eu queria maquiar. Minha mãe dizia: ‘Carolina, tu tens 13 anos’. Eu respondia: ‘E daí? Ninguém precisa saber, eu posso dizer que tenho mais’. E eu dizia que tinha mais! Falava que tinha 18, estava cursando Arquitetura na Ufrgs. Me parabenizavam por ser tão nova e já estar na Federal. Nem imaginavam o quão novinha eu era”, diverte-se Carol.
LUIZA PRADO/JC
Sobre os primeiros equipamentos, Carol explica que achou barganhas na internet. “Mexia muita na OLX, eu queria comprar maquiagem e começar logo. Tinha uma vendedora de uma marca bem famosa vendendo uma maleta de maquiagem que valia R$ 2000,00 por esses R$ 500,00. Pesquisei item por item e realmente valia. ‘Me fiz’ com aquela caixa. E era lá na OLX que eu colocava meus serviços como ‘Maquiadora a domicílio.’”
Carol ia de ônibus com a maletinha laranja até as clientes. "Minha mãe ia comigo no começo. Só ia embora quando eu dava o sinal de que a pessoa era confiável, que estava tudo seguro. O que eu ganhava, investia em novas coisas, era muito nova, não tinha contas para pagar, estava no colégio. Então, já fui construindo desde aquela época”, complementa Carol.
Empreender significa, também, não estagnar. A maquiadora chegou a fazer freelas em salões de beleza, e, por mais que tenha gostado, a experiência serviu para entender qual seu modelo de negócio ideal. “Salão era mais do mesmo, meio ‘bastantão’. Não me agradava o tratamento às clientes. Percebi que queria fazer meu nome, ter meu estúdio, fazer do meu jeito”, lembra Carol.
O apartamento dos pais serviu como pontapé inicial da nova fase, até que fosse inaugurado o Studio Carolina Vence, no bairro Petrópolis. “É um apartamento antigo, grande, tinha uma parte não utilizada. Meu pai dizia que não podia ter comércio ali e não queria deixar, mas eu teimei, como sempre. Arrumei vários argumentos, achei uma brecha legal, inclusive. E dentro de casa eu fiz todo meu nome. Foi ali, mesmo não tendo lugar para estacionar, não tendo luxo. Quer fazer algo? Faz bem feito que o resto não importa”, garante Carol.
Ela montou o estúdio em 2018, chamou alguém para fazer cabelo, outra pessoa para unhas, uma massoterapeuta conhecida. Um coworking de beleza mesmo. E no primeiro ano já foi indicada para o Prêmio Jovem Empresário de Porto Alegre.
Além dos serviços de beleza, Carol enxergou outra possibilidade de empreender no setor. “Não pensava que era isso que eu ia fazer para vida. Eu realmente gostava de Arquitetura e achava que faria. Mas as coisas começaram a acontecer, comecei a dar cursos sobre maquiagem. Tudo que colocava no Insta tinha, no final da legenda, “informações de curso VIP” e o WhatsApp. Como se eu tivesse dado muitos já. Funcionou, fui fazendo”, conta aos risos.
A boa performance no Instagram já faz com que muitas pessoas tratem Carol como digital influencer. "Sempre fui muito de falar. As meninas se identificam comigo porque não apareço só maquiadinha, sempre produzida. Isso, junto ao tratamento especial, com bastante conversa e possibilidades no serviço faz com que nos vejamos mais como amigas do que qualquer coisa", afirma Carol.
Como dica para quem quer começar, a empreendedora exemplifica com uma fase desafiadora já superada. “Quando comecei a pensar em dar o passo de ter um local para mim, a preocupação da família era se eu ia conseguir manter. A minha era só em achar o melhor lugar. Eu sabia que ia conseguir, nunca me recusei a trabalhar. Quer maquiagem às 4h? Eu faço. Muita gente pergunta como eu atingi o sucesso. É trabalho. Feriado não paga boleto. Muita gente querendo ouro e pouca querendo cavar”, percebe.
LUIZA PRADO/JC