Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Egito

- Publicada em 31 de Janeiro de 2011 às 00:00

ElBaradei deve negociar com Mubarak


KHALED DESOUKI/AFP/JC
Jornal do Comércio
A Coalizão Nacional por Mudança, que reúne vários movimentos de oposição egípcios, incluindo a Irmandade Muçulmana, encarregou Mohamed ElBaradei, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA) e principal voz da oposição no Egito, de negociar com o regime do presidente Hosni Mubarak, alvo dos protestos que já duram seis dias e paralisaram o país, deixando cem mortos. Ele se juntou aos manifestantes na praça Tahrir, no Centro do  Cairo.
A Coalizão Nacional por Mudança, que reúne vários movimentos de oposição egípcios, incluindo a Irmandade Muçulmana, encarregou Mohamed ElBaradei, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA) e principal voz da oposição no Egito, de negociar com o regime do presidente Hosni Mubarak, alvo dos protestos que já duram seis dias e paralisaram o país, deixando cem mortos. Ele se juntou aos manifestantes na praça Tahrir, no Centro do  Cairo.
“Não podemos voltar atrás no que começamos”, disse aos milhares de manifestantes às 18h30min locais (14h30min em Brasília), duas horas depois do início do toque de recolher na capital. Mais cedo, em entrevista exclusiva à rede de TV norte-americana CNN, ElBaradei declarou que o presidente Hosni Mubarak deveria deixar o cargo para “abrir caminho para um governo de unidade nacional” em uma eleição “livre” e “justa”. ElBaradei também destacou que o presidente dos EUA, Barack Obama, deveria exigir publicamente a renúncia do ditador, há 30 anos no poder. “Se não aconteceu ainda, deve acontecer hoje (ontem) ou amanhã (hoje). É melhor que ele saia, é melhor que este ditador abandone o Egito e Obama deveria exigir isto publicamente”, afirmou à emissora.
Em meio a temores de que o grupo conservador Irmandade Muçulmana possa tomar o poder e converter o Egito em uma república islâmica fundamentalista, o Nobel da Paz disse que esta “não é uma possibilidade”. “Eu tenho bastante confiança de que isso não vai acontecer. Isto é um mito criado pelo governo Mubarak, de que as opções são a ditadura ou o fundamentalismo islâmico. A Irmandade Muçulmana não tem nada a ver com o Irã, não tem nada a ver com o fundamentalismo. Eles são a favor de um estado laico; são conservadores, uma minoria no Egito”, observou.
Para ElBaradei o grupo deve ser integrado à nova política egípcia. O ativista disse que servir como presidente interino não é sua prioridade e que tem interesse em assuntos globais e de direitos humanos, mas que pode assumir caso este seja o desejo do povo. “Estou à disposição de fazer tudo ao meu alcance para salvar este país. Mas, se o povo egípcio quiser que eu sirva como uma ponte nesta transição entre a ditadura e um Egito democrático, não vou abandoná-lo”, afirmou.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse ontem que os Estados Unidos querem ver uma transição ordenada de poder. “Queremos ver uma transição ordenada para que ninguém preencha um vazio, para que não haja um vazio, que haja um plano muito bem pensado que traga um governo democrático e participativo”, declarou Hillary ao programa Fox News Sunday.
Em outra entrevista, Hillary observou que os EUA querem ver uma transição do Egito à democracia. “Queremos ver eleições livres e honestas e esperamos que seja um dos resultados do que está acontecendo agora”, afirmou em entrevista ao programa Meet the Press, da rede de TV NBC.
A revolta está afetando a indústria do turismo no Egito. A embaixada dos EUA no país ofereceu ontem voos para a Europa aos cidadãos norte-americanos que estejam desesperados para deixar o solo egípcio.
O primeiro-ministro israelense, Banjamin Netanyahu, disse que Israel deve exercer sua responsabilidade e o comedimento em relação aos protestos, e espera que a estabilidade e os laços pacíficos possam ser duradouros com o Egito, a primeira nação árabe a declarar paz com Israel.
Ontem, Mubarak se reuniu com militares de alto escalão em uma tentativa de se manter no poder diante de protestos sem precedentes por sua saída. Estava presente no encontro o vice-presidente Omar Suleiman, cuja nomeação, no sábado, pode ter aberto caminho para uma sucessão. Ele também se reuniu com o ministro da Defesa, Mohamed Hussein Tantawi, com o chefe de gabinete Sami al-Anan, e com outros comandantes.
Cerca de quatro mil pessoas estiveram reunidas ontem na Praça Tahrir, que se tornou um ponto de protesto para o povo expressar sua revolta com a pobreza, a repressão e a corrupção na nação mais populosa do mundo árabe. Durante a madrugada, moradores do Cairo, armados com porretes, correntes e facas, fizeram grupos de vigília para proteger os bairros de saqueadores, depois que a impopular polícia deixou as ruas após confrontos com manifestantes. “Mubarak, Mubarak, o avião te espera”, gritavam os manifestantes.
O Egito paralisou as operações da emissora de televisão por satélite Al Jazeera, que mostrou ao resto do mundo árabe imagens de manifestações ocorrendo no Cairo, em Suez e em Alexandria, além de ações rígidas da polícia contra a população. O governo também interrompeu o acesso à internet e o sinal de telefones celulares para tentar atrapalhar os planos dos manifestantes. Mas mensagens no Twitter ontem exortavam que os egípcios fossem à Praça Tahrir para continuar os protestos contra Mubarak.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO