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Coluna

- Publicada em 08 de Julho de 2011 às 00:00

Impiedoso retrato dos EUA de 1968 a 1972


Jornal do Comércio
Sangue errante está sendo considerada a obra-prima do romancista norte-americano James Ellroy pela crítica, pelo público e pelo próprio autor. Ellroy perdeu a mãe assassinada quando tinha apenas dez anos. Antes de começar a escrever ele cometeu pequenos crimes e passou por reformatórios e pela cadeia. Ellroy mora sozinho, não tem celular, não acessa a internet, não vai a cinema, não assiste à televisão e não lê revistas, livros e jornais. Só lê os livros que escreve. Disse que não tem o menor interesse no presente e que gosta de viver, com as janelas da casa quase sempre fechadas, na Los Angeles do passado, cenário obrigatório de seus romances policiais. Ellroy é autor de Los Angeles: cidade proibida e Dália Negra, adaptados para o cinema. Sangue errante encerra a trilogia iniciada com Tabloide Americano e seguida por 6 mil em espécie. As narrativas se passam nos anos 1954 a 1972 nos Estados Unidos e o autor, considerado o maior escritor policial da atualidade e mesmo de todos os tempos por alguns, não poupa mitos, figuras políticas ou astros do showbiz norte-americano. Incríveis personagens reais como o excêntrico milionário Howard Hughes, o rei do cinema e da aviação, o homossexual enrustido John Edgar Hoover, que ficou quase 50 anos à frente do poderoso FBI, e o lendário Martin Luther King estão lado a lado com pederastas, cafetões, mafiosos, policiais, traficantes, ex-policiais traficantes e muitos mais. Sangue errante com sua narrativa repleta de cenas de ação, contadas em staccato, se inicia no inesquecível verão de 1968, quando Martin Luther King e Ronert Kennedy estão mortos e a conspiração por trás de seus assassinatos começa a se desvelar. Distúrbios sacodem a convenção democrática em Chicago, militantes negros varrem a zona Sul de Los Angeles e o FBI organiza medidas de contenção. Em meio a este clima e a estes acontecimentos, uma história de corrupção, retribuição, ideais, guerra e amor acontece. Uma dura fábula sobre ambição, insanidade, paixão e fraude está contada. Um trabalho de mestre. Enfim, um ótimo noir político, com ingredientes fortes e profundos, destes que James Ellroy escreve como ninguém. Record, 958 páginas, [email protected], tradução de Ivanir Alves Calado.
Sangue errante está sendo considerada a obra-prima do romancista norte-americano James Ellroy pela crítica, pelo público e pelo próprio autor. Ellroy perdeu a mãe assassinada quando tinha apenas dez anos. Antes de começar a escrever ele cometeu pequenos crimes e passou por reformatórios e pela cadeia. Ellroy mora sozinho, não tem celular, não acessa a internet, não vai a cinema, não assiste à televisão e não lê revistas, livros e jornais. Só lê os livros que escreve. Disse que não tem o menor interesse no presente e que gosta de viver, com as janelas da casa quase sempre fechadas, na Los Angeles do passado, cenário obrigatório de seus romances policiais. Ellroy é autor de Los Angeles: cidade proibida e Dália Negra, adaptados para o cinema. Sangue errante encerra a trilogia iniciada com Tabloide Americano e seguida por 6 mil em espécie. As narrativas se passam nos anos 1954 a 1972 nos Estados Unidos e o autor, considerado o maior escritor policial da atualidade e mesmo de todos os tempos por alguns, não poupa mitos, figuras políticas ou astros do showbiz norte-americano. Incríveis personagens reais como o excêntrico milionário Howard Hughes, o rei do cinema e da aviação, o homossexual enrustido John Edgar Hoover, que ficou quase 50 anos à frente do poderoso FBI, e o lendário Martin Luther King estão lado a lado com pederastas, cafetões, mafiosos, policiais, traficantes, ex-policiais traficantes e muitos mais. Sangue errante com sua narrativa repleta de cenas de ação, contadas em staccato, se inicia no inesquecível verão de 1968, quando Martin Luther King e Ronert Kennedy estão mortos e a conspiração por trás de seus assassinatos começa a se desvelar. Distúrbios sacodem a convenção democrática em Chicago, militantes negros varrem a zona Sul de Los Angeles e o FBI organiza medidas de contenção. Em meio a este clima e a estes acontecimentos, uma história de corrupção, retribuição, ideais, guerra e amor acontece. Uma dura fábula sobre ambição, insanidade, paixão e fraude está contada. Um trabalho de mestre. Enfim, um ótimo noir político, com ingredientes fortes e profundos, destes que James Ellroy escreve como ninguém. Record, 958 páginas, [email protected], tradução de Ivanir Alves Calado.

