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Conforme Bouillard, tripulação quase perdeu o controle da aeronave
A investigação francesa sobre a queda do avião da Air France no Oceano Atlântico, em 2009, concluiu que uma combinação de erros de pilotos mal treinados e problemas no equipamento causaram a tragédia, que matou todas as 228 pessoas a bordo. O relatório final sobre o voo 447, que ia do Rio de Janeiro para Paris, lista “fatores técnicos e humanos” que estiveram por trás do acidente.
Após três anos de investigação, o Bureau d’Enquêtes et d’Analyses (BEA), agência de segurança da aviação civil da França, recomenda melhor treinamento de pilotos e regras de certificação de aviões mais estritas. Em uma “decisão fatal”, diz a agência, um dos copilotos empinou o nariz do Airbus 330 para cima quando o avião começou a perder sustentação - em vez de para baixo, como deveria - por causa de dados errôneos sobre a posição do avião vindos dos sensores. A tragédia aconteceu durante a noite, em meio a uma tempestade.
O investigador-chefe do caso, Alain Bouillard, disse que os pilotos não entenderam que o avião estava em estol (perdendo sustentação). Ele afirmou que apenas uma tripulação experiente e com claro entendimento da situação poderia ter estabilizado o avião naquelas condições. “Nesse caso, a tripulação estava em um estado de perda quase total do controle”, afirmou Bouillard.
O relatório afirma que foram seis as causas principais que levaram ao acidente. Entre elas, cinco estão relacionadas às atitudes tomadas pelos três pilotos do Airbus A330-200. O relatório consolidou as informações já divulgadas em três relatórios parciais e apresentou 25 novas recomendações de segurança. Junto com as outras já emitidas pelo órgão no decorrer da investigação, elas serão enviadas para instituições de aviação em todo o mundo para que problemas ocorridos no voo não sejam repetidos. Entre as recomendações, o BEA indica a necessidade de melhorar a formação prática e teórica dos pilotos comerciais e melhorar a integração entre as equipes de pilotagem, para que saibam como agir coordenadamente em situações de emergência.
De acordo com o documento apresentado em Paris, não havia uma divisão clara de tarefas entre o comandante Marc Dubois, 58 anos, e os copilotos Pierre-Cedric Bonin, 32, e David Robert, 37, principalmente na ausência de Dubois na cabine da aeronave. O BEA também emitiu recomendações técnicas, como a necessidade de melhorar os simuladores de voo, para reproduzirem mais fielmente as condições reais de pilotagem, e mudanças no funcionamento dos alarmes de estol, para que os avisos sonoros sejam acompanhados de indicações visuais.