Em vídeo, ETA anuncia o cessar-fogo na Espanha

O grupo separatista basco ETA afirmou que não vai mais promover atentados em sua campanha por independência na Espanha. Em um vídeo obtido pela BBC e divulgado neste domingo, integrantes do movimento afirmam que a decisão foi tomada há meses para "colocar em andamento um processo democrático".

O governo espanhol se recusava a negociar com o ETA enquanto o grupo mantinha a luta armada. Após a veiculação do vídeo, a cúpula do Ministério do Interior da Espanha disse estar analisando o comunicado. Em 30 de julho, o presidente José Luis Rodríguez Zapatero chegou a dizer que o grupo "só tem um destino: abandonar as armas sem esperar nada em troca".

Para o governo regional basco, o anúncio de cessar-fogo pelo ETA é "absolutamente insuficiente" porque o grupo não renunciou à violência ou anunciou sua dissolução. O ministro do Interior basco, Rodolfo Ares, disse que a promessa do grupo separatista "não leva em conta o que a vasta maioria da sociedade basca demanda, que é abandonar definitivamente as atividades terroristas".

A campanha violenta do ETA pela independência do País Basco levou a mais de 820 mortes nos últimos 40 anos. Nas últimas décadas, o grupo já havia anunciado cessar-fogo em duas ocasiões, mas em ambas acabou abandonando a iniciativa.

No vídeo obtido pela BBC, três integrantes do ETA aparecem com máscaras ao lado de bandeiras do movimento separatista. Um deles lê um pronunciamento do ETA em defesa da luta armada pela independência do País Basco, mas no final afirma que o grupo agora quer atingir seu objetivo de forma pacífica e democrática.

"O ETA confirma o seu comprometimento com a busca de uma solução democrática para o conflito. Nós pedimos aos cidadãos bascos que continuem seu esforço, cada um na sua área, com qualquer que seja o grau de comprometimento, para que nós possamos derrubar o muro da negação e possamos dar passos irreversíveis para frente, a caminho da liberdade."

Nos últimos anos, o ETA enfraqueceu-se na Espanha, depois que alguns dos seus líderes foram presos. Partidos políticos na região, que também defendem a independência do País Basco, vinham pedindo que o grupo renunciasse à violência. Em 2006, negociações pela paz foram interrompidas depois que uma bomba do ETA matou duas pessoas em um aeroporto em Madri.