Mauro Belo Schneider

Depois de se desfazer das lojas em Porto Alegre e concorrer a cargo público, Carmen Flores aposta em unidade em Xangri-lá

Da decepção política ao retorno às vendas: Carmen Flores abre loja na praia

Mauro Belo Schneider

Depois de se desfazer das lojas em Porto Alegre e concorrer a cargo público, Carmen Flores aposta em unidade em Xangri-lá

Carmen Flores, 62 anos, escolheu Xangri-lá para voltar a ser dona de loja e se recuperar da maior decepção de sua carreira: ter concorrido ao cargo de deputada estadual, nas eleições de 2014, pelo Partido Progressista (PP). Os 3.587 votos não a elegeram, e deixaram marcas. "Foi a pior parte da minha vida, mas todo mundo faz uma burrada. Nunca mais vou concorrer", sentencia.
Carmen Flores, 62 anos, escolheu Xangri-lá para voltar a ser dona de loja e se recuperar da maior decepção de sua carreira: ter concorrido ao cargo de deputada estadual, nas eleições de 2014, pelo Partido Progressista (PP). Os 3.587 votos não a elegeram, e deixaram marcas. "Foi a pior parte da minha vida, mas todo mundo faz uma burrada. Nunca mais vou concorrer", sentencia.
Carmen conta que ficou deprimida com o meio político, ao "lidar com pessoas tão desonestas", e decidiu que queria ir embora de Porto Alegre em busca de paz. Hoje, não possui mais nenhuma loja na Capital - todas são franquias. "Durante seis meses, eu não queria nem sair na rua", acrescenta.
Foi quando teve a ideia de se mudar para os Estados Unidos e abrir um negócio por lá. Depois de quase um mês no exterior, percebeu que não aguentaria a saudade da filha. A solução foi se mudar para o litoral norte do Rio Grande do Sul e levar um novo estilo de vida, mais tranquilo.
Abriu, então, em outubro, uma loja de 1.200 metros quadrados que deve servir de unidade modelo, na avenida Paraguassú. "Estou me sentindo o máximo como vendedora novamente", admite. Carmen conta que se surpreendeu com o poder aquisitivo dos consumidores da praia. Segundo ela, a média de compra por cliente é de R$ 5.000,00. "É muito diferente de Porto Alegre. A gente percebe que as pessoas vêm mais relaxadas, mais tranquilas à loja", descreve, acrescentando que acabou o hábito do "ficou velho em casa, vou levar para praia".
A empresária revela, inclusive, que há uma certa concorrência nos condomínios do Litoral pela casa mais luxuosa. O fato de haver muitos imóveis que chegam a custar R$ 20 milhões ajuda em seu ramo. "Aqui é onde se recebe os amigos, onde se ostenta. Em Porto Alegre, as pessoas só dormem em casa, pois trabalham muito", diz.
A unidade ficará aberta o ano todo e é a 17ª da rede Carmen Flores, cuja história começou em 1986 - quando estreou no mercado em meio a uma crise. "Naquela época, tínhamos 80% de inflação ao ano", lembra.
Foram vários momentos marcantes na trajetória de Carmen. Em 1990, o empreendimento deslanchou, formando uma grande carta de clientes. Na época do Plano Collor, o confisco da poupança a obrigou a fechar as portas. Em seguida, virou funcionária da marca 7.200, onde ficou por seis anos. Depois de ganhar fama com o bordão "Na Ipiranga 7200, hein" e ser demitida, voltou a abrir a sua própria loja. Há sete anos, transformou seu nome em franquias. E, agora, repete um feito antigo: apostar em meio a uma situação econômica desfavorável.
"Quando se abre em época de crise, a tendência é crescer. Estou repetindo o que fiz em 1986. Nunca empreenda num momento em que todos estão lá em cima", aconselha.
>> Essa matéria faz parte da edição de verão do GeraçãoE, que irá circular na próxima quinta-feira (24/12). 
Mauro Belo Schneider

Mauro Belo Schneider - editor do GeraçãoE

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Mauro Belo Schneider - editor do GeraçãoE

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