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Entrevista

- Publicada em 02 de Março de 2011 às 00:00

Maia garante que o metrô da Capital nunca esteve tão perto


RODOLFO STUCKERT/AGÊNCIA CÂMARA/JC
Jornal do Comércio
Depois de Flores da Cunha, Nelson Marchezan e Ibsen Pinheiro, o canoense Marco Maia (PT-RS) leva o Rio Grande do Sul ao comando da Câmara dos Deputados.
Depois de Flores da Cunha, Nelson Marchezan e Ibsen Pinheiro, o canoense Marco Maia (PT-RS) leva o Rio Grande do Sul ao comando da Câmara dos Deputados.
O petista assumiu a presidência da Casa Legislativa há um mês e já enfrenta temas complexos, como as reformas política e tributária, além das mudanças no Código Florestal, que devem ser votadas ainda neste mês.
Mas o que empolga o deputado federal é falar sobre o Rio Grande do Sul e as oportunidades que o Estado tem para alcançar um novo patamar de desenvolvimento nos próximos anos. Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, ele destaca dois projetos. Um é a ponte sobre o Guaíba, que "deverá ser um instrumento de fortalecimento da infraestrutura do Rio Grande do Sul".
Outro é o metrô de Porto Alegre, considerado prioridade absoluta. "É uma obra importantíssima", define. Maia destaca o momento positivo para tocar o projeto. "Temos todas as condições políticas: governo federal, governo do Estado, prefeitura de Porto Alegre, presidência da Câmara, Assembleia Legislativa, tudo conspira a favor. Esse projeto, nunca esteve tão amarrado."
Jornal do Comércio - Enquanto presidente da Câmara dos Deputados, como o senhor está acompanhando os projetos de interesse do Rio Grande do Sul?
Marco Maia - Temos dois projetos que precisam ser encarados como prioridade para o futuro do Rio Grande. Um é o metrô de Porto Alegre, obra importantíssima, que vai dialogar com o crescimento e o desenvolvimento da Capital, mas também da Região Metropolitana. Vai reorganizar o sistema de transporte da região. Precisamos estar engajados nesse projeto. E temos hoje todas as condições políticas: governo federal, governo do Estado, prefeitura, presidência da Câmara, presidência da Assembleia Legislativa. Tudo conspira a favor desse projeto, dessa obra, que nunca esteve tão amarrada. Essa é uma prioridade absoluta para o próximo período e nós temos que tocá-la com muita força. Outro grande projeto é a segunda ponte sobre o Guaíba, que também deverá ser um instrumento de fortalecimento da infraestrutura do nosso Estado.
JC - Em termos de obras, o presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, esteve no Rio Grande do Sul com o governador Tarso Genro (PT). Qual é o resultado para as empresas do Estado?
Maia - Recebi o presidente Sergio Gabrielli antes de ele ir ao Rio Grande do Sul. Fiz um pedido expresso para que olhasse com carinho para o Estado e que viabilizasse um crescimento maior das ações da Petrobras no Rio Grande do Sul, permitindo, inclusive, que a sua rede de fornecedores se ampliasse dentro do Estado. Temos todas as condições de atender às demandas da Petrobras. Teremos no futuro muitos investimentos importantes no Rio Grande. Mas estou muito contente com o nível de investimento do governo federal no Rio Grande do Sul.
JC - Por quê?
Maia - As ações que foram desenvolvidas, como a construção dos estaleiros, plataformas de petróleo, dão conta de um nível de investimento jamais visto na história do Rio Grande do Sul por parte do governo federal. Agora, a Petrobras passa a ter um papel decisivo no crescimento e desenvolvimento do Estado. Além disso, a bancada gaúcha e as lideranças políticas nos últimos anos foram muito felizes nas suas ações junto ao governo federal. Conseguimos viabilizar obras importantes como a extensão do trem de São Leopoldo até Novo Hamburgo, a Rodovia do Parque (BR-448), a duplicação da BR-101, a duplicação da BR-386 entre Lajeado e Tabaí, a duplicação da BR-392.
JC - Nesse cenário, o Rio Grande do Sul terá um salário-mínimo diferenciado. O governador enviou um projeto que estabelece um piso de R$ 610,00. Qual é sua avaliação?
Maia - Eu era secretário da Administração no governo Olívio Dutra (PT, 1999-2002), quando foi instituído o piso mínimo regional. E acho que Olívio acertou em gênero, número e grau. O importante agora é que se mantenha essa diferenciação. Quanto mais salário colocarmos no bolso do trabalhador, mais esse trabalhador vai comprar, mais as empresas vão precisar produzir e mais vão ter que contratar mais trabalhadores, que vão gastar mais. Cria-se, portanto, um ciclo virtuoso da economia. E o governo do ex-presidente Lula (PT) demonstrou que salário não gera inflação. Ao contrário: gera desenvolvimento e crescimento econômico.
