Júlia Fernandes

Versão de purpurina criada por empreendedoras gaúchas promete dar um brilho consciente para o carnaval

Tendência para o Carnaval: purpurina biodegradável

Júlia Fernandes

Versão de purpurina criada por empreendedoras gaúchas promete dar um brilho consciente para o carnaval

No carnaval ela aparece em todo lugar: rosto, corpo, cabelos, fantasias. E, infelizmente, nos oceanos, onde permanece depois que a folia acaba. Que a purpurina é indispensável nesta época do ano no Brasil a gente sabe. Mas muita gente nem desconfia que tanto brilho causa um impacto negativo no meio-ambiente.
No carnaval ela aparece em todo lugar: rosto, corpo, cabelos, fantasias. E, infelizmente, nos oceanos, onde permanece depois que a folia acaba. Que a purpurina é indispensável nesta época do ano no Brasil a gente sabe. Mas muita gente nem desconfia que tanto brilho causa um impacto negativo no meio-ambiente.
Foi a partir desta consciência que as meninas do Viva Purpurina resolveram produzir o item de forma biodegradável. O negócio é formado pelas amigas Elisa Ilha, Júlia Beduschi, ambas de 25 anos e biólogas, e Ingrid Sant’Anna, 24, arquiteta.
Elas sempre amaram o carnaval. Além de ser uma data voltada para diversão, elas veem como uma época motivadora. Como muita gente, as três eram consumidoras da purpurina convencional. Após sair um artigo no ano passado que afirma que o consumo do produto gera contaminação no mar, rios e oceanos, elas passaram a repensar no consumo dos brilhos. 
MARCELO G. RIBEIRO/JC
A contaminação acontece pois a purpurina é feita de um plástico que não se degrada. “Ela é um microplástico, e em quantidade com outros tipos de microplástico no oceano, prejudica a fotossíntese das algas, que atuam como pulmão do nosso planeta gerando oxigênio. Vários animais consomem este plástico e acabam morrendo”, explica Elisa. E o problema não acaba aí: quando estes animais não morrem diretamente por ingerir este material, o plástico vai subindo na cadeia alimentar até chegar no ser humano, detalha a bióloga.
Em 2018 elas decidiram fazer diferente. Através de pesquisas na internet, encontraram diversas receitas de purpurina biodegradável. Mas não foi de primeira que deu certo: foram duas semanas de testes até encontrarem a receita perfeita. “As pessoas dizem que é muito fácil, mas não é assim. Fizemos testes com sal, açúcar e tudo ficava horrível, então fomos mais afundo”, conta Ingrid. Mais algumas tentativas  e, afinal, acharam a receita perfeita: uma mistura de alguns componentes alimentícios e pó mineral, responsável pelo brilho. “Ficou tão bonito que resolvemos compartilhar”, comenta a arquiteta.
Há uma semana a ideia virou negócio, já com cerca de 200 encomendas, todas feitas a partir do Instagram. Cada potinho de 18ml custa R$10,00, independentemente da cor. Neste domingo (28), elas pretendem circular no Bloco da Laje, tradicional saída de carnaval de rua em Porto Alegre, para ter uma ideia de como são as vendas na rua. “Nós estamos tentando ter um estoque para levar, porque não para de surgir encomendas”, relata Ingrid. As meninas não conhecem na cidade nenhuma marca que venda a purpurina biodegradável. Em nível nacional, encontraram algumas opções do Rio de Janeiro e São Paulo, a um preço considerado alto por elas. “A gente quis fazer um valor acessível. Não queríamos um produto tão elitista, porque o carnaval é a ocupação da rua. Fazer um valor caro iria contra o que acreditamos”, explica Elisa.
Foram investidos em torno de R$700,00 no negócio. Para produzir de seis a oito potinhos elas levam cerca de quatro horas. Segundo a equipe, as cores que mais saem são dourado, a “misturinha”, que são diversas cores misturadas, e as cores do Bloco da Laje (azul, vermelho e amarelo). “Um pessoal de São Paulo, do Acre e da Espanha já nos procurou”, dimensiona Elisa. Algumas lojas também entraram em contato, porém elas ainda não dão conta de produzir em grande escala. “Não imaginava que seria esse 'boom'. A gente achou que ia vender para um par de amigos. É bom ver que tem muito mais gente consciente sobre o problema da purpurina do que a imaginávamos”, reflete ela.
MARCELO G. RIBEIRO/JC
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