Participação de gaúchos na política está na Feira

Impulsionados pelo sucesso dos best-seller 1808 e 1822 (Nova Fronteira), do jornalista Laurentino Gomes, os livros com temática histórica já são capazes de ultrapassar as barreiras do circuito acadêmico e chegar aos leitores em geral.

Na 56ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre, os estandes destacam lançamentos vinculados a uma história mais recente, que envolve, entre outros, um dos mais célebres políticos gaúchos, Getúlio Vargas, principal líder da Revolução de 1930.

Nesta sexta-feira, o psicanalista João Gomes Mariante autografou Três no Divã (JÁ Editores), um ensaio sobre Getúlio, Oswaldo Aranha e Flores da Cunha. A intenção, como afirma o autor no texto, é “analisar o inconsciente dos três mais destacados líderes da política contemporânea brasileira”. A obra é uma edição revisada de publicação anterior de Mariante, Os 3 Ases de 30, publicada em 2007 e já esgotada. Além de trazer noções básicas de psicanálise, como os conceitos de culpa e líder, o psicanalista interpreta o comportamento e a trajetória dos três gaúchos.

No mesmo dia, o escritor Sinval Medina autografou A Batalha de Porto Alegre: 3 de outubro de 1930 (Martins Editora).

Na próxima sexta-feira, às 19h30min, o jornalista e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Pucrs, Juremir Machado da Silva, estará à disposição dos leitores na Praça de Autógrafos da Feira. Ele autografa 1930: Águas da Revolução, lançado pela Record.

Nesta obra, Juremir volta a utilizar recursos da ficção para narrar fatos históricos. E revisita a trajetória de um dos políticos gaúchos mais célebres Getúlio Vargas, que já havia se tornado matéria-prima para o jornalista em Getúlio, obra lançada pela Record em 2004.

Para construir seu panorama do movimento, Juremir coloca o protagonista, Gabriel D'Ávila Flores, no centro dos acontecimentos.

O soldado refaz, através de suas memórias, a luta dos gaúchos que eclodiu na chamada Revolução de 1930. Incentivada pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, a Revolução surge do descontentamento com o domínio das oligarquias, no período denominado República Velha, marcado pela alternância do poder entre paulistas e mineiros.

Liderados por Getúlio, os liberais impõem o golpe de Estado que depõe o presidente da República Washington Luís, e, por conseguinte, impede a posse do candidato eleito Júlio Prestes, levando Getúlio ao poder.

Especialista no tema, Juremir defende em duas afirmações a curiosidade de autores e populares por Getúlio: "É o político mais importante do Brasil e a Revolução de 1930 é a única grande revolução do País", sintetiza. Na avaliação do estudioso, a Revolução de 1930 ainda não é valorizada como deveria por estudiosos e pela população, em especial os gaúchos, que, para ele, supervalorizam a Revolução Farroupilha. "A Revolução de 1930 era nacional, foi vitoriosa e traz consequências até hoje", justifica.

Juremir também sustenta que a visão sobre Getúlio que prevaleceu foi a de um ditador, especialmente nos setores de esquerda, o que acaba gerando demérito à Revolução e às próprias conquistas do gestor gaúcho. Ele espera que, com a difusão de textos que retomem a trajetória do "Pai dos Pobres", seja possível dar nova valoração ao estadista.

Entre as conquistas da população brasileira após a tomada do poder por Getúlio, aponta o jornalista, estão a criação dos Ministérios da Educação - que provocou a diminuição da taxa de analfabetismo no país - e do Trabalho, que forçou o estabelecimento das leis trabalhistas, do sistema de aposentadoria e dos projetos sociais.