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Turismo

- Publicada em 27 de Dezembro de 2010 às 00:00

Rio Grande do Sul quer atrair turistas em 2014


MATEUS BRUXEL/ARQUIVO/JC
Jornal do Comércio
A Copa do Mundo de 2014 se aproxima, e, aos poucos, as regiões turísticas do Estado começam a arregaçar as mangas para preparar sua estrutura turística para a grande competição que virá adiante. Em algumas localidades, a articulação entre poder público e iniciativa privada em prol de melhorias em infraestrutura e treinamento já está avançada, mas em outras começará a se intensificar apenas em 2011.

A Copa do Mundo de 2014 se aproxima, e, aos poucos, as regiões turísticas do Estado começam a arregaçar as mangas para preparar sua estrutura turística para a grande competição que virá adiante. Em algumas localidades, a articulação entre poder público e iniciativa privada em prol de melhorias em infraestrutura e treinamento já está avançada, mas em outras começará a se intensificar apenas em 2011.

São 29 cidades gaúchas candidatas a receber delegações e entrar definitivamente no roteiro de visitas dos turistas estrangeiros. Estes municípios, localizados em quatro regiões (Missões, Costa Doce, Serra e Grande Porto Alegre) receberam manuais da Fifa para se adaptar às suas normas.
Eles serão visitados pela Câmara Temática de Desenvolvimento do Turismo, órgão do Ministério do Turismo (MTur) que já passou pelas cidades-sedes, e intensificará agora o trabalho nas candidatas a subsedes. A Câmara apontará as potencialidades e as lacunas que precisam ser preenchidas.
Antes de ter o diagnóstico, no entanto, as cidades começam a se autoavaliar e mobilizar seu trade em prol de melhorias. “Estes municípios agora estão se planejando e fazendo os investimentos na área de turismo, infraestrutura, adequação em hotéis, serviço de buffet, restaurante, centro de treinamento, ações de segurança etc”, explica a assessora técnica da Secretaria Extraordinária da Copa de 2014 (Secopa-RS), Maria Gorete Souza Silva.
As cidades também trabalham para se adequar às exigências logísticas da Fifa, como ter localizado um centro de treinamento a 20 minutos do hotel onde se hospedarão os jogadores, e que este hotel se localize a, no máximo, uma hora de um aeroporto. Gorete lembra que estas regiões possuem vantagens competitivas para atrair contingente elevado de turistas, como os aeroportos em Santo Ângelo, Passo Fundo, Caxias do Sul e Porto Alegre.
Em paralelo, têm sido desenvolvidos projetos de qualificação, através de parcerias entre Secopa, Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS), sindicatos, associações e prefeituras, de forma a melhorar o atendimento em lojas, restaurantes, hotelaria e agências.
Recentemente, formou-se em Porto Alegre a primeira turma de 321 trabalhadores do trade turístico no projeto Bem Receber Copa 2014, desenvolvido com recursos do Ministério do Turismo. Em junho, já haviam sido formados 320 alunos no programa Turismo Receptivo, também na Capital.
Porto Alegre, por sinal, começa a avançar a olhos vistos, embora ainda tenha muito o que ser feito. O Centro Histórico da cidade, uma região procurada pelo turista estrangeiro, recebe mais investimentos em seus atrativos, e o trabalho de recuperação do local avança, na opinião de especialistas. A reativação do Terminal 2 do aeroporto Salgado Filho também é um resultado visível dos esforços para a Copa de 2014, embora haja ainda muito para ser feito.
No Interior, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) ganha importância no treinamento do trade e na preparação de pequenos empresários. Cidades como Pelotas, Rio Grande, Gramado, Canela e São Miguel das Missões formam grupos de trabalho para conhecer suas potencialidades para fisgar mais visitantes.
Com melhor estrutura hoteleira e mais acostumada ao turismo, a Serra leva vantagem em relação às demais regiões. Mas as Missões, com seus atrativos culturais e gastronômicos, e a Costa Doce, com a rica natureza que a cerca, também querem participar da festa.

Costa Doce aposta em suas belezas naturais

A região da Costa Doce aposta nas suas lagoas, banhados e na observação de pássaros para atrair turistas estrangeiros. Embora cidades como Rio Grande e Pelotas possuam monumentos e casas históricas belíssimas, além das charqueadas, os empresários da região acreditam que o europeu virá ao Brasil interessado nas belezas naturais e nas opções de lazer. E, dentro deste contexto, a Costa Doce diz ter muito a oferecer.

