Monteiro Lobato, em uma de suas fábulas na década de 1930 no século passado, já exteriorizava, pela personagem de Dona Benta, para surpresa de Pedrinho, Emília, Visconde de Sabugosa e outros figurantes, que a qualidade se sobrepunha à quantidade. A evolução científica dos fundamentos, critérios e processos de gestão qualificada a partir dos meados do século XX continuam clamando por sua implementação continuada em muitos setores da administração pública e privada. Na área da iniciativa empresarial, a conquista de um laurel nesta área é uma condição necessária, mas não suficiente. Os fundamentos de Deming, Toffler, Drucker, Feigenbaum e tantos outros indicam que a sustentabilidade socioeconômica é um processo de melhoria contínua e que deve ter abrangência a todos os integrantes do processo e da cadeia produtiva, pois uma corrente é tão forte quanto seu elo mais fraco. O setor público, nos três níveis executivos de governo, União, estados e municípios, nos Poderes Legislativo e Judiciário e demais instituições exige, para adentrar-se no caminho da excelência, a construção de uma governança de qualidade.
A conquista do equilíbrio fiscal, da construção dos programas estruturantes e onde os projetos sejam realizados através de um gestor responsável mesmo que envolvendo mais de um organismo público e com a alocação de recursos integrados são duas das três componentes da qualidade sustentável. A terceira componente é a do treinamento e da capacitação de todos os intervenientes no processo. Essa componente onde se insere a da força de trabalho é o fator crítico de sucesso, pois se trata da qualificação da quantidade. A governança pode estar estruturada, os projetos podem ter sido elaborados de forma adequada, porém, se a quantidade executora não estiver sendo treinada e adestrada de forma contínua e em conformidade com os objetivos e metas da qualidade, o País não se transformará em Nação. Os acertos do passado constroem o farol que ilumina o futuro. Será com transparência, humildade e integridade na melhoria contínua da gestão qualificada na educação, saúde, infraestrutura e fontes de produção que o Brasil poderá conquistar em 2050 a posição de quarta economia mundial.
Joal Teitelbaum - Membro da Academia Internacional da Qualidade