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Eleições

- Publicada em 05 de Outubro de 2010 às 00:00

Germano Rigotto defende mudanças no PMDB


MAICON DAMASCENO/AGÊNCIA FREELANCER/JC
Jornal do Comércio
Derrotado na disputa ao Senado Federal nas eleições de domingo, o ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto (PMDB) descartou ontem, em Caxias do Sul, presença no futuro governo federal, independentemente de quem vencer o segundo turno.
Derrotado na disputa ao Senado Federal nas eleições de domingo, o ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto (PMDB) descartou ontem, em Caxias do Sul, presença no futuro governo federal, independentemente de quem vencer o segundo turno.
Segundo ele, o PMDB precisa romper com a sua prática rotineira dos últimos 16 anos de negociar apoios em troca de cargos. "Chegamos ao limite. O partido terá de mudar se quiser ter futuro."
Também não pretende assumir a presidência nacional ou a estadual do partido, vaga desde domingo com a renúncia do senador Pedro Simon. Rigotto garantiu que continuará atuando como cidadão, apresentando palestras por meio de seu instituto e defendendo os interesses do Estado.
Na avaliação do ex-governador, o PMDB nacional cometeu o mesmo erro de quatro anos atrás, quando não lançou candidatura própria à presidência e prejudicou a agremiação estadual. Para Rigotto, o partido, a cada eleição, se enfraquece porque não tem identidade e bandeiras próprias. "Precisamos crescer com projeto próprio e não ficar disputando cargos e espaços. Ou faz isso ou continuará se apequenando cada vez mais."
Ele entende que a representação gaúcha precisará, a partir do resultado eleitoral, encontrar maneiras de tentar mudar o partido em nível nacional. Segundo o peemedebista, o preço é muito alto pela indefinição e atrelamento a outros projetos. "Foi assim com FHC (PSDB) e agora com Lula (PT). No próximo governo será a mesma coisa? Ou o partido muda ou continuará enfraquecendo a cada eleição e tendo prejuízos irreversíveis. O PMDB gaúcho está pagando a conta por isto."
O ex-governador entende que a sigla deve se reunir o quanto antes para definir que posição adotará no segundo turno presidencial, se de neutralidade ou a favor de uma candidatura. Mas já antecipa que é contra negociar apoio em troca de espaços no novo governo. "Se continuar assim não tem mais jeito, enfraquece e fica sem futuro, com problemas sérios para a sua continuidade."
Para Rigotto, ainda é possível colocar o partido em outro patamar, mas alerta que o tempo é curto. Entende que tudo dependerá do comportamento pós-eleição. No Rio Grande do Sul, acredita que não haverá problemas porque o governador eleito Tarso Genro (PT) já descartou a presença do partido no seu governo.
Também lembrou que o fato de ter participado da administração estadual do PSDB tirou do PMDB a condição de propor um discurso mais afirmativo e alternativo. "A presença no atual governo não fez bem ao partido no período eleitoral. Sem cargos é difícil influenciar, com é pior ainda, porque se fica refém daquele que tem o poder", definiu.
Rigotto sustenta que o fato de o partido não ter candidato à presidência teve reflexos no Rio Grande do Sul, onde o PMDB ficou engessado. De um lado havia o PDT como agremiação coligada, mas apoiando Dilma Rousseff (PT). De outro a maioria da base peemedebista apoiando o candidato tucano José Serra.
"Qualquer que fosse o caminho que seguisse, contrariaria interesses. A opção foi que os candidatos à majoritária não assumiriam posição no âmbito presidencial. Não culpo o partido, mas a posição nacional que rifou a possibilidade de candidato próprio e colocou o Rio Grande do Sul numa situação muito complicada. Em compensação os nossos adversários tinham candidatos à presidência. Isto teve muita influência."

