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Com a palavra: Sergio Bandeira de Mello

- Publicada em 06 de Setembro de 2010 às 00:00

O gás extrapola a cozinha


SINDIGAS/DIVULGAÇÃO/JC
Jornal do Comércio
As empresas do segmento de gás LP (liquefeito de petróleo) trabalham em estratégias para que cada vez mais o produto amplie sua utilização e não fique apenas na sua tradicional aplicação: o cozimento de alimentos. Atualmente, são vendidos no Brasil em torno de 33 milhões de botijões ao mês. No ano passado, foram comercializadas cerca de 6,7 milhões de toneladas do produto. O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), Sergio Bandeira de Mello, afirma que as vendas continuarão a crescer naturalmente. Porém, o dirigente destaca que, com ações de governo e das companhias, expandindo as possibilidades de uso do gás LP, como, por exemplo, combustível para máquinas agrícolas, o desempenho do setor pode ser acelerado.
As empresas do segmento de gás LP (liquefeito de petróleo) trabalham em estratégias para que cada vez mais o produto amplie sua utilização e não fique apenas na sua tradicional aplicação: o cozimento de alimentos. Atualmente, são vendidos no Brasil em torno de 33 milhões de botijões ao mês. No ano passado, foram comercializadas cerca de 6,7 milhões de toneladas do produto. O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), Sergio Bandeira de Mello, afirma que as vendas continuarão a crescer naturalmente. Porém, o dirigente destaca que, com ações de governo e das companhias, expandindo as possibilidades de uso do gás LP, como, por exemplo, combustível para máquinas agrícolas, o desempenho do setor pode ser acelerado.
JC Empresas & Negócios - Qual a perspectiva de crescimento para as vendas do gás LP?
Sergio Bandeira de Mello - O crescimento vegetativo, que os engenheiros diriam nas condições normais de temperatura e pressão, se nada mudar, será de 1,8% ao ano em volume de vendas. A razão principal de evoluirmos um pouco abaixo do PIB é porque as nossas vendas que acompanham o crescimento industrial são uma fatia menor do nosso resultado total. Algo em torno de 20% a 25% do desempenho está ligado ao PIB e aos segmentos industriais e comerciais, o que inclui panificadoras, cerâmicas, siderúrgicas, entre outros. Mas a maior parte da nossa comercialização é para a área residencial e esse consumo cresce mais em função do aumento da população do que da economia.
Empresas & Negócios - Existe a possibilidade de esse crescimento ser acelerado?
Mello - Não estamos conformados com esse crescimento vegetativo. Estamos vendo alguns cenários que indicam que o desempenho pode ser melhor. Número um: o preço do gás liquefeito de petróleo, comparado com o preço do gás natural, para a faixa de consumo residencial, nos colocou em uma posição extremamente competitiva. Por exemplo, em mercados como os de São Paulo e Rio de Janeiro, para o consumidor residencial, o gás liquefeito de petróleo custa cerca de 50% menos do que o gás natural. A segunda questão é que o custo médio para a instalação dos aquecedores de água a gás despencou nos últimos anos. O que era inviável e tornava o chuveiro elétrico algo impossível de alcançar e competir, não pelo custo da energia, mas pelo custo da instalação, agora já mudou. Com esse preço baixo dos equipamentos, o retorno de investir no aquecimento de água a gás está ocorrendo mais rapidamente. Esse é um segmento importante para nós.
Empresas & Negócios - O senhor acredita que possa ser facilitado o acesso das classes mais pobres ao Gás LP?
