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Indústria

- Publicada em 01 de Março de 2011 às 00:00

Bndes anuncia prorrogação do PSI, mas os juros vão subir


ANDRÉ NETTO/JC
Jornal do Comércio
O governo vai prorrogar até dezembro a linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) lançada no ano passado a juros mais baixos para compra de máquinas e equipamentos. Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que as taxas cobradas irão aumentar.
O governo vai prorrogar até dezembro a linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) lançada no ano passado a juros mais baixos para compra de máquinas e equipamentos. Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que as taxas cobradas irão aumentar.
A linha de crédito, chamada PSI (Programa de Sustentação do Investimento), tem juros de 5,5% neste momento, e era válida até dia 31 de março. Mas em 22 de fevereiro o banco teve que parar de receber pedidos de empréstimo para essa modalidade porque o orçamento chegou ao limite. Como não pode ultrapassar a dotação orçamentária do PSI de R$ 134 bilhões, parte dos empréstimos de R$ 180 bilhões do Tesouro recebidos pelo Bndes nos últimos dois anos, o banco decidiu suspender o protocolo de novas operações.
Até 21 de fevereiro, a carteira comprometida do PSI somava R$ 130 bilhões, sendo R$ 122 bilhões já aprovados. Com cerca de R$ 8 bilhões em análise, o Bndes decidiu suspender as operações ao identificar uma demanda adicional dos bancos de cerca de R$ 4 bilhões.
A queda de 12% nas vendas de máquinas em janeiro já refletia as aprovações mais lentas dos financiamentos, segundo o vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Milton Rego. "Em fevereiro esse recuo vai se aprofundar." As vendas internas no atacado somaram 4 mil unidades em janeiro, um recuo de 11,9% ante o mesmo mês do ano passado e alta de 3,9% frente a dezembro, segundo dados da Anfavea. A produção de máquinas agrícolas caiu 10,0% em janeiro, ante janeiro de 2010, para 5.300 unidades.
Apesar desses indicativos, o anúncio do Bndes de suspender os financiamentos havia pego os fabricantes de máquinas de surpresa, uma vez que ocorreu uma semana depois que o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, garantiu que o PSI seria prorrogado e se tornaria uma política definitiva do governo federal. "O fim do programa seria desastroso para a indústria, vivemos de vendas financiadas pelo governo, nada menos do que 75% das comercializações são realizadas hoje através do PSI", destaca Cláudio Bier, presidente do Simers.
De acordo com o dirigente, 60% dos negócios do setor foram paralisados devido à suspensão do financiamento. "Chegamos a entrar em contato com o ministro Pimentel e com o Bndes, e estávamos planejando juntar uma comitiva para falar com a presidente Dilma Rousseff e apontar a gravidade da situação", informa. Bier lembra que as indústrias de máquinas e implementos nacionais necessitam do programa para poder competir com mais força com as empresas do exterior. "Eles trabalham com juros internacionais, que são menores que os brasileiros, e podem oferecer prazos mais extensos", comenta.
O Bndes informou que ainda não sabe quais serão as novas taxas de juros, nem qual será o novo orçamento do programa. Para Carolina Rossato Hayashida, diretora comercial da empresa Semeato, de Passo Fundo, a expectativa dos fabricantes de máquinas e implementos é que os novos valores adotados sejam inferiores aos do Moderfrota, que atualmente são de 9,5% ao ano. A linha ainda está em operação, mas foi praticamente deixada de lado depois da vigência do PSI. "A gente entende a preocupação que o governo tem em controlar a inflação e cortar gastos, mas nosso segmento não consegue assumir juros tão altos, temos que ser competitivos", destaca.
Os bons negócios gerados pelo programa também estavam incentivando as empresas do setor a abrir mais postos de trabalho. A Semeato já havia planejado contratar 50 novos funcionários neste ano. "Todas as nossas vendas para grandes e médios agricultores em 2010 foram realizadas através do PSI, e esperávamos a prorrogação do benefício para fazer as contratações", informa Carolina.
Segundo a diretora, as empresas do setor esperam que o governo federal aprove o mais breve possível a medida provisória que regulamenta o Finame PSI nos novos parâmetros. "Estamos nos aproximando do momento da colheita, nossa grande vitrine de negócios, então precisamos ter uma definição rápida", afirma.

