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Com a palavra

- Publicada em 26 de Julho de 2010 às 00:00

BTG Pactual investe para captar empresas gaúchas


ANA PAULA APRATO/JC
Jornal do Comércio
O economista Ricardo Hingel projetou seu nome como um dos arquitetos do lançamento de ações do Banrisul, em 2007. Em abril deste ano, Hingel deixou o banco, com a saída de Fernando Lemos e a entrada de Mateus Bandeira na presidência da instituição. O economista decidiu levar seu conhecimento de economia gaúcha e das grandes empresas locais para o maior banco de investimento independente em mercados emergentes, o BTG Pactual. Na direção regional da empresa - Rio Grande do Sul e Santa Catarina -, Hingel não para no escritório em Porto Alegre. Em dois meses, fez mais de 50 reuniões pessoalmente com dirigentes de empresas que faturam acima de R$ 200 milhões ao ano. Sua meta é consolidar o modelo de banco que atua n’o crédito para capital de giro a gestão de fortunas.
O economista Ricardo Hingel projetou seu nome como um dos arquitetos do lançamento de ações do Banrisul, em 2007. Em abril deste ano, Hingel deixou o banco, com a saída de Fernando Lemos e a entrada de Mateus Bandeira na presidência da instituição. O economista decidiu levar seu conhecimento de economia gaúcha e das grandes empresas locais para o maior banco de investimento independente em mercados emergentes, o BTG Pactual. Na direção regional da empresa - Rio Grande do Sul e Santa Catarina -, Hingel não para no escritório em Porto Alegre. Em dois meses, fez mais de 50 reuniões pessoalmente com dirigentes de empresas que faturam acima de R$ 200 milhões ao ano. Sua meta é consolidar o modelo de banco que atua n’o crédito para capital de giro a gestão de fortunas.
JC Empresas & Negócios - Como o BTG se consagrou como primeiro entre os bancos de investimento nos mercados emergentes?
Ricardo Hingel - Toda empresa se especializa em determinadas coisas. Nosso business é o mercado de capitais. Sempre fomos protagonistas de processos de fusão e aquisição e ofertas públicas de ações. No IPO, nosso trunfo é atuar nas duas frentes: montamos a operação e fazemos a distribuição (venda). Isso agrega valor. Se não acessamos corretamente o mercado comprador, a ação perde valor. Com isso, nosso cliente perde dinheiro.
Empresas & Negócios - O que o banco rastreia como potencial de investimentos para o Brasil?
Hingel - A economia brasileira crescerá 7% neste ano, pois a base de 2009 é deprimida. Será de 4% a 5% nos próximos anos. Isso só se sustenta com boa base financeira. Empresas têm de cuidar da liquidez, buscam recursos fora para investimentos. Só existe expansão de negócios, compras ou expansões com uma boa base financeira por trás. Para crescer neste nível, o setor financeiro dará suporte. Temos uma carteira de R$ 70 bilhões em investimentos, a maior em banco independente em mercados emergentes. Atuamos com empresas que faturam por ano a partir de R$ 200 milhões.
Empresas & Negócios - E o fluxo de investimentos externos para cá?
Hingel - A Europa está em situação difícil. O crescimento nos próximos anos será muito baixo. Os Estados Unidos se recuperam, mas em nível que não deve ser maior de 3% e pouco menos em 2011. Mas a dúvida é: o crescimento continua ou se pode ter solavanco para baixo? A China mantém expansão, mas depende muito do consumo dos países desenvolvidos. O Brasil é menos dependente do mercado externo do que os chineses e alemães. Foi o diferencial na explosão da crise e na sua superação. O mercado interno puxa a economia, com maior renda e emprego. Com isso, crescem as perspectivas de maior faturamento das empresas, o que reduz risco e fatos inesperados. Um ambiente atrativo a investidores externos. O único problema pode ser a balança de pagamentos.
Empresas & Negócios - E as mudanças no câmbio?
Hingel - A perspectiva de balanço de pagamentos negativa em 2011 pode elevar um pouco o dólar, próximo a R$ 1,90. Acredito que se encerrou o ciclo de apreciação, não vamos baixar a mais de R$ 1,60. A cotação deve se consolidar em R$ 1,80 e R$ 1,90.
