Luka Pumes

São as pessoas que fazem do Mercado um local imperdível no Rio Grande do Sul. É o destino para amantes de culinária e de produtos típicos

Gambrinus: da confraria germânica ao restaurante mais antigo do Mercado Público

Luka Pumes

São as pessoas que fazem do Mercado um local imperdível no Rio Grande do Sul. É o destino para amantes de culinária e de produtos típicos

A história de Porto Alegre observada em arquitetura, costumes e comércio vem de fontes inesgotáveis. Há as africanidades espalhadas pelo Centro Histórico, os indígenas e seus artesanatos típicos; e os judeus e árabes atuando em diversos setores. O Gambrinus, um dos locais mais antigos da cidade, faz parte da mistura de nacionalidades. O restaurante, no Mercado Público, tem influências portuguesas, italianas e alemãs.
A história de Porto Alegre observada em arquitetura, costumes e comércio vem de fontes inesgotáveis. Há as africanidades espalhadas pelo Centro Histórico, os indígenas e seus artesanatos típicos; e os judeus e árabes atuando em diversos setores. O Gambrinus, um dos locais mais antigos da cidade, faz parte da mistura de nacionalidades. O restaurante, no Mercado Público, tem influências portuguesas, italianas e alemãs.
Há 130 anos, imigrantes alemães fundaram o Gambrinus, que à época funcionava como confraria. Os germânicos recém-chegados na Capital eram conduzidos até o endereço para que pudessem encontrar um pouco da sua terra natal entre conversas e canecas cheias de cerveja - bebida levada pelos frequentadores, já que não era vendida no local. Com a migração dos alemães para a região de bairros como Moinhos de Vento e Floresta, o Gambrinus ficou sob nova gestão. Dessa vez, italiana.
Os irmãos Finatto levaram o clima das noites de Treviso ao recinto. Na época, Antônio Dias de Mello, junto a seus irmãos (todos nascidos em Portugal), decidiu se associar aos italianos. Com a aposentadoria dos Finatto, naturalmente os lusitanos ficaram com o ponto. Em 1964, então, surge o restaurante nos moldes em que a cidade conhece até hoje, operando, pela primeira vez, durante o dia.
fotos MARIANA CARLESSO/JC
Além dos peixes, carnes, saladas e acompanhamentos, há três ou quatro "Opções do Dia", que, em sua maioria, não fazem parte do cardápio tradicional. Quem quer, por exemplo, experimentar a feijoada à moda da casa, necessariamente, terá de comparecer na segunda-feira. A tainha recheada com camarão pode ser encontrada na sexta-feira ou no sábado. Para um fã de carreteiro de charque, pimentão recheado ou costela de panela, o dia recomendado é a quinta-feira.
Engana-se quem imagina que, por estar localizado dentro de um ponto turístico, o Gambrinus tem vida fácil. Há a concorrência no entorno e dentro do próprio Mercado Público. Nadja Demezuk Mello, 38 anos, filha do falecido Antônio, revela que uma recente modernização do cardápio se deu para buscar um público mais jovem. "Conversamos sobre nossos clientes e percebemos que eles estão indo embora. Precisávamos modernizar. Sem falar que aqui tratamos o cliente como família e a cada luto sentíamos junto com os familiares", diz a sucessora do negócio.
A chegada da tilápia - uma opção mais econômica aos outros peixes - no restaurante é tida como uma revolução para o Gambrinus. É consenso de toda a equipe que o prato é um fenômeno.
"Nunca imaginaríamos que um peixe de açude poderia render tanto", salienta Nadja. Historicamente, os peixes de água salgada são os mais populares na cultura lusitana e, por esse motivo, é curioso uma raça de água doce estar presente no cardápio.
Marlene Barden, uma das sócias do restaurante e cunhada de Antônio, é quem guarda as memórias do local. Ela carrega, inclusive, um grande álbum de fotos no estabelecimento e folheia as páginas cheias de momentos marcantes.
"Aqui, o Lulu Santos, ali o Ed Motta comendo bolinho de bacalhau. Na foto de baixo é a Deborah Secco nos tempos de Roger no Grêmio e esse foi um jantar do Olívio Dutra na área externa", descreve. "Sinto falta é do Thiago Lacerda, ele nunca mais apareceu", lamenta Marlene, entusiasmada com os visitantes mais célebres.
Hoje, o Gambrinus, que funciona das 11h30min às 20h, conta com site, cardápio digital e redes sociais com fluxo de postagens constante. Algo inimaginável em 1964.
Ter se adaptado aos tempos modernos, sem deixar que o título de "clássico" fosse justificativa para parar no tempo, torna o Gambrinus o negócio mais antigo do Mercado Público de Porto Alegre. Uma parada obrigatória para os visitantes.
Luka Pumes

Luka Pumes - repórter do GeraçãoE

Luka Pumes

Luka Pumes - repórter do GeraçãoE

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