Encontrar o propósito de vida aos 60 anos. Foi o que aconteceu com a economista Ju Pituco ao abrir o seu primeiro negócio próprio. A versão empreendedora veio após uma carreira de quatro décadas como executiva em bancos. "Sempre tive um sonho e um planejamento de que o dia que eu parasse essa atividade financeira eu ia ter uma marca própria com um produto meu", conta. Em dezembro de 2018, ela abriu a Lulu Balm Cosméticos, marca de bálsamos hidratantes.

O encontro com o produto que fez Ju largar a vida de executiva para assumir a empreitada de empreender aconteceu em uma viagem. Praticante de yoga e meditação, foi em um momento de relaxamento que ela teve a ideia do seu negócio.

"Em 2017, durante uma viagem para os Fiordes, na Noruega, fui meditar em um riacho do lado de uma cachoeira de degelos de neve. Senti uma coisa muito diferente. Antes de ir embora daquele vilarejo, paramos em uma cafeteria ao lado de uma igreja gótica e eu achei um bálsamo chamado bálsamo do peregrino. Quando eu senti o cheiro, me deu uma coisa. Naquele momento, soube que tinha encontrado meu projeto de vida", conta.

O primeiro desafio foi descobrir os elementos que constituíam a receita do bálsamo e adaptar essa composição para um clima totalmente diferente do norueguês. "Desenvolvemos uma fórmula feita para um país de -37ºC para um país tropical de 37ºC. Buscamos uma estabilidade para que se adaptasse ao Brasil, para que os óleos não perdessem sua estrutura."

O processo de pesquisa durou seis meses e o desenvolvimento do produto final, um ano. Com óleos importados da Espanha e Egito, a base do bálsamo é feita de lavanda, semente de girassol, eucalipto, macadâmia, calêndula, uva, arnica, amêndoas e abacate. As vendas são feitas através do site www.lulubalm.com.br.

A Lulu Balm (nome em homenagem à Luíza, neta de Ju) pretende lançar, em 2020, uma nova linha com base em frutas cítricas. Apesar do pouco tempo de existência, quatro meses, Ju considera a experiência bem-sucedida. "A minha empresa foi muito bem planejada e isso me dá tranquilidade de que vai dar certo", acredita. O olhar otimista da nova empreendedora é decorrente, ainda, da sua experiência profissional.

"As pessoas não têm um planejamento. Elas querem fazer um produto de qualquer jeito, com lucro imediato. Tem que ter um aporte, buscar um investidor. Eu preparei o meu pé de meia para abrir o meu empreendimento", detalha.

Além da experiência no mercado financeiro, Ju injetou no negócio seu desejo de encontrar novas motivações. "Como eu sempre trabalhei em áreas comerciais, o planejamento estratégico sempre foi algo muito forte para mim. A vida corporativa me preparou para a maneira como me posiciono enquanto empreendedora. Não foi um desafio tão grande, mas foi um prazer. Agora é o momento de me encontrar, de ser feliz", celebra.