Mello - O processo eleitoral interrompeu projetos do governo que observarmos com muita atenção. O governo estava interessado em resgatar um projeto de ampliação de uso do gás liquefeito de petróleo nas camadas sociais menos favorecidas. Com todos os avanços sociais que tivemos no Brasil, 35% da matriz energética residencial ainda é ocupada por lenha. E essa lenha não é a romantizada, de um sítio, em que um final de semana você faz uma pizza. Na verdade são gravetos úmidos, sobras de feiras, que são catados, depois queimados e podem causar problemas para a saúde das pessoas. O governo estava desenhando um projeto que, através de um cartão eletrônico, as famílias menos favorecidas receberiam uma carga mensal em reais e esse cartão só poderia ser descarregado em uma revenda de gás autorizada. Assim, também seria combatida a revenda informal e, ao mesmo tempo, diminuiria o uso da lenha. Se pegarmos o horizonte de 2020, com essa iniciativa, estamos falando em um aumento de 7% a 8%, algo em torno de 400 mil toneladas ao ano.
Empresas & Negócios - O governo deverá retomar essa ideia após a eleição, independentemente de quem for eleito presidente?
Mello - Eu tenho certeza de que irá retomar. O projeto-piloto estava para sair, mas iria ser considerado algo eleitoreiro. O subsídio será dado para quem necessita. A indústria também precisa fazer um trabalho com as construtoras e empresas de materiais de construção mostrando que não podemos mais ser um país de chuveiros elétricos. O chuveiro elétrico é uma péssima solução para o usuário em termos de consumo de energia. Atualmente, 73% do volume de água aquecido no Brasil é através de chuveiro elétrico, algo totalmente bizarro. A razão disso é que o chuveiro custa pouco, mas, na verdade, as pessoas não fazem a conta do custo da eletricidade. Dados de consumo no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte indicam que, em uma casa com quatro pessoas, se você mudar o chuveiro elétrico para gás, você paga a diferença da instalação em seis meses.
Empresas & Negócios - Em que novos segmentos o uso do Gás LP pode ser difundido?
Mello - O gás liquefeito de petróleo é um produto sem prazo de validade, que pode ser armazenado em qualquer canto. Então, veículos utilizados no agronegócio podem aproveitar esse combustível, como sistemas de irrigação, entre outros. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) já deu sinais  de que, passando o período das eleições, essa esquizofrenia nas restrições para o uso de Gás LP em motores a explosão mudará. Essas oportunidades irão acontecer, mas precisam ser desenvolvidas. O grande desafio é alterar a percepção em relação ao nosso produto. Na verdade, ele é um velho conhecido, contudo, uma moderna solução, e tem que ser usado em todo o seu potencial.
Empresas & Negócios - Qual o impacto da informalidade para as empresas do setor?
Mello - A informalidade contaminou o nosso setor de uma forma assombrosa e está impendido que os revendedores sejam estimulados a investir. Estamos trabalhando com a ANP na criação de comitês que realizarão bancos de dados com as denúncias das irregularidades. Também vamos motivar as autoridades locais como prefeituras, Procons e bombeiros para coibir a informalidade. Acredito que vamos conseguir reduzir a informalidade. Hoje, temos cerca de 37 mil revendedores formais e aproximadamente 80 mil informais.
Empresas & Negócios - Atualmente, cinco empresas detêm mais de 90% do mercado de distribuição de Gás LP no Brasil. O senhor vê o setor como consolidado ou poderá ocorrer mudanças no futuro?
Mello - Acho que sempre existe espaço para o aumento da concentração no mundo atual. Seria arrogante se eu dissesse que não existe espaço para um aumento de concentração. O modelo brasileiro está muito próximo aos internacionais, mas não me surpreenderia que nos próximos cinco anos houvesse mais alguma aquisição, consolidação ou troca de ativos entre os agentes.
Empresas & Negócios - Quando o Brasil deverá alcançar a autossuficiência no mercado de gás LP?
Mello - A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, apresenta dados que mostram que a partir de 2012 o Brasil deve atingir a autossuficência de gás liquefeito de petróleo. No momento, é apenas 10% o índice de importação. Estamos em uma situação em que precisamos criar uma demanda interna, para a produção interna. Não podemos desperdiçar um combustível nobre como o gás liquefeito de petróleo.
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