Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Entrevista

- Publicada em 14 de Outubro de 2009 às 00:00

Cairoli assume a presidência da CACB


Cláudio Fachel/JC
Jornal do Comércio
O presidente da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), José Paulo Cairoli, 57 anos, não se assusta com agenda lotada. Além dos inúmeros compromissos como líder da entidade gaúcha, onde permanece até abril de 2010, decidiu se candidatar à presidência da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e venceu as eleições. A partir de hoje, ele vai representar e lutar pelos interesses de dois milhões de empresários, 2,3 mil associações comerciais, empresariais e de serviços e 27 federações de todo o País. A posse de Cairoli na CACB ocorrerá em Guarujá, no litoral paulista, durante a abertura do 19º Congresso das Associações Comerciais da CACB.
O presidente da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), José Paulo Cairoli, 57 anos, não se assusta com agenda lotada. Além dos inúmeros compromissos como líder da entidade gaúcha, onde permanece até abril de 2010, decidiu se candidatar à presidência da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e venceu as eleições. A partir de hoje, ele vai representar e lutar pelos interesses de dois milhões de empresários, 2,3 mil associações comerciais, empresariais e de serviços e 27 federações de todo o País. A posse de Cairoli na CACB ocorrerá em Guarujá, no litoral paulista, durante a abertura do 19º Congresso das Associações Comerciais da CACB.
Jornal do Comércio - Depois de 20 anos, um gaúcho volta à presidência da CACB. O que isso pode significar para o Rio Grande do Sul?
José Paulo Cairoli - Dá uma visibilidade e uma possibilidade para o Estado se beneficiar, uma vez que a gente abre canais que até então estavam resumidos ou concentrados. É uma chance de se avançar naqueles projetos que acreditamos, que se faz aqui no Rio Grande do Sul. Essa posição nossa de independência, de defesa dos nossos princípios e ideais, não amarrada em partidos, nos permite transitar em todos os governos defendendo o que acreditamos. Essa mesma postura tem que ser repassada em nível federal. A entidade não tem partido, portanto pode construir uma relação política de independência e de firmeza na defesa daquilo que acredita.
JC - A sua chapa reuniu representantes de 17 estados. Esse foi o segredo para vencer?
Cairoli - Houve, em um primeiro momento, quatro candidatos e depois foi feita uma costura que logicamente teve um trabalho muito forte meu, onde ficamos com dois candidatos, oposição e a minha candidatura, até que acabou tendo uma candidatura única, o que é melhor para a entidade. A representação de 17 estados foi construída. Como tinham quatro candidatos, cada um tinha o seu grupo. Eu fui construindo e aumentando os estados integrantes dessa diretoria. A escolha da chapa foi posterior ao projeto. Primeiro nós definimos o projeto que vai ser feito e depois vieram as federações para participar.
JC - Qual a importância de liderar a CACB, que reúne dois milhões de empresários e 27 federações?
Cairoli - Temos uma unidade associativa que efetivamente representa essa dimensão. Atingimos a todos os segmentos desde a indústria até serviços e comércio. Desses mais de dois milhões de empresas, 89% são pequenos e microempresários, portanto são as forças vivas da economia do País. Se isso for bem usado, se fizermos envolvimentos com as entidades de cada estado, temos uma força política que pode ajudar a construir um País um pouco melhor. Somos uma entidade associativa pura com mais capilaridade no Brasil. As pessoas estão junto conosco porque acreditam naquilo que se trabalha, naquilo que se idealiza. Não é uma associação por obrigação e sim por conveniência.
JC - Quais são os principais projetos da sua gestão?
