Um antigo sonho dos gaúchos deve se realizar. Foi dessa forma que a presidente Dilma Rousseff anunciou ontem, no Cais do Porto, na Capital, a construção da segunda ponte sobre o Guaíba. A obra, que terá 1,9 quilômetro de extensão, integrará um complexo viário de 8 quilômetros, desde a avenida Teodora, em Porto Alegre, até o Saco da Alemoa, em Eldorado do Sul, e custará R$ 900 milhões, segundo a presidente, em valores atuais.
Dilma anunciou que o projeto deverá ser licitado até o final de janeiro. "Pretendemos licitar diretamente o projeto executivo, não queremos que haja nenhum problema daqueles que dá quando se licita o básico", declarou. O governo federal já possui o estudo de viabilidade técnico-econômica da obra. A conclusão dos trabalhos pode levar até cinco anos, de acordo com a presidente. "Esse projeto executivo, no Brasil, demora em média um ano e três meses, um ano e meio e, a partir daí, nós licitamos a obra, e acreditamos que ela leva, pela complexidade da ponte, em torno de dois anos e meio a três anos."
A presidente afirmou que a obra, que foi uma promessa durante sua campanha, deve solucionar o gargalo logístico entre a Região Metropolitana e a Metade Sul do Estado. A ponte que existe atualmente, inaugurada em dezembro de 1958, possui um vão móvel que precisa ser erguido toda vez que um navio passa por baixo da estrutura, impedindo a circulação de veículos várias vezes ao dia. Já a nova estrutura possuirá um vão livre de 36 metros, o que possibilita o tráfego fluvial mesmo que ocorram grandes cheias no Guaíba. "Fizemos em Rio Grande um polo naval, que vai ter um escoamento maior ainda do que temos hoje. Isso vai significar escoamento dessa produção, e passa por onde? Pela ponte mecânica. Isso não pode acontecer. Então nós consideramos a ponte do Guaíba como um projeto estruturante para o Estado", disse.
Além disso, a nova ponte terá duas pistas em cada sentido, mais uma área de acostamento e uma faixa adicional de segurança. Dessa forma, segundo o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, será possível uma terceira pista caso seja necessário no futuro. "O que vai determinar a terceira faixa é o fluxo de veículos. Se constatarmos um crescimento no tráfego de veículos, poderemos adicionar mais uma." De acordo com o ministro, a decisão de realizar a ponte como um investimento público, e não através de concessão, deve-se à sua importância estratégica para o desenvolvimento do Estado. "Foi descartada a concessão porque ela é uma obra estruturante, um compromisso da presidente, e ela entendeu que teria que honrá-lo." Em relação à atual concessão do trecho, administrado pela Concepa, Passos destacou que ela tem um prazo de sete anos para ser encerrada, posterior à conclusão da nova estrutura. "Temos muito tempo para avaliar o futuro da concessão."
Portal vai facilitar comercialização de produtos da agricultura familiar
Antes do anúncio da nova ponte sobre o Rio Guaíba, a presidente Dilma Rousseff divulgou dois investimentos para desenvolver a agricultura familiar. No evento, foi realizado o lançamento da Rede Brasil Rural e da entrega de 114 máquinas retroescavadeiras para 126 prefeituras do Rio Grande do Sul.
A Rede Brasil Rural é um portal na internet que aproxima as cooperativas de produtores rurais dos fornecedores de insumos, da logística de transporte e dos consumidores. No website, os produtos da agricultura familiar serão apresentados em uma forma de loja virtual tanto para clientes institucionais, como escolas, hospitais e empresas, quanto para consumidores individuais. Além disso, os produtores poderão realizar compras de insumos e contratar prestadores de serviços através da ferramenta. O envio das mercadorias ficará a cargo dos Correios, que entram com a solução de logística pela internet, que inclui meios de pagamento, coleta dos produtos, transporte e entrega.
A expectativa do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) é que 1,6 mil cooperativas em todo o Brasil participem do projeto. Nos próximos 60 dias, o governo federal buscará adesões de empresas, instituições e agricultores cooperativados para a ferramenta virtual. Com essa finalidade, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, assinou convênios do ministério com o governo do Estado, a Fiergs e a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH).
Já as retroescavadeiras são uma ação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2) voltada para municípios com até 50 mil habitantes, baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e uma economia fortemente baseada na agricultura familiar. As máquinas serão doadas às prefeituras, para manutenção e recuperação de estradas vicinais e outras obras, como construção de açudes. O investimento do governo federal é de R$ 18,45 milhões. Até 2012, 1.299 municípios brasileiros deverão receber os equipamentos.
Na véspera do aniversário, Dilma mostrou otimismo
Às vésperas de completar 64 anos - a presidente aniversaria hoje e vai comemorar a data com a família, em Porto Alegre -, Dilma Rousseff passou uma mensagem de otimismo ao mercado para o próximo ano. Ao falar dos efeitos da crise mundial sobre o Brasil, Dilma disse que o Brasil terá condições de manter uma política monetária muito favorável e uma situação de crédito vantajosa. "Todos os nossos projetos amadureceram e estarão em ritmo de cruzeiro em 2012."
A presidente atribuiu o melhor momento do Brasil em relação aos demais países, às reservas internacionais e à liquidez dos bancos brasileiros. "Vários países estão estagnados e nós temos um só desafio. Nós não temos de parar. Nós temos de avançar, continuar consumindo, continuar produzindo e eu asseguro a vocês que 2012 será um ano muito melhor que 2011."