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cidadania

- Publicada em 06 de Junho de 2011 às 00:00

Seppir quer reduzir homicídios de jovens negros


GABRIELA DI BELLA/JC
Jornal do Comércio
A população negra no Brasil está mais exposta à mortalidade por causas externas, principalmente os homicídios. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que os assassinatos foram responsáveis pela morte de 50% dos negros com idade entre 15 e 29 anos. Para mudar este quadro, a ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), pretende desenvolver um projeto que trate das ações afirmativas para os jovens negros com foco na educação, saúde e trabalho. “A meta da secretaria é reduzir os homicídios no segmento da juventude negra com políticas afirmativas”, destaca. Luiza defende ainda a implantação do sistema de cotas raciais no serviço público. Ela espera que a proposta do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, de adotar o modelo nos concursos públicos sirva de exemplo para outros estados brasileiros.
A população negra no Brasil está mais exposta à mortalidade por causas externas, principalmente os homicídios. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que os assassinatos foram responsáveis pela morte de 50% dos negros com idade entre 15 e 29 anos. Para mudar este quadro, a ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), pretende desenvolver um projeto que trate das ações afirmativas para os jovens negros com foco na educação, saúde e trabalho. “A meta da secretaria é reduzir os homicídios no segmento da juventude negra com políticas afirmativas”, destaca. Luiza defende ainda a implantação do sistema de cotas raciais no serviço público. Ela espera que a proposta do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, de adotar o modelo nos concursos públicos sirva de exemplo para outros estados brasileiros.
Jornal do Comércio - É possível prever em quanto tempo a política de cotas raciais vai beneficiar a população negra?
Luiza Bairros - Não tenho esta estimativa. No entanto, pela diferença entre brancos e negros na maioria dos aspectos da vida social, o Brasil ainda vai precisar de cotas raciais por muitos anos. Na verdade, o governo federal não explorou todo o repertório de utilização deste instrumento. As cotas têm sido utilizadas particularmente no acesso ao Ensino Superior e demonstraram ser um instrumento efetivo para provocar a mudança na composição racial das instituições de ensino no País. A ideia é explorar essa política afirmativa em outras áreas. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, anunciou a disposição de adotar o sistema de cotas nos concursos públicos do governo estadual. Estamos torcendo pelo projeto carioca e aguardando que outros estados venham adotar as cotas no serviço público para que os negros tenham acesso a produções que são mais valorizadas.
Jornal do Comércio - Por que existe tanta resistência ao sistema de cotas no Brasil?
Luiza - A existência das cotas acaba materializando para alguns setores da sociedade a sensação de perda de direitos, quando na verdade o que eles perdem são os privilégios dos quais desfrutaram ao longo dos anos. Em uma sociedade racista como é a brasileira, ser branco representa em muitos sentidos uma vantagem, tanto simbólica quanto material. Apesar de sermos metade da população, não é incomum você encontrar ambientes onde existam apenas pessoas brancas. As pessoas se acostumaram com essa homogeneidade racial branca em determinados espaços, principalmente em locais que são mais valorizados.
Jornal do Comércio - O Brasil ainda não aprendeu a conviver com a diversidade racial?
Luiza - Nos últimos anos, a Seppir tem recebido diversas denúncias de pessoas negras que são discriminadas em ambientes de consumo como lojas de departamentos e supermercados. Não temos quantificado essas denúncias; o que a gente consegue perceber é que, na medida em que as pessoas negras começam a ocupar espaços que até pouco tempo elas não frequentavam, isso causa uma reação. Essa reação é expressa na atitude da vigilância que acaba associando o negro a qualquer coisa, menos a um consumidor.
Jornal do Comércio - Quais são os projetos da Seppir na gestão da presidente Dilma Rousseff?
Luiza - Pretendemos trabalhar com três projetos na nossa gestão. O primeiro diz respeito ao que representa o racismo na vida das pessoas negras, buscando propor algumas ações que levem à preservação do nosso patrimônio cultural, à valorização do patrimônio cultural; um trabalho de comunicação sobre o negro nessa área na mudança das mentalidades. Um segundo programa trata mais diretamente das ações afirmativas, em que pretendemos trabalhar com questões da pauta da igualdade racial nas áreas de educação, saúde, trabalho. Ou seja, o nosso foco será voltado para a questão da redução dos homicídios no segmento da juventude negra. Os dados do Ipea sobre a morte de jovens negros são assustadores e precisam ser revertidos. O terceiro projeto trata da atenção às comunidades quilombolas do País. A Seppir firmou também uma parceria com a Febraban  (Federação Brasileira de Bancos) para que as pessoas negras possam cadastrar seus currículos no site da instituição. A ideia é que a mão de obra negra possa ser utilizada pelos bancos em todo o Brasil. A Febraban vai incentivar que os seus associados selecionem e recrutem negros. Nosso próximo projeto será desenvolvido com a Associação Brasileira de Supermercados. A proposta é criar uma cultura em que a diversidade racial seja vista como um benefício para os supermercadistas.
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