Cairoli - Estar atento aos gargalos da infraestrutura, que é tão importante para a economia do nosso País e tão necessária para um país em desenvolvimento que precisa ter uma estrutura adequada. Ajudar a construir as reformas estruturais fiscal, tributária, trabalhista e previdenciária, tão faladas e pouco feitas. Fiscalizar o custo-Brasil, o valor que a sociedade paga, com o cuidado de esclarecer cada vez mais que o Estado é para servir a sociedade e não o contrário e, portanto, que todo custo tem que ser em benefício da sociedade. A redução de carga tributária é um ponto fundamental e é o que nós defendemos aqui como Federasul e é o que está provado agora com o que o governo federal fez em relação aos automóveis e à linha branca. Imposto gera riqueza e renda. Temos que sair do discurso político e ideológico para um discurso com uma demonstração técnica, informando efetivamente números e valores. Não estamos falando sobre o grande benefício que o governo teve com a redução da Selic. Neste ano, temos R$ 31 bilhões que estão na economia e que sobraram por conta disso, se compararmos com a queda da Selic do ano passado para este. Temos recursos o suficiente para trabalharmos com custo-Brasil menor. O que precisa haver é uma consciência política e que logicamente passa por esses empresários e passa por uma confederação. Nós não estamos defendendo partidos e nem governos. Estamos defendendo o País e os estados.
JC - Pode-se dizer que a luta pela redução da carga tributária será a sua principal bandeira?
Cairoli - É uma delas. A gente não pode ter uma bandeira só, porque ela frustra e fica focada só num ponto e nós temos que mostrar o que isso representa. Num sistema democrático precisamos ter convencimento. Exige muito mais esforço e dedicação para conseguir. No momento que esse sócio oculto que é incompetente, em se tratando do recurso, começar a reduzir o seu tamanho, que hoje é de 36%, sem dúvida nenhuma melhorará e vai ter mais recurso na economia formal. Hoje é um consenso. Até o PT já se deu conta disso.
JC - Quais são os maiores desafios para conseguir realizar essas metas?
Cairoli - Tem que envolver primeiro a nossa capilaridade, mostrar que as pessoas são parte integrante. Isso não pode ser uma decisão e uma ação puramente do presidente. As pessoas que fazem parte desse grupo têm que se sentir integradas. Conseguindo esta etapa, a outra é um convencimento maior, e parece mais fácil, que é dar a dimensão, a importância e a força do que é a CACB quando estamos tratando desses assuntos na área política, porque na democracia só se entende por pressão e para ter pressão tem que ter movimento, tem que ter disposição das pessoas para estarem juntas.
JC - A CACB participou da campanha pela regulamentação da arbitragem no Brasil e na aprovação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. Isso vai continuar?
Cairoli - A lei geral das MPEs foi idealizada lá na confederação, na época do Afif Domingos, e isso é um trabalho que precisa ser continuado porque não está ainda concluído. Vamos tratar sobre isso na primeira reunião de diretoria, como também a câmara de arbitragem, que precisamos dar mais atenção, porque é um projeto que se iniciou e que ainda está custando muito a ser implantado em todos os estados. Como temos dois anos de prazo, temos que andar muito rápido nisso. A ideia é trabalhar e mostrar a importância da micro e pequena empresa nesse cenário. Já tivemos dificuldades aqui no Estado e ainda existem pequenas empresas pagando impostos quando entendíamos que houvesse isenção. Isso existe no Paraná e em São Paulo e aqui não é dessa forma. A confederação ajudará dentro desse processo.
JC - Outra posição defendida pelo senhor é a redução nos gargalos da área da infraestrutura e o acompanhamento dos gastos públicos para a diminuição do déficit. Como fazer isso?
Cairoli - Existe o PAC, que é um projeto do governo federal, que tem um pouco de estratégia de marketing, mas de qualquer maneira é um avanço importante. Criaram um plano que melhora a infraestrutura do País. Agora está muito atrasado, então tem que ter muitos investimentos. O PAC sozinho não é suficiente. Tem que ser feito muito mais. Ainda dá tempo de não ficarmos tão esgoelados como poderíamos estar se o Brasil tivesse crescido 4% ou 5% como aconteceu nos outros anos. Outro ponto é o exagero nos gastos, que logicamente passa pelo Congresso. Acho que o Congresso é o responsável por esses custos adicionais. Está no papel deles tentar arrecadar mais e fazer a arrecadação e geração política. Agora, o Congresso precisa ser mais cobrado e exigido para que este custo não retorne para a sociedade como aumento de imposto.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO