Júlia Fernandes

Lumiar desenvolve projetos fora da caixa com estudantes de diferentes idades

Escola incorpora empreendedorismo

Júlia Fernandes

Lumiar desenvolve projetos fora da caixa com estudantes de diferentes idades

Idealizada pelo empresário Ricardo Semler, de São Paulo, a Escola Lumir atua há um ano em Porto Alegre sob a batuta da pedagoga Maria Soledad Gomez. Um dos diferenciais é a incorporação de projetos de empreendedorismo para os alunos - desde cedo.
Idealizada pelo empresário Ricardo Semler, de São Paulo, a Escola Lumir atua há um ano em Porto Alegre sob a batuta da pedagoga Maria Soledad Gomez. Um dos diferenciais é a incorporação de projetos de empreendedorismo para os alunos - desde cedo.
A ideia de trazer o empreendimento ao Rio Grande do Sul surgiu após Soledad conhecer a metodologia e compará-la ao currículo de seus filhos. "Não podia acreditar que 30 anos depois de eu ter sido aluna, a escola continuava como no século 19. Pensei no que poderia fazer. Um dia, chegou uma postagem na minha mão que listava as 13 escolas mais inovadoras do mundo", lembra ela.
Não é a primeira vez que Soledad empreende em Educação. A pedagoga teve, durante 18 anos, um curso de línguas, mas afirma que nunca foi uma professora tradicional. "Já trabalhava com novas metodologias da época. Enfim, era uma competência comunicativa. Sempre fui fora da caixa", assume.
Na matéria que apresentava as 13 escolas mais inovadoras do mundo, Soledad se encantou com uma da Suécia. Foi aí que uma tia comentou da Lumiar.
fotos FREDY VIEIRA/JC
Em novembro de 2015, a pedagoga foi a São Paulo conhecer o projeto de perto. E, em 2016, fez uma pesquisa sobre o potencial da Lumiar no Estado. Como a resposta foi positiva, as portas abriram no dia 13 de março de 2017.
"Fechamos o contrato em dezembro. Então, em quatro meses, montei essa casa. É a primeira Lumiar fora de São Paulo, tenho um tipo de franquia pedagógica que não existe, porque franquia pressupõe um modelo administrativo. Nós temos uma licença de uso da marca e do modelo", comenta a empreendedora, sobre o negócio. Só no primeiro ano, foram 128 projetos colocados em prática. A Lumiar trabalha, inclusive, com um sistema multietário. Os alunos são divididos por idade e ficam em cada módulo durante três anos. O F1 é para crianças de 6 a 8 anos; o F2, de 9 a 11; e o F3, de 12 a 14. No total, são cerca de 50 alunos.
A figura do professor é dividida em tutores e mestres. O tutor é o pedagogo, que organiza, gerencia a sala de aula permanentemente e observa os alunos. Além disso, faz um levantamento de interesses das crianças, vê o que os pequenos querem aprender e fica responsável por organizar os projetos. Quem os executa são os mestres.
"Essas pessoas são da vida real, apaixonadas por aquilo que fazem e podem ser tanto um jardineiro como um doutor em Física Quântica da Universidade de São Paulo (USP). Porque a ideia é que todos os saberes são importantes", exemplifica a diretora.
Soledad afirma que as crianças aprendem muito mais quando colocam as ideias em prática. E, embora o conceito atraia interessados, a pedagoga é consciente sobre as dificuldades do modelo. "Não é fácil que as pessoas se desprendam do tradicional. Elas têm dificuldade de ir além, ir para a prática e fazer acontecer", desabafa.
Soledad comenta que o principal "problema" são os pais, porque é preciso que eles compreendam que a escola tem uma proposta distinta das demais. "Faço uma lavagem cerebral antes de eles entrarem", brinca ela.
A escola funciona das 8h50min às 13h10min, um "horário saudável", como Soledad chama. Uma das ferramentas usadas pela escola é o mosaico digital, que apresenta o desenvolvimento do aluno, qual as habilidades e competências em destaque, e o que a escola precisa trabalhar mais com a criança.
No último ano, um grupo trabalhou com empreendedorismo. "Perguntei para eles o que é empreendedorismo. Daí, eles disseram 'vender coisas nos prédios'. E eu disse: 'olha, é muito mais do que isso'", conta Soledad. Após o interesse no assunto despertado pelas crianças, uma pesquisa sobre empreendedorismo infantil começou a ser feita, mas tudo girava em "vender limonada".
"Fui atrás de empreendedores mirins, trabalhei com eles que o conceito está relacionado a realizar sonhos através de alguma função, de oferecer serviços ou vender produtos", explica.
A partir disso, foi trabalhado com os estudantes como funciona o processo de criação de um produto e, no final, o grupo decidiu fazer um kit cinema. "Um produto original, que não tinha no mercado. Acabamos estudando matemática financeira, marketing e publicidade", conta a diretora.
Foi criada, então, a Movie in Box, uma caixa que conta com trufas, pipoca, manta e um copo personalizado. O kit foi vendido e os estudantes arrecadaram cerca de
R$ 1mil. Com o dinheiro, foram para um parque aquático. Eles, agora, já sabem o valor do trabalho e dos processos criativos na prática. Bem como Soledad sonhava.
FREDY VIEIRA/JC
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