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CONJUNTURA

- Publicada em 08 de Julho de 2011 às 00:00

IPCA recua, mas preocupa economistas


Jornal do Comércio
A alta de 0,15% do IPCA de junho representou importante desaceleração ante a elevação de 0,47% que o indicador de inflação mostrou em maio, mas o fato de o resultado ter ficado acima da maioria das expectativas do mercado financeiro deve manter as incertezas em relação ao cenário de inflação entre os economistas. A avaliação é do estrategista-chefe do Banco WestLB, Roberto Padovani, que destacou que os números do IPCA, de um modo geral, vieram um pouco mais pressionados do que o imaginado pela instituição financeira. "A batalha não acabou", disse. "O interessante é que o fato de a taxa ter vindo fora do consenso acende um alerta para risco inflacionário. Ainda que a inflação esteja rodando num nível baixo em relação aos últimos meses, alimenta o debate e mantém as incertezas que existiam sobre a dinâmica inflacionária", destacou.
A alta de 0,15% do IPCA de junho representou importante desaceleração ante a elevação de 0,47% que o indicador de inflação mostrou em maio, mas o fato de o resultado ter ficado acima da maioria das expectativas do mercado financeiro deve manter as incertezas em relação ao cenário de inflação entre os economistas. A avaliação é do estrategista-chefe do Banco WestLB, Roberto Padovani, que destacou que os números do IPCA, de um modo geral, vieram um pouco mais pressionados do que o imaginado pela instituição financeira. "A batalha não acabou", disse. "O interessante é que o fato de a taxa ter vindo fora do consenso acende um alerta para risco inflacionário. Ainda que a inflação esteja rodando num nível baixo em relação aos últimos meses, alimenta o debate e mantém as incertezas que existiam sobre a dinâmica inflacionária", destacou.
A taxa de 0,15% ficou no teto das estimativas coletadas com os economistas do mercado financeiro, já que eles previam uma alta de 0,04% a 0,15% para o indicador de inflação.
O WestLB trabalhava com uma alta de 0,08% para o IPCA de junho. Mesmo com a questão levantada sobre o alerta de risco inflacionário, Padovani considerou que o simples fato de ter sido observada uma desaceleração importante na taxa entre maio e junho já traz um ambiente melhor do que o verificado no começo do ano, quando o cenário era ainda mais preocupante entre os economistas.
"Ainda que sejam fatores sazonais que estejam ajudando o índice, isso afeta, num certo sentido, a dinâmica de inflação. Assim como temos um choque negativo e ele é espalhado na economia, quando temos um choque favorável como agora, isso também tende a impactar vários canais. Isso tem impacto via expectativas, indexação e inércia, por exemplo", disse.
Para Padovani, além da questão sazonal, os sinais de acomodação da economia nacional já estão sendo vistos e isso também será benéfico para a inflação, apesar das expectativas de resultados do IPCA um pouco maiores para os próximos meses.
Os economistas Silvio Campos Neto e Thiago Curado, da Tendências Consultoria Integrada, veem um caráter pontual na desaceleração de junho e alertam para a possibilidade de taxas mais altas ao longo dos próximos meses, com o fim das quedas em transportes e alimentação. "Ainda persiste um cenário de preocupante inflação de demanda", afirmaram os analistas.
Para julho, o estrategista-chefe do WestLB trabalha inicialmente com uma projeção de taxa de 0,2% para o IPCA fechado. "Nos primeiros cinco meses do ano, a inflação rodou na casa de 0,7% na média. Nos próximos seis meses, dever rodar numa média de 0,4%", afirmou. Quanto aos próximos passos da política monetária do Banco Central, o WestLB continua trabalhando com um cenário de apenas mais uma alta de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, na reunião de julho do Comitê de Política Monetária (Copom). "Poderia tranquilamente ter mais uma alta em agosto, mas esse não é o meu cenário", ressaltou Padovani.
Já o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, revisou de 40% para 50% a probabilidade de um aumento na taxa básica de juros na reunião de outubro do Copom. O IPCA de 0,15% é superior à expectativa da Prosper, que era de 0,04% para o período.
Segundo o especialista, foram mantidas no cenário da Prosper as expectativas de mais dois ajustes consecutivos de 0,25 ponto percentual nas duas próximas reuniões do Copom, que acontecem em julho e agosto. Com isso, a projeção oficial da corretora para a Selic em 2011 é de uma taxa de 12,75%, mas cresceram as chances de que ela atinja o nível de 13% ainda este ano.