lançamentos

  • Vozes Esquecidas da Primeira Guerra Mundial – uma nova história contada por homens e mulheres que vivenciaram o primeiro grande conflito do século XX, de Max Arthur, traz depoimentos de idosos que testemunharam o horror, as torpezas, a compaixão e o terror da Guerra. Bertrand Brasil, 398 páginas, [email protected].
  • As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain, romance fundador da narrativa estado-unidense, registrou a fala comum de gente simples. Obra-prima do autor, lançada em 1885, na sequência de Tom Sawyer, mudou para sempre o imaginário americano. L&PM Pocket, 320 páginas, www.lpm.com.br.
  • CooJornal: Um jornal de jornalistas sob o regime militar, organizado por Rafael Guimaraens, Ayrton Centeno e Elmar Bonés, tem reportagens selecionadas e trabalhos gráficos que marcaram época, pela forma e compromisso com a verdade, num tempo de censura. Libretos, 272 páginas, www.libretos.com.br.
  • Além da depressão - novas maneiras de entender o luto e a melancolia, do psicanalista inglês Darian Leader, pretende o abandono ao conceito de depressão atualmente utilizado. Com novas ferramentas terapêuticas, noções de luto e melancolia podem ser vistas e revistas.  Best Seller, 224 páginas, telefone (21) 2585-2002.

e palavras...

Carrinho de lomba, bestas, laboratórios, bodoques
Meu amigo Vitor Biasoli, direto de Santa Maria da Boca do Monte, onde vive e leciona História na UFSM, me envia um e-mail muito interessante sobre um evento envolvendo carrinhos de lomba. O Projeto Recriar, do Curso de Desenho Industrial da UFSM e da Chili Produções Culturais, permitiu aos alunos do curso desenhar, construir e usar carrinhos de lomba, aqueles feitos com madeira e rolamentos. Os carrinhos são, tipo assim, os avôs dos skates. Depois da oficina os carrinhos foram doados a instituições de caridade. Achei muito interessante. No meu tempo de piá, em Bento Gonçalves, no início da segunda metade do século XX, fazíamos nossos carrinhos de lomba e outros brinquedos, como bestas de Guilherme Tell (com cabides, às vezes), laboratórios caseiros com vidros sobre caixas de madeira utilizadas para transporte de frutas e bodoques, ou fundas. Para alívio da minha consciência ecológica, nunca matei passarinho algum com o estilingue. Tecnologia, naquele tempo, para nós, era energia elétrica, telefone da vizinha, automóveis, rádio e telégrafo. Construir os próprios brinquedos e brincar com eles é uma experiência que deveria ser mais frequente por aí nesses tempos de luzes, sons e imagens delirantes, de videogames maneiros e de tecnologia feérica. Nada contra os avanços tecnológicos e científicos, mas tantas facilidades científicas e tecnológicas muitas vezes diminuem nossa capacidade criativa, especialmente em matéria de conteúdo. Estão aí cinema, publicidade, literatura, artes e comunicação em geral que não me deixam mentir. Como está fácil se expressar, ao menos em termos de forma, o conteúdo por vezes dança. É forma, forma pela forma, sem nada dentro. Por isso gostei de saber da oficina de desenho, construção e carrinhos de lomba em Santa Maria, onde os alunos desenvolveram  todas as fases do processo criativo e produtivo e, de quebra, e ainda se divertiram andando com os carrinhos nos morrinhos de Santa Maria. Obrigado, meu amigo Vitor, pela notícia, por esta crônica e pela oportunidade de lembrar que naquelas verdes tardes na Serra gaúcha eu já usava a imaginação, madeira, rolimãs e as mãos. O Einstein disse que a imaginação é mais importante que o conhecimento. Concordo com o cientista e boto fé na ciência e ciência na fé.

e versos

A chuva
"A chuva molha  a  cara  das  coisas
resvala  pelo  lombo da sombra
e se esvanece na umidade cerrada da aurora.
A chuva abranda os perfis
Confunde os contornos abre
a entrada e cobre as saídas
Atrás há outra chuva
e depois da bruma
chove névoa.
Os sonhos se desfibram debaixoda fronte
enquanto um homem sonha
com outro
que foi
ou talvez tenha sido
ou acaso fosse
quando se desate o nó final da chuva".
Jorge  Arbeleche, em Poetas da América de Canto Castelhano, Org. Thiago de Mello, Global, www.globaleditora.com.br

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