Empresas & Negócios - As empresas estão atentas a este comportamento? E como são influenciadas?
Hingel - Tenho conversado muito com as grandes empresas do Estado desde que assumi a direção regional, e a nota média é de otimismo com o que acontece e com o que vai acontecer. Mas o foco é mercado interno, em todos os setores. Pedidos em carteira e faturamento crescem e investem. A capacidade instalada está ocupada e agora entramos em um ciclo de investimento em capital fixo. Na área externa, o setor manufaturado sofre mais, como nos calçados, que não consegue ter preços para disputar com o produto chinês. O ramo metalmecânico também passa por essa dificuldade. O Brasil, devido ao câmbio baixo, que favorece concorrentes fortes, como China (a grande vilã), vive hoje processo de desindustrialização em alguns setores. Efeito também da carga tributária. Os dois juntos são coquetel explosivo.
Empresas & Negócios - Como estancar este processo?
Hingel - No câmbio, projeta-se com estabilização e leve depreciação em 2010 e 2011. Não vejo solução na área tributária. Mesmo a proposta de desoneração dos investimentos não é suficiente, é apenas um pedaço. Competitividade depende de preço final, que depende de custo. As cadeias produtivas do País são oneradas por impostos, que não se pode repassar. Vira preço. Não adianta dizer que na ponta está isento. Isso tira eficiência inclusive internamente.
Empresas & Negócios - Como esta desindustrialização ocorre no Estado?
Hingel - No setor de calçados, a disputa é maior no item de maior valor agregado. No mais barato, é difícil. O segmento de autopeças tem boa parte de itens importados. É mais fácil trazer peça de fora do que montar aqui.
Empresas & Negócios - Como está a busca de empresas locais por investimentos?
Hingel - As companhias buscam o BTG para expansão, aproveitando o ambiente econômico. Várias delas tentam alongar o perfil de dívidas, substituem operações de curto prazo para  um prazo maior. Buscam mais capital de giro com mais prazo de pagamento. Há investidores capitalistas dispostos a aportar capital em empresas com boa gestão, que ganham chance de crescer mais rápido. Em vez de aumentar o endividamento, o melhor negócio pode ser buscar sócio capitalista.
Empresas & Negócios - Como está o interesse de investidores em empresas locais?
Hingel - O investidor capitalista busca uma empresa muito boa, disposta a recebê-lo. Existem fundos que estão constantemente buscando este tipo de negócio. O setor industrial é muito demandado, tanto aqui quanto em Santa Catarina. Há empresas familiares que tomaram porte muito grande e ficam no farol de investidores nacionais e internacionais.
Empresas & Negócios - Para os empresários, é uma boa atitude se abrir a este tipo de investidor?
Hingel - Boa parte de empresas que atingem dado nível sonha com IPO (lançar ações na bolsa). Mas esta operação não é para qualquer porte. A participação de investidor estratégico nas empresas (o private equity) pode ser o primeiro degrau para o IPO. A tendência é de qualificar a empresa, mesmo sendo minoritário. Depois, imprime o processo de governança. No momento seguinte, poderá ter escala para abrir capital.
Empresas & Negócios - O quanto a presença acionista familiar ajuda ou atrapalha na atração de investidores?
Hingel - As companhias que evoluíram já cumpriam parte desses movimentos, como Gerdau e Randon. Se não tivessem feito forte processo de governança, não teriam atual porte. A palavra-chave para acessar o mercado de capitais é transparência, um conceito que agrega valor.
Empresas & Negócios - Qual a estratégia no Estado?
Hingel - A ideia do escritório é de proximidade. O cara a cara pesa muito. Pesa também um profundo conhecimento da economia gaúcha. Todos que fizeram negócio comigo ganharam dinheiro. Operação bancária é relação de confiança. Os clientes têm de ter convicção de que vão fazer um bom negócio.
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