Otimismo do consumidor permanece inalterado, diz CNI

O otimismo do consumidor brasileiro seguiu praticamente inalterado de janeiro para fevereiro, segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada ontem. Mesmo assim, o viés foi levemente negativo, já que o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) registrou queda de 0,2% este mês na comparação com janeiro, a quarta redução seguida. O índice hoje está 4,6% abaixo do valor apurado em outubro de 2010.
"A desaceleração na atividade econômica, verificada desde fins de 2010 na indústria e no início do ano na construção civil, não alterou o otimismo dos brasileiros", avaliaram técnicos da CNI, segundo nota à imprensa.
Ao avaliar o indicador aberto, é possível verificar que as variáveis que o compõem apresentaram trajetórias distintas em fevereiro. O quadro mais claro é o de que os itens relacionados à renda, situação financeira e endividamento são os que mais preocupam hoje. De acordo com a CNI, o índice de expectativa da renda pessoal registrou o maior recuo da pesquisa (-2,2% de janeiro para fevereiro), entre todos os indicadores do Inec. A parcela dos que esperam queda na renda subiu de 6% para 9% dos entrevistados, um universo de 2.002 pessoas ouvidas de 13 a 17 de fevereiro em todo o País.
O indicador de situação financeira caiu 1,2% em fevereiro na comparação com janeiro e o índice de endividamento recuou 2,1% na mesma base de comparação. Em fevereiro, 22% dos entrevistados estimavam estar mais endividados nos próximos meses, contra 18% que tinham essa expectativa em janeiro. A perspectiva do brasileiro sobre o comportamento da inflação permaneceu praticamente estável, com uma alta de 0,4%.
Houve aumento nas expectativas sobre o desemprego e compras de bens de maior valor, que registraram acréscimos, entre janeiro e fevereiro, de 2,5% e de 1,4%, respectivamente.
De acordo com o Inec, 30% dos entrevistados em fevereiro apostavam na redução do desemprego, contra 28% em janeiro. Outros 35% acreditavam no aumento do número de desempregados em fevereiro, nível abaixo dos 37% verificado no mês anterior. Entre os entrevistados em este mês, 27% responderam que esperam comprar mais nos próximos meses, contra 24% em janeiro.
O economista da CNI Marcelo Azevedo explicou que o recuo do Inec nas expectativas sobre renda, endividamento e situação financeira se deve à percepção do aumento das taxas de juros, em decorrência das medidas de restrição ao crédito divulgadas pelo Banco Central no começo de dezembro.

Confiança recua pelo segundo mês

O Índice de Confiança da Indústria (ICIP) apresentou redução pelo segundo mês consecutivo, entre janeiro e fevereiro, ao passar de 112,8 para 112,5 pontos, considerando-se dados com ajuste sazonal. O indicador, divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), é composto por cinco quesitos contidos na Sondagem de Expectativas do Consumidor.
Embora o recuo seja suave, em relação ao mês anterior, com a queda o índice chega ao menor nível desde novembro de 2009 (109,6 pontos). Medido em termos de média trimestral, o ICI vem se mantendo relativamente estável nos últimos seis meses, em torno de 113,5 pontos. Em fevereiro, o Índice da Situação Atual (ISA) manteve o patamar de 112,1 pontos, o mais baixo desde dezembro de 2009 (111,9). Já o Índice de Expectativas (IE) recuou em 0,7%, para 112,8 pontos, ficando idêntico ao de dezembro de 2010.
Segundo a FGV, dos quesitos integrantes do índice de confiança que retratam o momento atual, destaca-se, entre janeiro e fevereiro, a continuidade do equilíbrio dos estoques industriais. Em fevereiro, a parcela de empresas que avaliam o nível de estoques como excessivo foi de 5,7%, enquanto a proporção das que o consideram insuficiente ficou em 4,5%. Em janeiro, estes percentuais foram de 6,3% e 4%, respectivamente.
As expectativas dos empresários industriais em relação à evolução da produção nos meses seguintes tornaram-se menos otimistas: o indicador deste quesito ficou em 134,6 pontos, o menor desde agosto de 2010 (131,6). Das 1.128 empresas consultadas, 39,7% preveem aumentar a produção no trimestre fevereiro-abril (contra 43,7% em janeiro) e 5,1% pretendem reduzi-la (contra 4,9%).
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