O candidato do PSDB à presidência, José Serra, disse ontem esperar uma "aproximação" com o PV no segundo turno. Questionado se iria procurar a presidenciável derrotada Marina Silva, Serra disse que "a questão é via partido".
"Eu tenho muita proximidade com o PV. Elementos de aproximação existem e eu espero sinceramente que ela aconteça", afirmou o tucano, que não quis comentar a hipótese de Marina ficar neutra no segundo turno.
Serra disse que sempre teve o apoio dos verdes quando comandou a prefeitura de São Paulo e o governo paulista e que tem "relação de amizade" com integrantes do PV. Afirmou ainda que fez um programa ambiental em parceria com o partido em São Paulo. O tucano disse que a área ambiental é uma prioridade sua e defendeu o sistema de poupança de carbono.
O presidenciável esteve em Belo Horizonte, onde participou do velório de Aécio Cunha, pai do ex-governador mineiro Aécio Neves. Serra chamou o pai de Aécio de "moderado" e "patriota" e disse que "é em uma hora dessas que os amigos devem estar juntos".
O candidato do PSDB disse que não participa das especulações sobre a suposta troca de seu vice, Indio da Costa (DEM).
"Eu tenho entendido que não há possibilidade legal", afirmou o tucano, sem dizer se gostaria ou não de fazer a troca.
Ao ser questionado sobre a hipótese de Aécio ser um novo vice com mais peso, Serra afirmou: "Eu não creio, não ouvi essa especulação. E é melhor também não avançar muito em muitas especulações dessa natureza".
Serra disse que Aécio deve agora "guardar o momento de dor" pela morte do pai, mas que espera que o mineiro seja uma "pessoa-chave" no segundo turno.
"Não creio que seja o caso já de o Aécio se envolver em um trabalho direto, mas acredito que ele vai ser uma das pessoas-chave. Junto com o (governador reeleito Antonio) Anastasia aqui em Minas e no campo nacional", afirmou o tucano.
O governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que também foi ao velório, defendeu a aproximação de Serra com o PV.
Governistas reconhecem erros na campanha de Dilma Rousseff
Ao chegarem para o ato pró-Dilma Rousseff ontem, em Brasília, governadores da base aliada tentaram minimizar a ida da eleição para o segundo turno, mas reconheceram erros na condução da campanha petista. Na avaliação dos governadores, a campanha deveria ter respondido aos ataques lançados pelo tucano José Serra e ter sido mais ágil para responder às provocações que circularam nos segmentos religiosos.
Segundo o senador e governador eleito do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), houve um "mal-estar" com os cristãos. Para o governador reeleito de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), a campanha dilmista deveria desfazer a onda de contra-informação, rebatendo acusações do adversário tucano.
Segundo o governador reeleito do Ceará, Cid Gomes (PSB), o segundo turno foi um "voto utópico" na candidata Marina Silva (PV). "Foi um voto de utopia. Muita gente acreditou que a Dilma ia ganhar no primeiro turno e fez um voto de utopia. Acho que as pessoas vão cair na real e votar na Dilma, que é quem pode trazer melhorias para o Brasil", disse.
Sem apontar falhas, a senadora eleita por São Paulo, Marta Suplicy, também reforçou o discurso de que a campanha errou. "Estamos indo para o segundo turno por uma série de problemas na nossa própria campanha", afirmou.
O encontro na capital federal foi organizado ontem. O presidente Luiz Inácio Lula e Dilma acordaram disparando telefonemas e fazendo uma convocação imediata de governadores eleitos e senadores para a reunião. O objetivo é formar uma frente de atuação nos estados para o segundo turno.
Antes de viajar, o governador eleitor do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), disse que está convicto de que Marina Silva (PV) vai apoiar Dilma. "Ela tem mais afinidade com o projeto que o presidente Lula e Dilma representam", justificou. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, apontou que o PT vai insistir na estratégia de comparar o governo do presidente Lula com o de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "O segundo turno possibilita uma eleição polarizada".
Padilha foi um dos ministros que se reuniu na manhã de ontem com o presidente Lula para discutir o resultado das eleições e começar a traçar a estratégia do PT para o segundo turno.