JC - O senhor, como deputado, chegou agora ao topo. Nas próximas eleições, vai ao governo do Estado?
Maia - Não. É muito cedo ainda para pensar sobre isso. Precisamos fazer um bom trabalho na Câmara, ajudar no crescimento e no desenvolvimento do País nesses próximos dois anos, constituindo uma pauta positiva para o Parlamento. Atravessar esses quatros anos bem, fazendo boas coisas para o Brasil e ajudando no crescimento do Rio Grande. O que vai ser o futuro lá na frente, o partido vai dizer. Sou um homem de partido e tenho cumprido as missões que o partido tem me dado nesses últimos anos.
JC - Que dificuldades o senhor enfrentou nesses primeiros 30 dias na presidência da Câmara dos Deputados?
Maia - Nos preocupamos muito em dar um ritmo de trabalho que permitisse, pelo menos, avançar na votação das Medidas Provisórias (MPs) que estavam trancando a pauta de votação. A constituição das comissões e a organização do trabalho como um todo na Câmara leva 30 dias para serem efetivados. Conseguimos vencer a partir do momento em que votamos várias MPs e o projeto do salário-mínimo. Já temos a definição das comissões e iniciaremos março com a possibilidade de avançar em outras matérias, não apenas MPs.
JC - O senhor recebeu missões espinhosas da presidente Dilma Rousseff (PT). Como avalia as relações com a oposição dentro do Congresso Nacional?
Maia - As coisas estão muito bem. Há um sentimento de todos os parlamentares de continuar contribuindo com o avanço do País. E a oposição tem se colocado também de forma muito comprometida. Se continuarmos com esse entendimento, o Congresso Nacional vai votar e vai aprovar bons projetos nesse próximo período.
JC - O assunto que está na pauta de todos os parlamentares é a reforma política.
Maia - A reforma política é uma das prioridades do País para este ano. Precisamos avançar no campo político como o Brasil já avançou no campo econômico e social. Não quero vender a ilusão de que vamos estabelecer um processo de reforma política ampla e irrestrita. E que consiga consenso em todos os temas. Ela é muito complexa. Se a reforma política fosse fácil de ser votada na Câmara e no Senado, já teria sido votada anteriormente. Temos um grande desafio, que é propor e encontrar consensos para fazer com que a reforma política avance.
JC - Será uma reforma menos ampla e mais rápida?
Maia - Não quero determinar o ritmo e as decisões que vão ser tomadas. Nem quero criar uma expectativa de que vamos fazer uma grande reforma política. O que eu tenho dito é que a reforma política está muito na cabeça dos políticos, jornalistas e formadores de opinião. Precisamos fazer com que a reforma política vire também um tema da sociedade. E que as pessoas entendam as questões que estão colocadas no debate. Vamos votar o financiamento público, a coincidência das eleições, vamos discutir o tema, o sistema bicameral e as coligações partidárias. Todos esses temas estão na pauta. Precisamos ouvir a sociedade e os partidos para saber se temos consenso sobre esses temas.
JC - E a reforma tributária?
Maia - Não é uma tarefa fácil, porque de um lado está o cidadão contribuinte que quer pagar menos imposto e ter mais serviços por parte do Estado. De outro, está o Estado querendo arrecadar mais para poder prestar mais serviços. E ainda tem União, estados e municípios que querem uma participação maior no bolo tributário. O esforço será para construir um acordo que viabilize a sociedade pagar menos imposto e o Estado ter as condições de prestar um bom serviço.
JC - Quando o Código Florestal será votado?
Maia - Durante minha campanha à presidência da Câmara, firmei um acordo para votar o Código Florestal a partir de março. Precisamos dar aos agricultores a garantia de que poderão continuar produzindo e, para a sociedade, a segurança de um desenvolvimento sustentável.
JC - O senhor falou que é um homem de partido. O PT é contra o projeto do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP)?
Maia - Tivemos um acordo com os ruralistas de colocar o projeto em votação. O PT em nenhum momento deu acordo nem o PV no mérito (do projeto). O acordo foi para a votação do Código Florestal. Posso ter divergências em pontos específicos. A criação de uma câmara de negociação é para permitir avanços nos temas polêmicos.
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