Setor de serviços acelera elevação no primeiro semestre deste ano

O aumento de preços dos serviços tem pressionado a inflação medida pelo IPCA. Nos seis primeiros meses de 2011, a contribuição do setor foi de 1,28 ponto percentual na variação de 3,87% do índice cheio. Em igual intervalo do ano passado, esse impacto foi de 1,06 ponto percentual. "Na verdade, os serviços no primeiro semestre do ano passado puxaram a inflação também, mas, neste ano, puxaram mais ainda, correspondendo a 33% dos 3,87% da inflação acumulada no primeiro semestre de 2011", disse Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. Vários serviços importantes no orçamento das famílias vêm apresentando altas aceleradas, em particular empregado doméstico. "Com a renda mais alta e com a opção de emprego em outros setores, tem ficado mais escasso obter o serviço de empregado doméstico e os preços se elevam", explicou.

Transportes e alimentação puxaram resultado do mês

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou seu ritmo de alta entre maio e junho, passando de alta de 0,47% para alta de 0,15%. Essa forte desaceleração é explicada, sobretudo, pela deflação no preço da gasolina e nos preços do grupo alimentação e bebidas. A maior oferta de alimentos e a queda nos preços das commodities no exterior explicam a deflação neste grupo. "Estamos em período de safra, os produtos estão sendo colhidos. E a safra deve ser 8% maior (em 2011) do que no ano anterior. Além disso, os preços das commodities no mercado externo estão caindo", explicou Eulina Nunes dos Santos, do IBGE.
Já o preço da gasolina recuou 3,94% em junho, após uma alta de 0,85% em maio. Foi a primeira queda no preço da gasolina neste ano. O litro da gasolina ficou na liderança dos impactos negativos no IPCA, com -0,17 ponto percentual. Em seguida veio o etanol, que passou de uma queda de 11,34% em maio para um recuo menos acentuado em junho, de 8,84%. Juntos, os preços dos combustíveis caíram 4,25% no mês passado, gerando um impacto de -0,20 ponto percentual no índice geral. Com a queda nos preços dos combustíveis, o grupo transportes apresentou deflação de 0,61%, apesar da alta das passagens aéreas (de -11,57% em maio para 12,85% em junho), item de maior impacto positivo do mês, com 0,04 ponto percentual.
Apesar de terem sido os principais impactos negativos sobre a desaceleração da inflação, os combustíveis ainda não devolveram os aumentos sofridos no acumulado do ano, segundo Eulina. "É importante observar que, no acumulado do ano, de janeiro a junho, a gasolina aumentou 6,15%", alertou Eulina. Além dos recuos de preços verificados em alimentação e bebidas e transportes, outros grupos que compõem o IPCA também contribuíram para a desaceleração da inflação em junho. Apenas três dos nove grupos registraram aceleração: artigos de residência, vestuário e educação.

