Sangue errante está sendo considerada a obra-prima do romancista norte-americano James Ellroy pela crítica, pelo público e pelo próprio autor. Ellroy perdeu a mãe assassinada quando tinha apenas dez anos. Antes de começar a escrever ele cometeu pequenos crimes e passou por reformatórios e pela cadeia. Ellroy mora sozinho, não tem celular, não acessa a internet, não vai a cinema, não assiste à televisão e não lê revistas, livros e jornais. Só lê os livros que escreve. Disse que não tem o menor interesse no presente e que gosta de viver, com as janelas da casa quase sempre fechadas, na Los Angeles do passado, cenário obrigatório de seus romances policiais. Ellroy é autor de
Los Angeles: cidade proibida e
Dália Negra, adaptados para o cinema.
Sangue errante encerra a trilogia iniciada com
Tabloide Americano e seguida por
6 mil em espécie. As narrativas se passam nos anos 1954 a 1972 nos Estados Unidos e o autor, considerado o maior escritor policial da atualidade e mesmo de todos os tempos por alguns, não poupa mitos, figuras políticas ou astros do showbiz norte-americano. Incríveis personagens reais como o excêntrico milionário Howard Hughes, o rei do cinema e da aviação, o homossexual enrustido John Edgar Hoover, que ficou quase 50 anos à frente do poderoso FBI, e o lendário Martin Luther King estão lado a lado com pederastas, cafetões, mafiosos, policiais, traficantes, ex-policiais traficantes e muitos mais.
Sangue errante com sua narrativa repleta de cenas de ação, contadas em staccato, se inicia no inesquecível verão de 1968, quando Martin Luther King e Ronert Kennedy estão mortos e a conspiração por trás de seus assassinatos começa a se desvelar. Distúrbios sacodem a convenção democrática em Chicago, militantes negros varrem a zona Sul de Los Angeles e o FBI organiza medidas de contenção. Em meio a este clima e a estes acontecimentos, uma história de corrupção, retribuição, ideais, guerra e amor acontece. Uma dura fábula sobre ambição, insanidade, paixão e fraude está contada. Um trabalho de mestre. Enfim, um ótimo noir político, com ingredientes fortes e profundos, destes que James Ellroy escreve como ninguém. Record, 958 páginas,
[email protected], tradução de Ivanir Alves Calado.