“Pela importância do evento e a proximidade da sede dos jogos, temos todas as possibilidades de atrair o turista para nossa região”, explica Kininho Dornelles, presidente da Agência de Desenvolvimento do Turismo na Costa Doce. Os destaques da região podem ser conferidos em municípios como Tapes, Arambaré, São Lourenço, Pelotas, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, Cassino e várias outras. Em particular em Pelotas, um belo destino é a Praia do Laranjal.
Um trunfo para a preparação é o trabalho desenvolvido pelo Sebrae na região. Uma das ações em destaque é o Bichos do Mar de Dentro, que qualifica empreendedores individuais para desenvolver e vender produtos associados à marca. Dornelles explica que a comunidade começa a se movimentar para trabalhar a qualificação e melhoria em suas estruturas, ao começar a planejar cursos, parcerias e reformas em lojas, hotéis, bares e restaurantes.
A Agência de Desenvolvimento, fundada em 2005 e que reúne 25 das 35 cidades da região, intensificará a articulação entre empresários, universidades e poder público a partir deste verão. Já são mantidos contatos com a futura secretária de Estado do Turismo, Abigail Pereira, para agendar uma reunião e falar sobre as demandas da região na segunda quinzena de janeiro.
“Queremos um olhar mais atento do Estado à nossa região”, diz Dornelles. Ele elogia a evolução de obras estruturais entre as cidades, como o recapeamento asfáltico nas vias de acessos e a duplicação da BR-392, entre Pelotas e Rio Grande. Mas ainda tem muito o que ser feito, alerta. Em Rio Grande, uma oportunidade de ouro para a Copa é a construção de um deck para receber navios tipo cruzeiro, cada vez mais presentes na costa brasileira.
Um desafio da região para a Copa é conscientização da comunidade para o turismo como fonte de renda. Isso significa ampliar a atividade empresarial focada no setor, assim como qualificar e aumentar o número de hospedagens e restaurantes, elevando-os para padrões internacionais.

Missões avança na qualidade de serviços

INSTITUTO IGUASSU MISIONES/DIVULGAÇÃO/JC
Ruínas de São Miguel das Missões poderão ganhar novo espetáculo
Ruínas de São Miguel das Missões poderão ganhar novo espetáculo
Aos poucos, a região das Missões começa a enxergar a Copa como um potencial negócio nos próximos anos, e se prepara para tornar sua gastronomia e seus atrativos históricos indispensáveis aos turistas. Individualmente, grupos de hoteleiros, proprietários de restaurantes e agências encaminham seus funcionários para desenvolverem suas aptidões de atendimento e idiomas.
Ao mesmo tempo, prefeituras e o governo federal passam a trabalhar em prol da melhoria de suas estruturas culturais. O espetáculo de luzes nas ruínas de São Miguel das Missões poderá ganhar nova cara, em projeto que o Ministério do Turismo elabora para tornar o show mais tecnológico e multilíngue.
Enquanto isso, alguns projetos já saíram do papel. A imagem de São Pedro, em Butiá, a maior da América Latina, está pronta, e pretende ser um chamariz aos turistas alemães. Santo Ângelo corre para se tornar uma subsede para delegações, com o projeto já em desenvolvimento para construir um centro de treinamentos.
A cidade tem colhido bons frutos na qualificação de sua gastronomia. “Os concursos culinários, que envolvem Santo Ângelo e os municípios ao redor, têm elevado a apresentação e a qualidade dos pratos dos restaurantes na região a cada ano”, percebe o presidente do Instituto Iguassu Misiones, Marconi Flach.
Santo Ângelo concluiu recentemente a catedral inspirada nos modelos originais da chegada dos missioneiros e também tem melhorado seus museus. Para Flack, no entanto, a região ainda peca na divulgação de seus destinos para outras regiões e mesmo fora do País. “A região tem muito mais do que as ruínas. Temos aqui ótimos artistas, que tocam e cantam músicas autênticas da região das Missões”, exemplifica.
Para o dirigente, também é preciso ampliar as parcerias com os países vizinhos, de forma a tornar o roteiro mais interessante. Um turista que visita as Missões pode ser estimulado a conhecer a vida noturna da Argentina, fazer compras em La Encarnación e fascinar-se com as cataratas de Foz do Iguaçu.

Centro e serviços públicos são os desafios de Porto Alegre

A inauguração do Terminal 2 do aeroporto Salgado Filho foi a ação de maior visibilidade até o momento nos preparativos de Porto Alegre para receber a Copa. Em abril, começará a ampliação da pista para 3,2 mil metros, o que possibilitará o tráfego de aeronaves maiores e com mais passageiros. No entanto, a reforma ainda depende da retirada de famílias da área afetada, processo atrasado desde outubro. Também aguarda-se para o ano que vem o início da construção aeromóvel.

