A agência de classificação de risco Standard & Poor’s colocou ontem os ratings de curto e longo prazo do Paraguai, atualmente em BB-/B, em revisão negativa, após o impeachment do presidente Fernando Lugo. Segundo a agência, o afastamento pode ter ramificações econômicas, que podem prejudicar a credibilidade da dívida soberana paraguaia. Uma decisão sobre o rebaixamento ou não do rating deve ser tomada dentro de três meses.
“A revisão negativa reflete os crescentes riscos de crédito devido às possíveis ramificações políticas e econômicas da abrupta mudança no governo e a saída de autoridades econômicas importantes, especificamente o ministro de Finanças, Dionísio Borda, e o presidente do Banco Central, Jorge Corvalan”, diz no comunicado da S&P o analista Richard Francis. Ele acrescenta que a possível instabilidade política, com protestos ou episódios de violência, pode levar a uma deterioração das projeções para a economia paraguaia.
A S&P cita também as ameaças de sanções econômicas por parte dos principais parceiros comerciais do Paraguai, a Argentina e o Brasil. “Se elas forem realmente adotadas, vão prejudicar as projeções econômicas e levar a uma piora dos indicadores fiscais e externos, que até agora têm sido os dois principais alicerces do rating do Paraguai”. As sanções internacionais podem piorar a situação do Paraguai, que já está em recessão em função da forte seca este ano.
Lugo foi afastado do poder pelo Congresso na sexta-feira, por suposto mau desempenho de suas funções. A acusação apresentada contra ele tem cinco pontos, mas o principal fator foi a matança de 17 pessoas (11 camponeses sem-terra e seis policiais) no confronto de Curuguaty, que aconteceu no início deste mês.
Ontem, a presidente Dilma Rousseff reuniu-se no Palácio do Planalto com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, para tratar sobre a situação do Paraguai. O encontro, que durou aproximadamente uma hora, também contou com a presença do ministro da Defesa, Celso Amorim, e do assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia.
Durante a reunião, Dilma e os ministros trataram sobre as “punições” que devem ser aplicadas ao Paraguai em função do impeachment relâmpago do presidente Fernando Lugo, na sexta-feira passada. O Brasil e as demais nações da América do Sul decidiram suspender o Paraguai do Mercosul e da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) até as eleições presidenciais, previstas para abril do ano que vem. Em comunicado na noite de domingo, a Chancelaria da Argentina confirmou a suspensão.
Nesta sexta-feira, um encontro dos países do Mercosul decidirá o destino imediato do Paraguai. A reunião da Cúpula do Mercosul será em Mendoza, na Argentina. O novo governo paraguaio deve ficar de fora, mas Lugo afirmou que participará do evento.