Laís Ribeiro: Com quantas pessoas falar? É melhor tentar sozinho ou contratar uma empresa de M&A (Mergers and Acquisitions - fusões e aquisições) para ajudar? Quanto pagar de comissão? É normal os investidores prometerem uma data para dar a resposta e não cumprirem? Quando contatá-los novamente?
RESPOSTA: Laís, quando estamos falando sobre investimento, devemos falar com o maior número de pessoas possível. Em cada conversa, haverá novas informações a serem trabalhadas e, com isso, melhorará o teu posicionamento perante os investidores. Claro que uma empresa de M&A pode te ajudar a se conectar com pessoas/empresas que possam ter interesse no teu negócio. Para estes casos (usar uma empresa de M&A), a minha dica é deixar bem claro, no início, quais são as tuas expectativas. Por exemplo, conseguir R$ 100 mil de investimento, ter um investidor atuante no mercado de São Paulo etc. Empresas de fusões e aquisições trabalham com empresas maiores, e não com empresas nascentes, e o contrato pode ter uma taxa mensal e um percentual (em torno de 5%) da transação (quando ela ocorrer). Sobre os investidores: sim, pode ocorrer de um investidor não cumprir o prazo de resposta, e não vejo erro do empreendedor em contatá-lo de tempo em tempo para buscar uma resposta, seja positiva ou negativa. Usualmente, fazemos este follow-up a cada 15, 20 dias.
Maicon Pelizzaro: Qual o momento correto para buscar investidores? Existe o investidor ideal para cada negócio? Qual percentual mínimo e máximo da empresa os sócios devem abrir para um primeiro investimento?
RESPOSTA: Pelizzaro, vamos por partes. Primeiro, o investimento pode ser buscado a qualquer momento. O empreendedor tem que conhecer seu negócio, seu mercado e entender a necessidade do investimento. Obviamente que, quanto mais cedo, maior o risco associado ao negócio e mais difícil de encontrar um investidor (principalmente no Brasil). Por isso, nas fases iniciais, os principais investidores são familiares e amigos; e, nesses casos, não há uma divisão da empresa. Conheço alguns empreendedores que, nas fases iniciais, buscaram alternativas em bancos (dinheiro mais caro), outros em agências de fomento ou editais (como o novo edital Sebrae de Inovação). Sobre a pergunta relacionada a um investidor ideal, esta resposta dependerá do que você está buscando ou precisando. Se estás querendo entrar no mercado paulista, um investidor que tenha conexões em São Paulo é o ideal. Não olhe o dinheiro pelo dinheiro. Tente ver o valor do dinheiro que estás procurando. E os percentuais dependerão do estágio que sua empresa se encontra, do quanto o investidor estará colocando. O mais importante é buscar investidor quando tiveres certeza do que tu e a tua empresa precisam.
Márcio Meyer: Tenho interesse em abrir uma empresa nos mesmos moldes de negócio do Maurício de Sousa. Ando estudando algumas situações, mas a principal dúvida é justamente na captação de recursos para produção de revista de quadrinhos para banca e como conseguir apresentar um projeto destes para uma editora que queira inovar no mercado. Busco também alguma forma de investimento para produção de série de desenhos animados para TV.
RESPOSTA: Meyer, uma opção para viabilizar o teu projeto seria a Lei Rouanet ou uma plataforma de crowdfunding para arrecadar recursos para tirar o projeto do papel. Este site tem uma lista de plataformas que operam no Brasil: crowdfundingnobrasil.com.br. Boa sorte.
Guilherme Charão: Tenho uma loja de moda e uma controladora nos ofereceu dois pontos fixos em shoppings centers. A questão é onde estão os investidores? Por onde posso começar a procurar?
RESPOSTA: Charão, o primeiro passo é ter um bom modelo de negócios. Seja algo novo ou até mesmo uma franquia. Dependendo do negócio, poderás ir atrás de um investidor-anjo, Anjos do Brasil, por exemplo, ou em alguma agência de fomento. Pelo que entendi, no teu caso, o Bndes, o BRDE ou o Badesul poderiam ser alternativas. Se existir alguma inovação no negócio, o edital do Sebrae Inovação pode ser interessante.
Guilherme Darros: Estou atrás de investimento para um aplicativo, mas tenho receio que "roubem a ideia" se eu divulgar amplamente. O que fazer nesta fase?
RESPOSTA: Darros, se estás na fase da ideia aconselho a correr. Hoje, o mundo é muito dinâmico e existem milhões (se não bilhões) de pessoas pensando em criar algo novo, principalmente por meio de aplicativos. Tenho uma premissa que quanto mais eu falar sobre a minha ideia com outras pessoas, mais consistente ela fica, pois recebo feedbacks e insights em cada conversa que tenho e uso isso para melhorar minha ideia. Se alguém "roubá-la", implementá-la, ou lançar no mercado e tiver sucesso antes de mim, significa que não corri o suficiente e não merecia este mercado. Mas se mesmo assim tiveres medo de compartilhar sua ideia, aconselho usar uma ferramenta simples que é o N.D.A (Non-Disclosure Agreement), um termo de confidencialidade.
Lívia Araújo: Minha dúvida é em relação a investidores e o retorno do que eles injetam na empresa. É questão de negociação, claro, mas existe algo normal no mercado para não quebrar a empresa e poder dar o retorno que o investidor deseja? Isso costuma ser progressivo? Há um prazo para começar a dar retorno ou é imediato e obrigatório separar uma parte do faturamento para isso?
RESPOSTA: Normalmente o investidor não espera um retorno imediato. Eles pensam para médio e longo prazo, dependendo do negócio. O investidor não quer a quebra da empresa, não quer enfraquecer o poder de operação dela. O retorno que ele espera e o tempo que pretende ter normalmente é acordado entre o empreendedor e o investidor. Por isso, ao apresentar os números de crescimento do negócio seja extremamente realista (em relação ao que é possível fazer e entregar).
Alex Cardoso: Estamos buscando financiamento para aumentar a produção e abrangência. Nesta empreitada, a pouca receptividade dos bancos com as empresas com pouco tempo de operação é impressionante. O que fazer? Além disso, estamos tratando com pessoas que demonstram interesse em investir, mas que, na maioria das vezes, não possuem muito para aportar e, de outro lado, estamos tratando/avaliando os grandes portais de crowdfundig equity, mas eles são poucos e cheios de regrinhas e barreiras. Precisamos de uma luz.
RESPOSTA: Cardoso, realmente os bancos buscam garantias. Esse é o modelo que eles operam. Equity crowdfunding é algo que está se estruturando, tanto aqui no Brasil como no mundo. No teu caso, aconselho a ficar de olho em editais de fomento (Sebrae, Finep, BRDE, Bndes, Senai, etc).
Felipe Baingo: Como desenvolver um projeto que seja atraente e rentável a um investidor?
RESPOSTA: Baingo, projeto atraente para um investidor é um projeto que em um prazo pré-estabelecido traga retorno. Mostre isto e terás a atenção do investidor.