Com a confirmação de que o metrô não virá até a Copa, obras no trânsito desafiam a Capital. Os Portais da Cidade estão sendo revistos, a partir da reavaliação de compras, licitações, modelos etc. Obras de melhoria nas perimetrais não deverão sair do papel na totalidade anunciada até poucos meses atrás.
Por outro lado, a cidade avança em qualificação. Além dos quase 700 trabalhadores dos setores de hotelaria e gastronomia formados neste ano, em cursos de idiomas e atendimento, outras iniciativas começarão a qualificar mensageiros, gerentes, recepcionistas, governantas, camareiras, garçons, capitães porteiros e demais profissionais que atuam no atendimento aos visitantes.
A segunda fase do projeto Bem Receber Copa 2014 possui uma lista de espera de aproximadamente 400 pessoas, mas não há data para início do curso, que ocorre via ensino a distância. O Olá Turista, do MTur, também em andamento, deverá abrir novas turmas nos próximos meses, ensinando idiomas. “Aceleramos os cursos neste ano em função da Copa”, explica José de Jesus dos Santos, presidente do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre (Sindpoa). O trade está preocupado com as falhas nos serviços públicos da Capital, como a coleta de lixo, a falta de sinalização turística dentro da cidade, que diminui o potencial de passeios como os Caminhos Rurais, e a lentidão do projeto de revitalização do cais do porto.
Outro ponto que merece a cobrança do trade turístico é o Centro Histórico. “O Chalé da Praça XV começou a ser reestruturado e o mercado público recebeu decks, além de termos recebido novos investimentos no bairro. No entanto, temos problemas de conservação de prédios históricos, falta de iluminação e de segurança. Isso tudo atrapalha o turismo”, observa Santos. Rita Vasconcelos, presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem no Estado (Abav-RS), aponta também falhas no serviço rodoviário interurbano, fundamental para enviar e receber turistas em outras regiões do Estado. A falta de segurança e estacionamento na rodoviária são fatores que podem desestimular turistas a aproveitar melhor suas semanas no Estado.
Por outro lado, Porto Alegre tem características relevantes para aproveitar as oportunidades turísticas durante a Copa, como os atrativos culturais, parques e monumentos históricos. “Temos leitos suficientes para receber um grande evento, ainda mais que três novos hotéis serão erguidos nos próximos meses, e também boa gastronomia e bons restaurantes, com etnias diferentes e serviços de qualidade”, defende Rita.

Serra larga na frente, mas demanda treinamento

Das regiões turísticas do Rio Grande do Sul, a Serra gaúcha encontra-se em estágio mais avançado do que as demais. Com uma estrutura hoteleira e gastronômica acostumada a receber visitantes com alto poder aquisitivo e elevado nível de exigência, além de estruturas urbanas bem organizadas e boa infraestrutura, cidades do Vale dos Vinhedos, região das Hortênsias e Aparados da Serra deverão faturar alto com a Copa no Estado.

Uma etapa superada para a região é conhecer e qualificar seus próprios atrativos. O Vale dos Vinhedos sabe que será procurado por sua cultura da uva e pela gastronomia; a Região das Hortênsias, pelo turismo de compras e também gastronômico. E nos aparados da Serra, as atrações são os grandes cânions e o contato intenso com a natureza. Em julho, os primeiros hotéis da região assinaram contratos com a Fifa, credenciando-se para receber delegações e turistas. O Hotel Villa Michelon, em Bento Gonçalves, foi um dos escolhidos para o bloqueio dos apartamentos para o período de 15 de maio a 15 de agosto de 2014. Vários outros empreendimentos da região estão na mesma situação.
“A Região das Hortênsias está bem estruturada para receber o grande número de turistas durante a Copa de 2014, com cerca de 20 mil leitos e bons restaurantes, mas realmente ainda há o que ser feito”, diz Francisco Adelar Padilha, presidente do Sindicato de Hotelaria, Restaurantes, Bares e Similares da região das Hortênsias. Ele explica que a principal demanda hoje é por programas de treinamento para profissionais da região, em especial de idiomas.
Em termos de divulgação, os destinos da Serra também estão em estágios avançados, embora a região dos cânions, na opinião do trade, ainda possa se vender melhor. Cambará do Sul, por exemplo, encontra-se em etapa mais básica de instalação de trade turístico de grandes proporções, assim como demanda maior estrutura no acesso aos atrativos.
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