O doleiro Lúcio Funaro afirmou à Polícia Federal que fez várias viagens a Salvador (BA) para entregar malas de dinheiro diretamente ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB).
Segundo o relatório policial que contém a oitiva feita na sexta-feira passada, "o declarante (Funaro) fez várias viagens em seu avião ou em voos fretados, para entregar malas de dinheiro para Geddel Vieira Lima, que essas entregas eram feitas na sala VIP do hangar Aerostar localizado no aeroporto de Salvador (BA), diretamente nas mãos de Geddel".
Funaro disse também que fez duas viagens para praias do Nordeste em que realizou "paradas rápidas em Salvador, para entregar malas ou sacolas de dinheiro para Geddel".
Em uma delas, ele conta que apresentou a mulher, Raquel, ao político quando ela desceu no hangar para ir ao banheiro. Disse ainda "que reclamou com Raquel por ter saído da aeronave".
No mesmo depoimento, o doleiro relatou que Geddel costumava falar para sua mulher que estava ajudando "pleitos (de Funaro) juntos ao Judiciário". Disse ainda que tinha certeza que o político fazia "acompanhamento das questões processuais que envolviam a prisão do declarante"
"Considerava possível que Geddel e outros ligados a ele pudessem exercer influências políticas sobre algum órgão, ou até mesmo o Poder Judiciário, afim de prejudicar o declarante, caso resolvesse firmar acordo de colaboração", afirmou Funado à PF.
Funaro reiterou que os contatos insistentes de Geddel com sua mulher provocaram nele "um sentimento de receio sobre algum tipo de retaliação caso viesse a fazer um acordo de delação premiada, tendo em vista que Geddel era membro de primeiro escalão do governo e amigo intimo do presidente Michel Temer".
O relatório policial integra o novo pedido de prisão do peemedebista feito pelo Ministério Público Federal no Distrito Federal e negado nesta quinta-feira pela Polícia Federal.