Ex-governador se diz surpreso com derrota e questiona as pesquisas

Germano Rigotto afirmou ontem que em momento algum trabalhou com a possibilidade de não se eleger. Pelas manifestações que recebeu, acreditava, até domingo à noite, que seria eleito. Reconheceu, no entanto, que enfrentou dois adversários fortes. "Ana Amélia (PP) representou a novidade e foi comunicadora durante anos. Paulo Paim, além dos méritos do seu trabalho, teve a seu favor a estrutura nacional do PT, com participação direta do presidente Lula e da candidata Dilma." Rigotto lembrou que mesmo assim fez 2,4 milhões de votos, pouco abaixo dos 3,1 milhões das eleições de 2002 quando se elegeu governador em segundo turno.
O peemedebista se disse triste com a derrota, principalmente por entender que poderia levar uma proposta diferente para mudar o Senado, desgastado e desacreditado. "Contribuiria muito para as mudanças necessárias no âmbito político e econômico. Também ajudaria na recuperação da imagem da instituição e nas mudanças necessárias no PMDB." O ex-governador entende que a próxima legislatura tem como um de seus maiores desafios o resgate da imagem do Senado. "Ou o Senado muda ou teremos dias complicados com o descrédito total da instituição."
Rigotto defendeu mudanças na legislação eleitoral, com a permissão de divulgação de pesquisas eleitorais somente até 15 dias antes das eleições. Ele sustenta que as pesquisas induzem votos, influenciam indecisos e desmobilizam a militância. Mais sério ainda, segundo ele, é que institutos de pesquisa trabalhem para coligações e também para veículos de comunicação. "Como garantir a imparcialidade dos resultados nestes casos", questionou.
Lembrou que em 2002 derrotou as pesquisas que não projetavam a sua eleição e disse que em 2006 houve manipulação da pesquisa publicada na sexta-feira anterior às eleições, que indicava empate entre Olívio Dutra (PT) e Yeda Crusius (PSDB) e colocava sua candidatura em primeiro lugar. "Isso fortaleceu a tese da transferência de votos para a candidata tucana, para tirar Olívio do segundo turno."

Pedro Simon fica na presidência até a convenção, afirma Biolchi

Gisele Ortolan
Um dia depois de anunciar que deixaria "imediatamente" a presidência do PMDB estadual, o senador Pedro Simon voltou atrás e garantiu que fica até a convenção da sigla, no dia 15 de novembro. A informação é do vice-presidente estadual, Márcio Biolchi, que fez um apelo ao senador durante reunião na tarde de ontem. "Não há sentido em Simon deixar o cargo a 40 dias de elegermos a próxima executiva", disse o deputado reeleito. Ficou acertado que Simon e Biolchi atuarão juntos na estruturação do processo.
Simon anunciou que deixaria o posto após o resultado da eleição de domingo. Além de perder a disputa para o governo do Estado e para o Senado, o partido diminuiu duas cadeiras na Assembleia Legislativa e uma na Câmara dos Deputados, com o agravante de não conseguir eleger parlamentares de peso.
Sacudido pelo resultado, o grande desafio para o PMDB no próximo período será manter a unidade interna, evitando um racha na convenção em razão do embate entre a ala ligada a Simon e a que se identifica com Eliseu Padilha. Hoje a bancada do partido na Assembleia Legislativa deve começar a discutir o resultado do pleito. Na próxima semana, uma reunião da executiva amplia a análise.
Para Biolchi o momento exige cautela. Ele entende que a sigla deve realinhar estratégias e objetivos. "A não eleição de algumas pessoas e o resultado indesejado para o governo e Senado faz com que existam diversas reações. A origem é a falta de um alinhamento interno, que não é só do Estado, mas do PMDB nacional. Este momento deve servir para uma construção, não apenas para um diagnóstico do que aconteceu", assinalou.
O deputado reeleito entende que o PMDB precisa aproveitar o período e a proximidade da convenção para recompor o diálogo e a unidade interna. "O caminho natural das coisas vai nos levar a uma reciclagem e à renovação dos espaços de poder". O político não quis debater quais teriam sido os outros motivos para a derrota da sigla nas urnas.
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