IGP-DI registra deflação de 0,13% e acumula alta de 2,95% no ano

O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) mostrou deflação de 0,13% em junho, após subir 0,01% em maio, segundo informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). A taxa veio dentro das estimativas dos analistas do mercado financeiro, de -0,27% a uma variação zero, mas acima da mediana das expectativas (-0,15%). A taxa acumulada do IGP-DI é usada como indexadora das dívidas dos estados com a União. Com esse resultado, o indicador acumula altas de 2,95% no ano e de 8,63% em 12 meses.
Nos três indicadores que compõem o IGP-DI, o IPA-DI caiu 0,19% em junho, após registrar queda de 0,63% em maio. O IPC-DI teve taxa negativa de 0,18% em junho, em comparação com a alta de 0,51% em maio. Já o INCC-DI apresentou elevação de 0,37% em junho, após subir 2,94% em maio. Na avaliação do coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, o indicador sinalizou que a deflação nos Índices Gerais de Preços (IGPs) já mostra perda de força. "Não digo que os indicadores podem voltar a acelerar fortemente. Mas que a deflação pode chegar ao fim ainda em julho, isso é possível", explicou.
Quadros explicou que a queda de 0,13% do IGP-DI de junho é mais fraca do que as apuradas para os IGPs do mesmo mês, como o IGP-10 do mês passado (-0,22%) e o IGP-M (-0,18%). Um dos setores que pode contribuir para o término da deflação é o atacado, que também mostrou queda mais fraca de preços, de maio para junho (de -0,63% para -0,19%) e representa 60% do IGP-DI.
O especialista da fundação lembrou que, em maio, houve uma concentração muito grande de quedas de preços em alimentos in natura e em combustíveis no setor atacadista. Mas, em junho, taxas negativas começaram a arrefecer, o que levou a um recuo menos intenso nos preços do atacado. Enquanto alimentação mostrou queda mais fraca (de -1,15% para -0,97%), o setor de combustíveis voltou a ter inflação (de -2,74% para 0,09%), de maio para junho. "Agora, as quedas não estão mais concentradas, e não existe um preço específico derrubando todos os preços no atacado, como o álcool fez em maio, por exemplo", acrescentou.
Ele lembrou que, após aumentos sucessivos devido à redução de oferta por conta da entressafra da cana-de-açúcar, os preços dos derivados da cana caíram muito em maio, devido a um movimento de ajuste de preços, com a entrada da safra. Mas agora o preço do álcool começou a cair menos ou até mesmo a subir no atacado, de maio para junho. É o caso de álcool hidratado (de -18,71% para 0,26%); e de álcool anidro (de -28,25% para -16,17%). "O efeito de queda do álcool anidro foi muito forte para derrubar a inflação em maio, mas este efeito não poderia continuar para sempre", salientou.

Inflação já está sob controle, mas câmbio exige atenção, diz Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, sinalizou preocupação maior com o câmbio apreciado do que com a alta dos preços no Brasil. Ele disse que não está perdendo o sono com a inflação, pois a considera "sob controle". Mas afirmou que "está perdendo um pouco o sono" com a valorização do real, pelo efeito negativo sobre o setor manufatureiro. O ministro voltou a afirmar que está "sempre avaliando medidas" para conter o câmbio, mas não quis detalhar o tema. "Não posso dizer, é surpresa."
Conforme o ministro, o Brasil não vai deixar de subir os juros, se necessário, por causa do câmbio. "A inflação é uma preocupação permanente, é uma questão de honra, não vamos deixar subir." Entretanto, ele insistiu que todos os índices de preços estão caindo. Mantega também voltou a dizer que a economia brasileira não está superaquecida. O problema, segundo ele, é que as economias avançadas estão "subaquecidas".
Mantega acredita que o Brasil está criando condições para a redução das taxas de juros no futuro. "Não se faz isso com a inflação em alta, mas estamos nos preparando", afirmou na quinta-feira durante o 2º Brazil Business Summit, organizado pela revista The Economist, em Paris.

Índice da construção civil reduz ritmo de desaceleração

O Índice Nacional da Construção Civil, calculado pelo IBGE e pela Caixa Econômica Federal, registrou variação de 0,6% em junho, com desaceleração ante o resultado de maio (1,50%) e inferior também ao mesmo mês em 2010 (0,66%). Considerando o acumulado do primeiro semestre, a alta chegou a 3,82%. Já nos últimos 12 meses, atingiu 6,82%.
A parcela da mão de obra apresentou variação de 1,14%, número bem menor do que o contabilizado no mês anterior (3,37%). Já os materiais passaram de 0,07% para 0,17% nesse período. Em 12 meses, a alta foi de 10,36% e 4,15%, respectivamente. Pressionada pelo reajuste salarial do Mato Grosso, a região Centro-Oeste, com elevação de 1,73%, ficou com a maior variação em junho, seguida de Sul (1,31%), Nordeste (0,48%), Sudeste (0,30%) e Norte (0,19%). No acumulado, o Centro-Oeste também se destacou, com a maior taxa no ano (5,92%) e nos últimos 12 meses (9,79%).
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