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Opinião

Editorial

- Publicada em 22 de Setembro de 2009 às 00:00

G-20 debaterá regulação financeira contra o risco moral


Jornal do Comércio
Por querer mudar o sistema de saúde dos Estados Unidos, estendendo a cobertura aos mais de 100 milhões que não têm plano privado, o presidente Barack Obama foi considerado socialista e até um imitador de Che Guevara. Pois se quiser limitar a liberdade dos mercados financeiros e regular o sistema, com certeza será colocado ao lado de Stalin ou, ao menos, de Fidel Castro. Mas é isso que é preciso fazer, segundo concordam Nicolas Sarkozy, Angela Merkel e Gordon Brown, além de Lula da Silva. A crise mundial deixou uma sensação de salve-se quem puder que se espalhou pelo mundo e trouxe a ideia de que foi desaprendida a grande lição dos últimos 25 anos, aquela de que o governo deveria ficar longe dos mercados. Esse também é o sentimento do historiador Steve Fraser. Ele observa que uma lição da crise foi a de que o governo precisa desempenhar algum papel nos mercados financeiros. Porém alertou que uma nova e importante lição ainda não dá sinais de ter sido aprendida: a de maior regulação dos mercados. Steve Fraser nota que foi a ação dos governos que evitou a derrocada completa dos ativos financeiros. Por isso avalia que é prematuro dizer que tudo está bem. Para ele, o momento de estabilização atual nos Estados Unidos (EUA), ou possível retomada econômica, assemelha-se a momentos de ensaios de recuperação ocorridos durante os anos de 1930, na Grande Depressão.

Por querer mudar o sistema de saúde dos Estados Unidos, estendendo a cobertura aos mais de 100 milhões que não têm plano privado, o presidente Barack Obama foi considerado socialista e até um imitador de Che Guevara. Pois se quiser limitar a liberdade dos mercados financeiros e regular o sistema, com certeza será colocado ao lado de Stalin ou, ao menos, de Fidel Castro. Mas é isso que é preciso fazer, segundo concordam Nicolas Sarkozy, Angela Merkel e Gordon Brown, além de Lula da Silva. A crise mundial deixou uma sensação de salve-se quem puder que se espalhou pelo mundo e trouxe a ideia de que foi desaprendida a grande lição dos últimos 25 anos, aquela de que o governo deveria ficar longe dos mercados. Esse também é o sentimento do historiador Steve Fraser. Ele observa que uma lição da crise foi a de que o governo precisa desempenhar algum papel nos mercados financeiros. Porém alertou que uma nova e importante lição ainda não dá sinais de ter sido aprendida: a de maior regulação dos mercados. Steve Fraser nota que foi a ação dos governos que evitou a derrocada completa dos ativos financeiros. Por isso avalia que é prematuro dizer que tudo está bem. Para ele, o momento de estabilização atual nos Estados Unidos (EUA), ou possível retomada econômica, assemelha-se a momentos de ensaios de recuperação ocorridos durante os anos de 1930, na Grande Depressão.

A advertência é para o risco de a economia dos EUA se arrastar também em ritmo letárgico. No dia 14 de setembro de 2008, um domingo, o Lehman Brothers já estava preenchendo os papéis para dar entrada no capítulo 11, o de falências na legislação dos EUA. Na segunda-feira, dia 15, os mercados abririam sob a sombra e os efeitos devastadores do colapso da instituição com mais de um século de atuação em Wall Street. Fraser observa que, “durante a Grande Depressão, houve diversos momentos de recuperação, mas que não eram recuperação real, apenas pareciam ser”. Ele cita que antes de o ex-presidente Franklin Roosevelt assumir o primeiro mandato, em março de 1933, uma recuperação branda iniciou-se em 1932. “Naquele momento, muitos concluíram que a economia havia se estabilizado e rumava para cima. Mas não foi o caso”, ponderou o autor de livros como Every Man a Speculator e Wall Street: America’s Dream Palace. Por isso a importância do resultado da reunião de cúpula do G-20, em Pittsburgh, essa semana. Avalia-se que ainda é cedo para concluir tudo o que foi ou não aprendido durante a pior recessão desde a Grande Depressão. A regulação tem de vir, mas o problema é saber como será feita e em que profundidade sem que a sensibilidade dos que julgam que o mercado sempre se autorregula seja esgarçada além do tolerável. Mesmo descontando o exagero de Delfim Netto, por exemplo, que afirmou que Lula da Silva salvou o capitalismo, o fato que restou da crise, ainda inacabada, é que a atuação dos governos em diversos países evitou o colapso total do sistema financeiro. Há um papel positivo para o governo estimular a economia. Entramos nos mercados globalizados, mas a regulação ainda é responsabilidade soberana de cada governo. Os emergentes vão pressionar em Pittsburgh, mas a questão é se a Europa, os EUA e outros desenvolvidos vão acompanhar. A administração Barack Obama parece estar comprometida em resgatar as maiores instituições financeiras, em oposição a levar o país para uma situação em que não existam mais instituições que sejam muito grandes para falir. Ou os Estados Unidos continuarão com o risco moral, o moral hazard.

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