"Mas quem nunca sonhou um dia em ser astronauta?", responde Yvonne Cagle, numa sessão privada para parceiros da Resultados Digitais durante o RD Summit, ao ser questionada sobre como chegou até a Nasa, onde trabalha desde 1996. No dia anterior, sua palestra havia sido o ponto alto do evento.
A grande diferença é que ela levou o sonho adiante, estudou muito e acreditou no impossível. Após 15 anos de atuação como cirurgiã de voo da Força Aérea estadunidense, Yvonne permanecia com o sonho de voar ainda mais alto.
Hoje, ela é pesquisadora clínica aeroespacial da Nasa e se prepara para a próxima expedição a Marte, que chegará ao planeta vermelho fazendo o trajeto até a lua.
"Vamos para Marte! Vamos para a lua de novo!", exclamou duplamente, para a audiência em Santa Catarina. A afirmativa mais parece roteiro de filme, mas Yvonne está falando muito sério, tanto sobre planetas quanto sobre alcançar os próprios sonhos.
"Por que não mandar apenas robôs para o espaço? Porque apenas seres humanos sabem aprender a aprender, apenas seres humanos têm inspiração; apenas seres humanos têm o poder de se importar."
Alguns participantes tiveram a oportunidade de ouvi-la em dois momentos, durante a palestra e na sessão exclusiva.
Para o grande público, Yvonne conta que alcançar objetivos deste tamanho causou nela a revisão da perspectiva do impossível. Ela diz preferir o I'm Possible (do inglês, "eu sou possível") ao impossible ("impossível"). Enquanto mostrava sua mais nova invenção - uma roupa para ser usada no espaço, que influencia a resiliência do corpo na recuperação de lesões -, sua narrativa viajava pela infância.
Fatos como a chegada do homem à lua, em 1969 (quando tinha 10 anos), e subir no topo de árvores para observar o céu durante brincadeiras de esconde-esconde mostraram a ela o caminho que queria seguir na vida. Quem ousaria sonhar que aquela garotinha iria alcançar o espaço e tantos outros feitos?
Após repetir essa questão insistentemente e de diversas maneiras, como quem sabe conduzir a plateia, Yvonne responde à própria pergunta levantando uma das mãos: ela mesma.
Na sessão privada, por sua vez, foi o momento de falar de temas tão ricos quanto fugidios ao storytelling oficial, como o convívio com a "síndrome de impostor" e o que representa ser uma mulher negra referência no mundo da ciência e da tecnologia.
Ela explicou sobre a importância de seu irmão mais novo insistir em dizê-la que era boa o suficiente no passado, e entender seu papel inspiracional na vida de outras pessoas como aquilo que aniquila a conversa diária que ela tem com o impostor interno. Conhecer o peso do seu exemplo para impulsionar os outros dá forças para continuar.
"Agora eu sonho para que outros garotinhos e garotinhas ousem sonhar", diz.
A mensagem final de Yvonne para a audiência do RD Summit foi que as possibilidades são infinitas, e que é nisso que devemos acreditar. "Quando pensar que seus problemas são complicados, pense como será difícil chegar à Marte, e de repente eles não serão tão difíceis assim."
E isso pode acontecer mais cedo do que se imagina. Segundo Yvonne, a previsão é de que o ser humano volte ao solo lunar em 2024 e ao planeta vizinho, em menos de 20 anos.