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Sistemas democráticos

- Publicada em 25 de Setembro de 2009 às 00:00

Alemanha pode dar uma guinada à direita


Jornal do Comércio
Os alemães vão às urnas neste domingo para escolher os 598 integrantes do Parlamento - 62 milhões de cidadãos com mais de 18 anos podem participar do pleito, que é facultativo. A expectativa é de um comparecimento um pouco menor do que os 70% das eleições de 2005. Os eleitores votam duas vezes, em um sistema misto. Primeiro, escolhem o parlamentar distrital - são 299 distritos no país, o que define metade das vagas do Legislativo Federal (chamado Bundestag). As outras 299 cadeiras são reservadas ao segundo voto dos alemães, que é nos partidos.
Os alemães vão às urnas neste domingo para escolher os 598 integrantes do Parlamento - 62 milhões de cidadãos com mais de 18 anos podem participar do pleito, que é facultativo. A expectativa é de um comparecimento um pouco menor do que os 70% das eleições de 2005. Os eleitores votam duas vezes, em um sistema misto. Primeiro, escolhem o parlamentar distrital - são 299 distritos no país, o que define metade das vagas do Legislativo Federal (chamado Bundestag). As outras 299 cadeiras são reservadas ao segundo voto dos alemães, que é nos partidos.
A sigla ou coalizão que obtiver mais de 50% dos parlamentares indica o primeiro-ministro. A tendência é que o governo dê uma guinada à direita, já que a aliança que comanda o país foi desfeita. A atual administração é formada pelas duas maiores siglas, a CDU (União Democrata Cristã), da premier Angela Merkel, de centro-direita, e o SPD (Partido Social Democrata), de centro-esquerda. Depois de quatro anos na administração federal, o SPD está fazendo oposição, e quer obter a maioria, com seus aliados, para indicar o ministro das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier. Mas as pesquisas indicam que a coligação liderada por Merkel é a que tem mais chance de vencer a eleição. O partido da premier alemã quer obter a maioria aliando-se com o Partido Liberal Democrata (FDP), mais conservador. Isto é, se Merkel vencer com esta composição, significará uma guinada à direita na Alemanha.
Os levantamentos desta semana apontam a CDU com 36%, SPD (25%), FDP (12%), Verdes (11%) e Esquerda (10%). A coligação CDU-FDP pode não obter os mais de 50% necessários no Legislativo para indicar o comandante do governo. Há grande expectativa sobre o comportamento do eleitor tendo em vista a confusão criada com a ida dos sociais-democratas para a oposição. Analistas apontam que há uma crise de indentidade entre os partidos - admitida pelas próprias siglas - que já não têm contornos ideológicos tão claros quanto antes. O quadro ainda está indefinido, tendo em vista o alto número de eleitores indecisos (cerca de 40%) e a margem apertada da diferença de votos. Mesmo após o resultado de domingo, os partidos poderão ainda negociar o acordo que vai definir o primeiro-ministro.
Na contramão desse processo, quem está crescendo e se consolidando é o caçula do Bundestag, A  Esquerda (Die Linke), que tem hoje 53 parlamentares. Pelas projeções, a sigla deve cumprir a meta de aumentar o seu espaço no Parlamento. O partido é herdeiro dos comunistas e socialistas da Alemanha Oriental, onde tem mais força. Foi criado em 2007, a partir da fusão do antigo Partido Socialista Unitário da Alemanha com o Partido do Socialismo Democrático. Ganhou força na antiga área ocidental a partir da dissidência de diversos integrantes do SPD, que buscavam retomar uma proposta mais de esquerda. Entre eles, destaca-se o parlamentar Oskar Lafontaine, um dos principais nomes do partido.
A esquerda é cortejada pelos sociais-democratas para, numa coalizão junto com os Verdes, participar do governo do país. Mas hoje está mais próxima de ser oposição, independentemente de quem indique o primeiro-ministro. A legenda não abre mão de seu programa e de suas propostas, aponta o tesoureiro da campanha e integrante da diretoria do Die Linke, Karl Hollanda. Suas bandeiras são que as consequências da crise sejam pagas por quem a causou e antes lucrou com ela; aumento do salário-mínimo; elevação do repasse a desempregados de 359 euros para 500 euros; e manutenção da idade para a aposentadoria - há um projeto que visa a aumentá-la para 67 anos como idade mínima; e que todos alemães com renda contribuam para a seguridade social. “Inclusive quem não se beneficia dela, como os milionários”, exemplifica Hollada. Até aí, apesar de as bandeiras dos esquerdistas serem mais radicais, há sintonia com o SPD, que no discurso também diz que a crise não pode ficar com os mais pobres e deve ser paga pelo capital financeiro.
Mas há diferenças que, se não forem contornadas, inviabilizam a coligação. A principal delas está na manutenção de tropas no Afeganistão. A Esquerda defende a retirada imediata dos alemães daquele país, ponto no qual bate de frente com os sociais-democratas. “Não vamos mudar nossa posição. Poderemos trabalhar com os sociais-democratas se as bases de nossas propostas forem mantidas”, condiciona Hollada. O partido não está preocupado apenas em fazer parte do governo e entende que, nesse momento, pode também desempenhar um papel importante na oposição, pressionando por avanços nos temas que discute.
A esquerda ainda aposta na atuação de seus ativistas na reta final da campanha para garantir um crescimento maior. Além de usar a internet através de voluntários, seus correligionários farão corpo a corpo com distribuição de panfletos e jornais na AlexanderPlatz, centro de Berlim, neste final de semana. “Vamos aproveitar que há muitos indecisos e conquistar mais votos”, diz.
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