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AGRONEGÓCIOS

- Publicada em 15 de Agosto de 2011 às 00:00

Molinari prevê boas perspectivas para as lavouras de soja e milho


Ana Paula Aprato/JC
Jornal do Comércio
Motivados pelos bons preços de mercado, os produtores de soja e milho devem expandir as lavouras para a próxima safra. As perspectivas positivas para os dois produtos já estão tendo impacto no consumo de insumos e na procura por sementes de melhor qualidade para aumentar a produtividade.
Motivados pelos bons preços de mercado, os produtores de soja e milho devem expandir as lavouras para a próxima safra. As perspectivas positivas para os dois produtos já estão tendo impacto no consumo de insumos e na procura por sementes de melhor qualidade para aumentar a produtividade.
De acordo com dados da consultoria Safras & Mercados, o milho deve ter uma expansão de plantio de 5% na safra de verão, totalizando 5,15 milhões de hectares. “Com uma ótima comercialização em 2011, os produtores estão tendendo a optar pela melhor tecnologia e isso trará bons sinais para a produtividade na safra de verão”, avalia o analista Paulo Molinari.
Segundo ele, um plantio de safrinha apenas normal no próximo ano, com crescimento de 5,4%, tende a refletir o quadro favorável de preços em 2011 e o perfil de plantio da soja possivelmente mais precoce a partir de setembro. “Estas duas configurações nos levam a uma safra potencial de 61,8 milhões de toneladas para 2012”, afirma. No entanto, o fator clima poderá influenciar nesta previsão, uma vez que os mapas climáticos estão confirmando a permanência do fenômeno La Niña até abril do próximo ano.     
Segundo o gerente de produção da cooperativa Cotrimaio, João Carlos Loro, a área plantada com milho apenas na região Noroeste do Estado deve ter um aumento de 5% na próxima safra. “A expectativa é boa porque os agricultores têm registrado uma produtividade acima da média que estavam acostumados, em parte por causa de investimentos em tecnologia”, explica.  Já o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paolinelli, acredita que os preços mais altos registrados nas últimas safras são os maiores fatores de incentivo à cultura.  “Os investimentos em tecnologia, que aumentam a remuneração do produtor, poderiam ser elevados se houvesse uma política pública nesse sentido. Mas mesmo com essas dificuldades, o mercado deve falar mais forte e aumentar produção de milho”, comenta o dirigente.
Em relação à soja, segundo a consultoria Safras & Mercados, a área a ser plantada na temporada 2011/2012 deverá crescer 1,8% no Brasil, pulando de 24,2 milhões de hectares para 24,638 milhões de hectares. A estimativa, se confirmada, determinará o quinto ano consecutivo de ganhos de área da oleaginosa no País.  Levando-se em conta uma produtividade média de 3.054 quilos por hectare - 3.077 quilos em 2010/2011 -, a produção nacional poderá crescer 1,2%, passando de 74,38 milhões para 75,35 milhões de toneladas.
Para o analista Rafael Ribeiro de Lima Filho, da Scot Consultoria, o principal fator de estímulo para aumento do plantio de soja são os altos preços médios obtidos. “Hoje, a saca de 60 quilos é negociada no porto de Rio Grande a uma média de R$ 49,50, enquanto neste mesmo período do ano passado o valor estava em R$ 39,60”, lembra.
De acordo com Lima Filho, esses patamares devem ser mantidos no futuro, devido ao contínuo crescimento da demanda global e o baixo nível dos estoques mundiais. No entanto, o analista lembra que, ao mesmo tempo em que os preços de comercialização estão elevados, os custos de produção também crescem. “A rentabilidade pode ter queda, uma vez que os fertilizantes e o calcário, que representam até 45% dos custos, também estão mais caros”, afirma.
Para evitar os custos mais elevados próximo do início do plantio, os produtores já estão adiantando as compras de insumos. Segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), as vendas de fertilizantes no Brasil saltaram cerca de 30% no primeiro semestre de 2011 em comparação com o mesmo período do ano passado. No total, foram vendidas 11,17 milhões de toneladas, enquanto nos primeiros seis meses de 2010 foram 8,62 milhões de toneladas. Somente em junho, o setor registrou vendas de 2,6 milhões de toneladas, um salto de mais de 50% em relação ao mesmo mês do ano passado. Segundo a associação, parte desse aumento deve-se à antecipação de compras para o plantio da safra de verão, a partir de setembro.

Baixa cotação do arroz  é fator de desestímulo no Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, um dos aspectos que pode contribuir para a expansão da soja e do milho é a provável retração de área cultivada por arroz. Os baixos valores de remuneração decorrentes da safra recorde, o câmbio valorizado que dificulta a exportação e o recuo do consumo per capita do cereal no Brasil são alguns dos fatores internos que contribuem para essa diminuição. Além disso, a oferta do cereal originário de países do Mercosul aumenta a concorrência e ajuda a derrubar preços internos.
Segundo levantamento da Safras & Mercados, a área cultivada de arroz no Brasil terá ligeira redução de 3,7%, passando de 2.473,2 mil hectares da safra 2010/2011 para 2.382 mil hectares na safra 2011/2012. No Rio Grande do Sul, o maior produtor nacional do cereal, com aproximadamente 64% do total, a área cultivada deverá ter ligeira redução de 5,3% devido aos fatores negativos das últimas safras, como o endividamento dos produtores e o baixo preço do cereal no mercado interno. “Além disso, no Estado, pesa o clima de algumas localidades, como na Campanha gaúcha, que está seca e sem recuperação de barragens”, lembra Eduardo Aquiles, analista da Safras & Mercados.
Para o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha, a redução de área no Estado poderá ser ainda maior. O dirigente estima uma diminuição de 100 mil a 250 mil hectares no plantio, o que representa queda de 10% a 20% em comparação com a safra anterior. “Com os baixos preços, dificuldades para acessar mecanismos de comercialização e a expectativa de déficit hídrico durante o verão, estamos recomendando que os produtores reduzam o plantio e migrem para outras culturas”, explica. De acordo com Rocha, a soja e a pecuária serão as atividades que mais deverão crescer em áreas anteriormente ocupadas por lavouras de arroz.
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