Do barro para o asfalto

Antes utilizados para percorrer caminhos de difícil acesso, os utilitários saíram do campo e cada vez mais ganham as ruas das cidades, fazendo o caminho inverso de seu uso off-road. Na Expointer, as concessionárias comprovaram a versatilidade do uso dos veículos, que hoje vão das estradas para as ruas sem que para isso o dono precise trocar de carro na garagem. Facilidades como tamanho, conforto e robustez fazem dos utilitários o sonho de consumo de quem trafega entre os dois espaços. O mercado cresceu tanto que durante a feira todas as montadoras trouxeram lançamentos. O modelo Rodeio, da GM, por exemplo, foi escolhido como veículo oficial da feira.

Para estimular as vendas, a Sinoscar, revendedora da marca, fez uma promoção onde o cliente ganhava 17% de desconto. A meta, de acordo com o gerente Ricardo Silva, era vender 120 unidades. "Mas continuaremos prospectando e acredito que alcançaremos esse número nos 60 dias pós-feira", avalia o gerente, que confirma a prorrogação dos descontos. Entre os produtores rurais, a preferência são as caminhonetes S10, um clássico da marca, e a Rodeio teve sua primeira unidade comercializada ainda durante a feira. "Um fazendeiro de Porto Alegre trocou seu antigo modelo 1994 pelo novo." O cliente veio disposto a comprar um modelo Prisma, mas acabou optando pela Rodeio. "Ele fez contas como custo de IPVA e seguro e concluiu que era vantagem ter um veículo mais versátil, que pudesse ser usado no campo e na cidade", relata o gerente.

Na revendedora da Hyundai não foi diferente. Fabricante do modelo Tucson, a marca focou seu marketing no utilitário, reforçando sua versatilidade. "Foi o modelo que levantou a marca e colocou na moda o uso doméstico do utilitário", acredita Eduardo Bomfá, gerente de vendas.

A montadora também trabalhou com tabela especial de preço durante a Expointer, oferecendo descontos entre R$ 2 mil e R$ 5 mil, dependendo do modelo, apenas para quem comprasse durante a feira. O estande da Hyundai comercializou cerca de cinco unidades por dia, entre os veículos utilitários e os de passeio. Avaliada em cerca de R$ 70 mil, a Tucson tirou as caminhonetes do patamar de custo de três dígitos e popularizou os utilitários. "Antes eram inatingíveis para a maioria das pessoas. Hoje, unem luxo, preço e comodidade", avalia o gerente.

Com a meta de prospectar a venda de 400 veículos, a Toyota apostou nos modelos Hylux e no novo Corolla Altis para impulsionar as vendas - na sexta-feira já contabilizava aumento de 13% em relação à edição do ano passado, quando foram negociadas 354 unidades. O diferencial da marca foi a colocação de uma pista off-road com 3 mil metros quadrados, onde os visitantes podiam testar o desempenho dos veículos. Nela, a simulação de todas as situações que o motorista pode enfrentar em estradas sem recursos, como é o caso das vicinais que levam às propriedades. Situações como estradas sinuosas e íngrimes, além de buracos e ribanceiras, podiam ser enfrentadas no teste e o desempenho era medido na hora.

"Trabalhamos com a prospecção de mais duas semanas pós-feira, quando realmente atingiremos as metas estabelecidas", explica Antônio Menna Barreto, da regional de vendas da marca, que até a sexta-feira tinha negociado 70 picapes.

Também oferecendo descontos diferenciados durante a feira, a Florauto, revendedora Ford, vendeu mais de 100 unidades de seus utilitários na feira. A gerente-geral de vendas do Vale, Cristiane Manfron, teve que articular todos os fornecedores para encontrar veículos que pudessem atender a demanda, já que muitos compradores exigiam pronta-entrega. Os modelos mais procurados foram a Ranger F250 e o Courier. Das nove feiras agrícolas em que a marca participou neste ano, em cinco delas foram montadas pistas de test-drive. "Fez toda a diferença, pois o cliente testa a máquina, confere a sua performance e se anima a comprar", conta.